"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

sábado, 7 de abril de 2018

Hiperbolsa para nanocaracterização



Investigadora do Departamento de Ciência dos Materiais da Universidade Nova de Lisboa, a cientista obteve uma bolsa avançada do Conselho Europeu de Investigação (ERC) no valor de 3,5 milhões de euros, a maior de sempre atribuída a Portugal e a maior das bolsas avançadas atribuídas aos investigadores de todos os países europeus e fora da Europa em 2018.

A cientista afirma que se trata de "um sonho tornado realidade", depois de ter submetido, no ano passado, o projeto agora contemplado com uma bolsa milionária.

O projeto "DIGISMART - Multifunctional Digital Materials Platform for Smart Integrated Applications", propõe-se revolucionar a forma como se fabricam os circuitos integrados e componentes de eletrónica, sem recurso ao silício, e explorando materiais "amigos do ambiente com propriedades excecionais à nanoescala".

Um dos principais aspectos subjacentes a todo o projecto é a utilização de materiais sustentáveis e "tecnologias amigas do ambiente". A ideia, explica a Elvira Fortunato, não é fazer a integração de vários componentes de electrónica para uma determinada função, mas sim ter um só dispositivo capaz de desempenhar várias funções.

Trata-se da segunda Bolsa Avançada (Advanced Grant) atribuída à cientista portuguesa pelo ERC. A primeira bolsa foi ganha precisamente na primeira edição, em 2008, e teve o valor de 2,5 milhões de euros, com um projeto que permitiu comprar um microscópio eletrónico e instalar um laboratório de nanofabricação, que é hoje uma referência internacional.

A nanofabricação é a produção à escala do nanómetro, um milímetro a dividir por um milhão. O microscópio eletrónico custou um milhão de euros, aumenta os objectos até um milhão de vezes e é único no mundo porque foi fabricado à medida pela Zeiss para aquele laboratório da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNL.

"Com esta segunda bolsa irá ser instalado um laboratório de nanocaracterização avançada, que esperamos vir também a ser uma referência internacional", afirma Elvira Fortunato.

Foto do jornal Público e  texto retirado do jornal Expresso on-line, 4 de Abril
(a ortografia foi "desactualizada"!)

O trabalho que se faz de Ciência em Portugal, tantas vezes esquecido - desprezado - na espuma dos dias.


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