"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

domingo, 5 de junho de 2016

Os irmãos Montgolfier, Bartolomeu de Gusmão, José Saramago, Domenico Scarlatti e Marta Argerich

A 5 de Junho de 1783, os irmãos Montgolfier fizeram um balão de ar quente subir cerca de 300 metros e percorrer uma distância aproximada de 3 quilómetros.
Poucos meses depois (Setembro ou Outubro) haveria um voo tripulado.

Em Portugal, o padre Bartolomeu de Gusmão, já no início do mesmo século, havia dedicado parte do seu tempo à arte de criar aeróstatos.
Depois de pedir ao rei D. João V uma "petição de privilégio" para o seu "instrumento para andar pelo ar", a qual foi concedida, financiando o rei o projecto de desenvolvimento e a construção do aparelho, o padre voador, em Agosto de 1709, apresentou o seu balão em vários voos experimentais, um dos quais (o último?) teria sido na Casa da Índia, perante elementos da Corte (incluindo rei e rainha) e do Corpo Diplomático.

Que voo "livre" terá feito, a mítica Passarola sobre o Terreiro do Paço?
Fantástico ou fantasioso?

«Ao fim de uma hora levantou-se Scarlatti do cravo, cobriu-o com um pano de vela, e depois disse para Baltasar e Blimunda, que tinham interrompido o trabalho, Se a passarola do padre Bartolomeu de Gusmão chegar a voar um dia, gostaria de ir nela e tocar no céu, e Blimunda respondeu, Voando a máquina, todo o céu será música (...)»
José Saramago, Memorial do Convento


(chamo, outra vez, Marta Argerich ao palco)

A perseguição que a Inquisição moveu a Bartolomeu de Gusmão, que viria a morrer em Toledo, terá contribuído para o esquecimento e desvalorização da sua criação aeronáutica.

Tinha mais piada um aeroporto em Lisboa com o nome de Bartolomeu de Gusmão.


Sem comentários:

Enviar um comentário