"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Não é inteligente

Encontrei esta história, supostamente medieval.

«Certo dia, dirigindo-se os dois, a pé, à feira da vila mais próxima e durante o caminho, ao avistar um monte de esterco, o senhor diz ao seu servo:
- Dou-te uma moeda se comeres aquela bosta.
O servo pensa, o máximo que a fama da sua pouca inteligência conseguia, e imagina tudo que poderia fazer com uma moeda. Sem muito se interrogar sobre o porquê daquela proposta, habituado a sacrifícios, aceita e engole, conforme pode, a bosta. O senhor dá-lhe a moeda e os dois continuam o seu caminho.
Contudo, o senhor reflecte e diz a si próprio que se limitou a perder uma moeda e não lhe pareceu que comer a bosta tenha feito mal ao seu servo. Ao avistar um segundo monte de esterco, o senhor pára e diz ao servo:
- Se eu comer aquela bosta, devolves-me a moeda?
- Está bem, combinado – diz o servo, sem pensar muito no assunto.
O senhor deita mãos à obra e, com grande sacrifício, resmungando, engasgando-se, engole a bosta até ao fim.
Continuaram os dois a andar. Passado uns minutos, o servo pergunta ao senhor:
- Já que vós, senhor, sois tão inteligente, não me podeis dizer a razão pela qual comemos aquela merda toda?»

Lembrei-me das negociações entre a Grécia e as instituições europeias.



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