"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Deu-lhe o trângulo mângulo... (o habitual)



Tinha vinte e quatro freiras 
Mandei-as fazer um doce
deu-lhes o trangulotrico trângulo mângulo nelas
não ficaram senão doze 

Dessas doze que ficaram
mandei-as vestir de bronze
deu-lhes o trangulotrico 
trângulo mângulo nelas
não ficaram senão onze

dessas onze que ficaram
mandei-as lavar os pés
deu-lhes o trangulotrico 
trângulo mângulo nelas
não ficaram senão dez

dessas dez que me ficaram
mandei-as pró dezanove
deu-lhes o tragulotrico 
trângulo mângulo nelas
não ficaram senão nove

dessas nove que ficaram
mandei-as comer biscoito
deu-lhes o trangulotrico 
trângulo mângulo nelas
não ficaram senão oito

dessas oito que ficaram
mandei-as pró dezassete
deu-lhes o trangulotrico 
trângulo mângulo nelas
não ficaram senão sete

dessas sete que me ficaram
mandei-as contar os reis
deu-lhes o trangulotrico 
trângulo mângulo nelas
não ficaram senão seis

dessas seis que me ficaram
mandei-as pró João Pinto
deu-lhes o trangulotrico 
trângulo mângulo nelas
não ficaram senão cinco

dessas cinco que ficaram
mandei-as cortar tabaco
deu-lhes o trangulotrico 
trângulo mângulo nelas
não ficaram senão quatro

dessas quatro que ficaram
mandei-as lá outra vez
deu-lhes o trangulotrico 
trângulo mângulo nelas
não ficaram senão três

dessas três que me ficaram
mandei-as calçar as luvas
deu-lhes o trangulotrico 
trângulo mângulo nelas
não ficaram senão duas

dessas duas que ficaram
mandei-as comer pirua
deu-lhes o trangulotrico 
trângulo mângulo nelas
não ficaram senão uma

Tinha vinte e quatro freiras
fi-las andar na poeira
elas morreram-me todas
com uma grande borracheira

(Popular)



Quando o voluntário sair de Belém, também não se dará pela falta.


Por isso é que a Troika gosta de nós



Afirma a auditoria do Tribunal de Contas que:

- O governo não tomou medidas legislativas para acautelar o interesse nacional e o interesse estratégico do Estado português no quadro das privatizações da EDP e da REN. A lei que devia proteger os activos estratégicos foi aprovada... três anos depois.

- O assessor financeiro contratado [a Perella, constituída por ex-quadros de topo da Morgan Stanley, do Goldman Sachs e do Merril Lynch] não fazia parte da lista das entidades pré-qualificadas.
[mas o ministério das Finanças, ainda de Vítor Gaspar, tratou do ajuste directo, sendo o rosto da Perella um ex-aluno e amigo de António Borges]

- A mesma entidade que trabalhou com o Estado na avaliação da EDP... trabalhou como assessora dos investidores privados que ganharam as privatizações.

- Se o preço obtido foi superior ao do mercado, o Estado perdeu dividendos futuros por venda de activos subavaliados.

- A "postura do Estado português revela-se menos adequada, quando comparada com a de alguns países europeus que protegem claramente os seus activos estratégicos".

Cumpriram-se as etapas do programa, a troika saiu satisfeita.

«Como se vê, Portugal não é bom aluno nenhum. É o péssimo aluno, o aluno cábula, o aluno marrão, mas burro; (...) o aluno sem alma, nem ambição, graxista e lambe-botas.»


Estratégias...

«Creio que hoje a preocupação dominante é saber como podemos sobreviver numa conjuntura tão difícil e aparentemente com tão poucas saídas, em vez de procurar a solução para a crise no recurso a um vago "destino português". Teoricamente, a conjuntura devia conduzir à intensificação de todos os tipos de solidariedade, um pouco como quem tenta dar as mãos para ajudar e ser ajudado pelos outros para sobreviver. Mas o uso e abuso das estratégias partidárias, leva a cozer remendos em fatos que não vestem ninguém, ou, até, a empreender lutas que provocam estragos dificilmente reparáveis. A tentativa de esconder ou de fingir resolver os problemas até ao dia das eleições orienta os recursos para objectivos enganadores e produz crispações irreparáveis.
José Mattoso, revista Ler, n.º 137, Março 2015




Chris Squire

Um do fundadores dos Yes e seu baixista.
Morreu este fim de semana.

Li a notícia quando ouvia os Yes.
Fica a sua música - algumas obras-primas do rock progressivo - e a imagem dos seus longos casacos ou capas.



domingo, 28 de junho de 2015

"Porque mente Passos?"

«Passos Coelho mente por razões singelas: compensa, habituou-se e o empenho que coloca na repetição de mentiras revela que se foi convencendo da veracidade do que diz.»
Pedro Adão e Silva, Expresso, 27 de Junho de 2015

Convence-se da veracidade por debilidade mental.
Habituou-se porque compensa.
Compensa porque há uma elevada percentagem de desmemoriados e de burros no universo eleitoral (sem ofensa para os animais do mesmo nome).


sábado, 27 de junho de 2015

Que mantenham a concentração...



Foi, sim senhor.
Grande jogo!
Limpinho, limpinho!...

Mantenham a concentração na final...
E a humildade (porque houve uns toques de calcanhar que...)


A Europa que nos envergonha - artigo de José Pacheco Pereira




«No dia da vitória do Syriza, o que mais me alegrou, sim alegrou, como penso aconteceu a muita gente, à esquerda e à direita, não foi que muitos gregos tenham votado num “partido radical” ou num programa radical, ou o destino do Syriza, mas sim o facto de que votaram pela dignidade do seu pais, num desafio a esta “Europa” que agora os quer punir pelo arrojo e insolência. Escrevi na altura e reafirmo que mais importante do que a motivação de acabar com a austeridade, foi o sentimento de que a Grécia não podia ser governada por uma espécie de tecnocratas a actuar como “cobradores de fraque” em nome da Alemanha. Por isso, mais grave do que o esmagamento do Syriza, que a actual “Europa” pode fazer como se vê, é o sinal muito preocupante para todos os que querem viver num país livre e independente em que o voto para o parlamento ainda significa alguma coisa. Nisso, os gregos deram uma enorme lição aos nossos colaboracionistas de serviço, que andam de bandeirinha na lapela.»
José Pacheco Pereira, A Europa que nos envergonha , no Público de hoje


A Grécia tem que ser vencida


Nunca a Grécia poderá conseguir um objectivo que seja daqueles que expressa.
O governo grego tem que ser humilhado, tem que se render às regras do capitalismo que governa a chamada união europeia.
Não pode haver alternativas. Nenhum outro partido ou movimento político deverá sonhar pôr em causa as bases do capitalismo que nos rege.
Sigamos o rebanho!...


O som do silêncio

Devagar, como se tivesse todo o tempo do dia,
descasco a laranja que o sol me pôs pela frente. É
o tempo do silêncio, digo, e ouço as palavras 
que saem de dentro dele, e me dizem que
o poema é feito de muitos silêncios,
colados como os gomos da laranja que
descasco. E quando levanto o fruto à altura
dos olhos, e o ponho contra o céu, ouço
os versos soltos de todos os silêncios 
entrarem no poema, como se os versos
fossem como os gomos que tirei de dentro
da laranja, deixando-a pronta para o poema 
que nasce quando o silêncio sai de dentro dela.
Nuno Júdice, Guia de Conceitos Básicos




segunda-feira, 15 de junho de 2015

I Jogos Europeus

Há vida para além do futebol...

Equipa de ténis de mesa - medalha de ouro
Fernando Pimenta (canoagem) - medalha de prata
João Silva (triatlo) - medalha de prata


(Ainda) A Marcha de Benfica


Os elementos da Marcha de Benfica de 1935

O ilustre (elevado, poderíamos dizer) júri que, em 1935, atribuiu o 1.º lugar à Marcha de Benfica
Marcha de Benfica de 2015

Para a convivência dos santos

O Pátio do Carrasco com publicidade ao portão...


«Aí temos o recanto exterior que abre para o Pátio do Carrasco (...).
(...)
Mas no Pátio do Carrasco - onde entra o sol e onde as mulheres cantam e ralham, quási a um tempo - vive a alegria, que não precisa de muito para nos causar inveja.
Também pelos santos de Junho o pátio se engrinalda, os petizes fazem "marchas" e as raparigas namoradeiras improvisam bailaricos.
E é assim - tudo uma família.»
Norberto de Araújo, Peregrinações em Lisboa, livro II


Pátio do Carrasco (Dezembro de 2011)


É o que tem de bom a agricultura...


Do livro Pelos Subúrbios e Vizinhanças de Lisboa, notícias de Carnide e arredores (tão pertinho de Benfica...), 1898.


domingo, 14 de junho de 2015

O assobio







Marcha de S. Domingos de Benfica

A marcha de Benfica ficou no 18.º lugar do concurso das marchas populares de Lisboa, dois lugares atrás da marcha de S. Domingos de Benfica, ressuscitada 24 anos depois de uma primeira experiência.

Em 1934, quando as marchas eram ainda uma criança e S. Domingos de Benfica ainda não existia como freguesia – e, por isso, eu nasci em Benfica – concorreu uma marcha representando Sete Rios (zona da actual freguesia de S. Domingos).

(1934)
Em 1966 terá havido, extra-concurso, uma nova marcha de Sete-Rios.
S. Domingos só em 1991 e… este ano, com organização da Associação Flor da Serra (Bairro do Calhau).

Ganhou a marcha do Alto do Pina. Mas prefiro o 16.º ou o 18.º lugar à vitória... tendo uma madrinha como Teresa Guilherme!

Marcha de S. Domingos de Benfica

Marcha do Alto do Pina


Vamos esquizofrenando...

Será eticamente correcto pertencer a uma das empresas de advogados que assessoraram os candidatos à compra da TAP e fazer comentário político na televisão, expondo "muito neutralmente" as opiniões sobre o processo de privatização da TAP, como se não tivesse nada a ver com isso?
É a situação de António Vitorino e de Marques Mendes.
E ser, simultaneamente, eminência parda do partido a que pertence. No caso de Marques Mendes, uma autêntica pitonisa. Não será mistura (de interesses) a mais?

E será normal que um familiar de um dos negociadores do lado do Estado vá para o facebook escrever "My sister selling TAP"?

Tudo para Rilhafoles!



Que eu seja ceguinho!...



Nem de surdos, nem de mudos, nem de coxos, nem de marrecos, nem de manetas, nem de hipertensos, nem de hepáticos, nem de débeis mentais... só de capitalistas apressados...

P.S. - Talvez de débeis mentais, também...
E de ceguinhos...


quinta-feira, 11 de junho de 2015

Una muy bonita...

... do mestre Ornette Coleman, figura histórica do jazz.



«(...) a música é uma linguagem de sons que transforma todos os idiomas humanos.»
(Ornette Coleman)


quinta-feira, 4 de junho de 2015

E quem não traiu... que atire a primeira pedra!...

A novela dos treinadores ganha proporções bíblicas e as "traições" parecem ser mais que muitas... A chamada ética desportiva.
Quem traiu quem?
Mais fácil perguntar: Quem não traiu?
Silêncio (sem trombetas)
Prognósticos? Só no fim do jogo.

«Quando a rainha Atália ouviu as aclamações dos guardas e do povo, foi ao templo por entre o povo. Viu lá o novo rei, de pé junto à coluna, como era costume. A seu lado, estavam os oficiais e os tocadores de trombeta, enquanto o povo manifestava a sua alegria ao toque das trombetas. Atália rasgou os seus vestidos indignada e gritou: "Traição! Traição!"»
2 Reis, 11:13-14

E ainda não caiu uma pedrinha...


A transferência de Jorge Jesus para o Sporting

Aguardo a todo o instante que me seja pedida uma opinião sobre o assunto, a qual será alicerçada em profundos conhecimentos, bem fundamentada, pois, e assertiva.
Já a tenha preparada. E uma música...

Nada melhor do que citar o grande matemático, cosmógrafo-mor do reino e expoente máximo da ciência portuguesa do Renascimento:

«Não há dúvida que as navegações deste Reino, de cem anos a esta parte, são as maiores, mais maravilhosas, de mais altas conjecturas, do que as de nenhuma outra gente do mundo. Os Portugueses ousaram cometer o grande Oceano. Entraram por ele sem nenhum receio. Descobriram novas ilhas, novas terras, novos mares, novos povos, e, o que mais é, novo céu e novas estrelas. E perderam-lhe tanto o medo, que nem a grande quentura da zona torrada, nem o descompassado frio da extrema parte do sul, com que os antigos escritores nos ameaçavam, os pôde estorvar. Perdendo a estrela do Norte e tornando-a a cobrar, descobrindo e passando o temeroso cabo da Boa Esperança, o mar da Etiópia, da Arábia e da Pérsia, puderam chegar à Índia.»
Pedro Nunes, Tratado da Esfera (1537)

E a música...



Povinho e futebol

Entre um programa eleitoral de governo apresentado pela coligação PSD/CDS-PP e a mudança de Jorge Jesus do Benfica para o Sporting... a escolha - do povo e dos meios de comunicação social - é óbvia: o futebol ganhou (mais uma vez)!
Comunicação social também é povinho!




segunda-feira, 1 de junho de 2015

Carlos, já há cerejas!



... dizia-me o Sr. Zé, da mercearia da esquina, na praceta.


Algumas proposições com crianças

(...)
Naquele tempo tudo acontecia pela primeira vez
Ainda hoje trago os cheiros no nariz
Senhor que a minha vida seja permitir a infância
embora nunca mais eu saiba como ela se diz
Ruy Belo



Laivos de bom senso


«Somos o que queremos ser, a biografia autorizada de Pedro Passos Coelho, de Sofia Aureliano, encheu linhas de jornal, foi tratada pelos colunistas, chegou às televisões. Um êxito editorial? Longe disso.
Segundo os números oficiais, este livro lançado há menos de um mês, ainda não vendeu 800 exemplares.»
Público, 1 de Junho de 2015

A ler, que se leiam livros!
O 1.º Ministro sempre pode fazer o que (dizem que) fez José Sócrates: mandar comprar muitos exemplares do seu próprio livro.