André Brun, um dos fundadores, em 1925, do que é hoje a Sociedade Portuguesa de Autores, integrou o Corpo Expedicionário Português que combateu em França e na Flandres, entre 1917 e 1918.
Capitão, comandante de um batalhão, pôde escrever in loco sobre "a nossa guerra". As suas crónicas (algumas quase "anedotas") são o resultado da sua vivência, do seu distanciamento crítico, da sua observação arguta, sentido de humor, por vezes triste, tanto quanto pode ser o sorriso.
Notável - e notavelmente actual - o texto que escreveu em Fevereiro de 1918 e que abre o livro.
«ESTA GUERRA...
... é aquela a que melhor se adapta o feitio português. Como se sabe, o oficial lusitano foi sempre, nos tempos de paz, essencialmente funcionário, e não havia razões aparentes para que deixasse de sê-lo vindo para a guerra e se as circunstâncias o permitissem. Nesta guerra de trincheiras, de guarnições fixas e de sítios certos, está nas suas sete quintas. Montou muitas repartições, arranjou muitos empregos, criou muitos chefes - distinguem-se pela pala - rodeou-os de muito adjuntos, deu-lhes muitos amanuenses e pôs-se a escrever, umas vezes à máquina, outras a lápis, o canto suplementar dos Lusíadas, que viemos compor a França, nos seguintes termos: - "Em referência à nota N.º X deste C., lembro a V. Ex.ª o disposto na alínea a) da O.S. n.º 14381 da R.E. do Q.G. do C.E.P., que altera o artigo Y da circular N.º Z.-0 contendo as instruções a que se refere a determinação dos S.A. da 7. a B.I.»
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