"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Aproveitei o texto do Henrique

Tenho saudades de vocês, anos 70.

Do rigor obsessivo do Padre António Vieira à libertação do D. Pedro V. Dos panfletos clandestinos de oposição ao regime à alvorada de Abril. Das RGA e dos convívios. Da música. Sempre da música. Pink Floyd e Genesis sentados na primeira fila. Dos cantores de intervenção. Zeca sempre. Dos festivais da canção e do Ary dos Santos. Do cinema Universal. De Jean Paul Sartre a Wilhelm Reich. Do porteiro da escola que era informador da PIDE. Do súbito e descontrolado assalto à Escola da PIDE, em Benfica. Das viagens de finalistas. Da descoberta tardia de Maio de 68. Da loucura saudável de Woodstock. Do Joe Cooker a gritar With a little help from my friends. Os amigos. Sempre os amigos. Não éramos colegas de turma. Éramos amigos. E havia as paixões. As mais precoces são as que mais se recordam.


Entrada do Liceu D. Pedro V (antes das obras)
 Tenho saudades de vocês, anos 70.

Quando Abril nos acordou em madrugadas de esperança. Quando não havia ontem nem amanhãs. Apenas o presente, vivido a 200 à hora. O mundo era nosso. O país éramos nós todos. Aconchegados e solidários. E havia as aulas, claro. Os professores: excelentes ou péssimos. Para nós não havia meio-termo. Fomos assim. Gostava de pensar que ainda somos assim. Neste país, revoltados.
 
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Este texto é do Henrique (espero que ele não se importe que eu o tenha usado).
Eu assino por baixo quase tudo!



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