Tenho dúvidas sobre a correcção da publicação de documentos dos tipos daqueles que têm sido divulgados e tenho dúvidas sobre o jornalismo que publica o que a WikiLeaks divulga. Mas eles confirmam que o rei vai nu, que muitos reis vão nus.
E há quem, nuzinho de todo, não fique bem no retrato.
O embaixador dos EUA podia estar "picado" pelo facto dos negócios do armamento passarem por países europeus e não pelos Estados Unidos, há dados que, objectivamente, poderão não corresponder à realidade, mas há passagens dos telegramas do embaixador que me parecem um óptimo retrato da forma de estar, da visão, das limitações dos nossos políticos e dos nossos chefes militares:
«Portugal sofre de um complexo de inferioridade e da percepção de ser económica, política e militarmente mais fraco do que os seus aliados.»
«No que diz respeito a contratos de compras militares, as vontades e acções do Ministério da Defesa parecem ser guiadas pela pressão dos seus pares e pelo desejo de ter brinquedos caros. O Ministério compra armamento por uma questão de orgulho, não importa se é útil ou não.»
E há uma passagem que faz lembrar a anedota do remador português, na competição entre uma embarcação portuguesa e uma embarcação japonesa*:
«Portugal tem mais generais e almirantes por soldado do que quase todas as outras forças armadas modernas (...)» Existirão, ainda mais «170 generais adicionais que recebem o ordenado por inteiro enquanto se mantêm inactivos na reserva.»
O facto de Portugal ter tido uma guerra não justificará, 36 anos depois do fim dessa guerra, a pesada estrutura militar existente.
*Na equipa japonesa havia um chefe de equipa e dez remadores, enquanto na equipa portuguesa havia um remador e dez chefes de serviço. Os japoneses ganhavam sempre e os portugueses acusavam o remador de ser o responsável pelas derrotas!
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