O dia 10 de Janeiro é considerado o dia do Vinho do Porto.
A 10 de Janeiro de 1756, o Marquês de Pombal assinou o alvará régio que determinou a criação da Região Demarcada do Douro, a primeira região demarcada de vinhos em todo o mundo. O território abrangido para a produção de vinhos de "feitoria" ou de "embarque" circunscrevia-se a 40 mil hectares.
Em 1907, João Franco - o Presidente do Conselho de Ministros cuja acção conduziria ao Regicídio - alargou a Região Demarcada para 600 mil hectares, mas Ferreira do Amaral (que sucedeu a João Franco) restringiu-a aos actuais 250 mil, logo no ano seguinte.
Mapa do País Vinhateiro do Alto Douro, de Josh. James Forrester (1843)
(dedicado respeitosamente a sua Majestade Fidelíssima, a Sr.ª Dona Maria II)
O negócio do vinho do Douro desenvolveu-se durante o século XVII graças às importações feitas pelos negociantes ingleses. As elevadas taxas aplicadas pelo governo francês sobre os vinhos de Bordéus fez os ingleses virarem-se para os vinhos do Douro, os quais passaram a exportar regularmente pela barra da foz do Douro. As exportações cresceram, sobretudo, a partir da assinatura do Tratado de Methuen (1703).
Embarque de pipas de Vinho do Porto em Vila Nova de Gaia, cerca de 1900
Segundo o historiador Gaspar Martins Pereira, a designação "Vinho do Porto" surge a partir da segunda metade do século XVII (1675). Esta designação resulta do processo de aguardentação do mosto e é este processo que distingue o velho Vinho do Douro do novo Vinho do Porto. A adição de aguardente vínica ajudava o vinho a suportar as travessias marítimas.
No Porto e em Vila Nova de Gaia estabeleceram-se as sociedades inglesas para o comércio de vinhos, nomes ainda hoje reconhecidos: C. N. Kopke (1638), Croft (1670), Taylor, Fladgate & Yeatman (1692), J. W. Burmester (1730)...
No Porto, os ingleses uniram-se na British Factory, a Feitoria Inglesa, que determinou preços, dominou mercados e controlou transportes, mandando em todo o comércio dos vinhos.
A primeira sociedade portuguesa surgiu em 1751: a de D. Antónia Adelaide Ferreira.
Rua Nova dos Ingleses (1834)
Feitoria Inglesa (foto actual)
A criação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, em 1756, seguida da demarcação da região do Douro foram a resposta a uma crise do sector, procurando proteger o negócio, o que passava pela qualidade dos vinhos. Foi estabelecida a diferença entre vinhos "de feitoria" ou "de carregação" dos vinhos "de ramo", o vinho comum "sem direito a viajar".
O território vinhateiro destinado à produção de Vinho do Porto coincide com a área onde se podem produzir outros vinhos (maduros, moscatel, espumantes). No início do século XXI estavam plantados 45 278 hectares.