"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Klaus Schulze

Morreu Klaus Schulze, um dos pioneiros da música electrónica. 
Passou pelos Tangerine Dream nos seus primeiros tempos (1969-70), fundou os menos conhecidos Ash Ra Tempel, seguindo depois um longo percurso a solo, sem deixar de ter várias colaborações, como a da sua participação em discos de Stomu Yamashta e de Michael Shrieve.

Composição do disco Deus Arrakis, cuja edição o compositor e músico estava a preparar. 
O lançamento está previsto para 10 de Junho.


terça-feira, 26 de abril de 2022

Num tempo em que revivemos Guernica

«O bombardeamento de Guernica não caiu no esquecimento. Esta terça (26) passam 85 anos desde que a cidade basca foi arrasada pelo ódio que desabou sobre milhares de cidadãos indefesos.

Muitos sobreviventes foram presos e levados para campos de trabalho forçado. Ali praticaram-se torturas físicas e psicológicas. Os reclusos sofriam doenças, passavam fome e eram obrigados a trabalhar como escravos. Incontáveis pessoas foram assassinadas ou não resistiram às condições de vida sub-humanas. Uma verdade da ditadura franquista que foi ocultada pelo regime e mantida em segredo por décadas.»

Expresso



25 de Abril - a mudança da relação da mulher com o mundo

«O 25 de Abril é um momento paradigmático da mudança da relação da mulher com o mundo. Eu sou resultado disso, olhando para a minha família. (…) A minha avó, uma vez, disse-me: “Tu tens muita sorte. Podes ser quem gostas de ser, podes ser artista. Eu não pude ser artista.” Ela era pintora e começou a pintar muito tarde, pois só quando o meu avô morreu, quando se deu o 25 de Abril, quando a Guerra Colonial acabou e quando o país se reencontrou é que ela ganhou a liberdade de expressar quem ela era na verdade, uma artista. O 25 de Abril para mim é a conquista de uma liberdade de eu ter espaço, entendimento e cabimento para ser quem sou.»

Joana Vasconcelos

(da sua conta do fb, hoje)


Embrulha-se-me o pensar

«26 de Abril (Sexta) - Vitória. Embrulha-se-me o pensar. Não sei o que dizer. Uma emoção violentíssima. Como é possível? Quase cinquenta anos de fascismo, a vida inteira deformada pelo medo. A Polícia. A Censura. Vai acabar a guerra. Vai acabar a PIDE. Tudo isto é fantástico. Vou serenar para reflectir. Tudo isto é excessivo para a minha capacidade de pensar e sentir.»

Vergílio Ferreira, Conta-Corrente



segunda-feira, 25 de abril de 2022

quarta-feira, 20 de abril de 2022

O que faz a amnésia!...


Com o mesmo ar seráfico com que nos fez chegar aqui assim. Sabendo! 
A Milú que não seja modesta...

Não lhes perdoes, Senhor, porque eles sabiam o que faziam!


segunda-feira, 18 de abril de 2022

Secretárias desarrumadas

Albert Einstein morreu de ataque de coração em 18 de Abril de 1955.

Dizem que a sua secretária estava assim... 

"Se uma secretária desorganizada é sinal de mente desorganizada, então, uma secretária vazia é sinal de quê?" (Albert Einstein)

Sinto-me mais acompanhado!


Dia Internacional dos Monumentos e Sítios 2022

 


domingo, 17 de abril de 2022

Uma malhada para os padres

«O dia de Páscoa era uma malhada para os padres. Enchiam as queijeiras e chegavam a criar-lhes mofo nas arcas os pães-de-ló e os bolos de trigo folhado. Os ovos que ajuntavam enfartariam um convento de gulosas freiras com os seus capelães durante um trintário. (...)

O Sr. P.e Francisco abancou, mal despiu o roquete, e, sem dizer Santa Maria val, acometeu o prato da sopa a fumegar. Os ajudantes também não se fizeram rogados, afora o Joaquim Javardo, o somítego, que primeiro se abraçou à cântara da água.
- Não beba, que se lhe gerescem rãs na barriga! - chalaceou Glorinhas.
- Tem aqui pinga! - acudiu a senhora Ana com uma caneca cheia de verdasco, a esfuziar.
- Uma vez só não castiga! - respondeu, limpando a beiça às costas da mão.
Comeram-lhe à tripa forra carniça refogada, cozida, assada, de porco, de vaca, de chibato, carniça para todos os paladares. O arroz estava de se trocar por um prato dele a imortalidade, o cabrito, rechinado no espeto e picadinho de sal, até fazia cócegas no céu da boca. Quem bem come bem bebe, acabaram a janta enfrascados e lerdos como patos na engorda.»

Aquilino Ribeiro, Terras do Demo


sábado, 16 de abril de 2022

Deposição no túmulo

Escultura de João de Ruão (1535-1540)

O conjunto escultórico destinou-se ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.
Encontra-se no Museu Nacional de Machado de Castro.


sexta-feira, 15 de abril de 2022

domingo, 10 de abril de 2022

Proibido por inconveniente

Proibido por inconveniente - Materiais das Censuras no Arquivo Ephemera, a exposição do que a Censura pretendia esconder no tempo do Estado Novo.

No antigo edifício do Diário de Notícias, até 27 de Abril, uma exposição resultante da parceria entre a EGEAC (C. M. Lisboa) e a Ephemera - Biblioteca e Arquivo de José Pacheco Pereira.

Além da exposição, a atracção do seu cenário, sob a "tutela" do enorme planisfério de Almada Negreiros.


 

Domingo de Ramos

 

A entrada triunfal em Jerusalém no velhinho Jesus Cristo Superstar


segunda-feira, 4 de abril de 2022

Jornalismo vs propaganda

«Poderia pensar-se que ninguém aceita ser informado pela propaganda de guerra mas é um erro. Algumas pessoas querem precisamente receber informação que corrobore na íntegra a sua interpretação da guerra. Aplaudem quem noticia factos que dêem razão ao que têm vindo a dizer. Têm pouca, ou nenhuma, margem para dar atenção ao que contradiz, ou que julgam contradizer, essa interpretação. 
Em tempos de guerra o jornalismo é especialmente preciso, mas nem todos o querem. A mediação entre o acontecimento e as pessoas, como meio adequado ao exercício do espírito crítico por parte destas, deixa de ser uma necessidade coletiva. As pessoas preferem as evidências que dêem razão ao seu acantonamento.
Chamam bom jornalismo àquele que as ajuda nesse processo.
O perigo é enorme. Passa a chamar-se propaganda ao que não lhes dá razão e jornalismo apenas ao que vem de encontro a esta. Grandes profissionais aos que defendem as suas visões do mundo e embustes a todos os outros. Mata-se o jornalismo, mata-se o pensamento. Acaba o escrutínio. A dialética da discussão pública fica inquinada e ainda mais estéril do que já é habitual.»

Carmo Afonso, Público, 4 de Abril de 2022


domingo, 3 de abril de 2022

Jardim da Estrela - 170 anos

2019

Cerca de 1911

«Ora eis-nos no jardim da Estrêla, um dos maiores e formosos de Lisboa central, e seguramente - desaparecido que foi o velho Passeio Público - o de mais tradições alfacinhas, e que se envolve, pela sua característica infantil, numa atmosfera de ternura. (...) 
O Jardim da Estrêla esteve na moda durante tôda a metade do século passado [séc. XIX]: era então o "Passeio da Estrêla" das nossas românticas avós, ainda meninas.» (Norberto Araújo, Peregrinações em Lisboa)

A obra iniciou-se em 1842, no governo de António Bernardo da Costa Cabral, Marquês de Tomar, que terá dado seguimento à ideia original do Dr. Laureano da Luz Gomes, então Presidente da Câmara Municipal de Lisboa. 



Nasceu num espaço que se encontrava ao abandono, fronteiro à Basílica da Estrela, e que foi aproveitado pela Câmara Municipal. «As terras pertenciam a um António José Rodrigues, mas em "massa falida" que pôde ser expropriada em 1842 por quatro contos de réis, graças a um donativo superior do Barão de Barcelinhos, que permitiu também proceder à necessária terraplanagem.» (José-Augusto França, Lisboa - História física e moral).

Construído por subscrição pública, outro dos seus grandes beneméritos foi Joaquim Manuel Monteiro, depois elevado a Barão da Estrela. Contou com a colaboração do jardineiro Bonnard, dispensado por D. Fernando II para esse efeito.

Interrompida a sua construção devido à fase final das lutas liberais, entre 1844 e 1850, só foi aberto ao público em 3 de Abril de 1852. 

Com 5 entradas ao longo do gradeamento de ferro forjado, «É o primeiro jardim público plantado à inglesa: relvados de formas curvilíneas, irregulares, árvores exóticas, recantos que acompanham os declives naturais do terreno, cascatas, lagos, estátuas, trazendo, desde a sua abertura, o romantismo dos jardins privados para a esfera pública.» (Ivo Meco, Jardins de Lisboa)

Foi palco de festas e quermesses, onde a própria rainha D. Amélia marcou presença.

No início do século XX, certamente já após o advento da República, foi rebaptizado com o nome do poeta Guerra Junqueiro.

«O Jardim da Estrela, à tarde, é para mim a sugestão de um parque antigo, nos séculos antes do descontentamento da alma.» (Bernardo Soares, Livro do Desassossego)


Salgueiro Maia já é mais do que ele

Uma figura para além da vida de um homem.

«Salgueiro Maia é hoje o mito mais humanizado da nossa história. É um vulto, mas já está fora da nossa dimensão, implicando os portugueses na preservação da sua memória, através dos valores que sempre foram os seus: (…) os valores universais da liberdade, da justiça, da solidariedade, da coragem.» 

(Carlos Matos Gomes, na sessão evocativa dos 30 anos da morte do capitão de Abril Salgueiro Maia, que decorreu no Quartel do Carmo, em Lisboa)

Foi reeditada a biografia Salgueiro Maia - Um Homem da Liberdade, de António Sousa Duarte.

Daniela Maia, a neta, é hoje convidada de Anabela Mota Ribeira no programa Os Filhos da Madrugada, 2.ª série, na RTP 3, pelas 20 horas.

Ficaste na pureza inicial
do gesto que liberta e se desprende.
Havia em ti o símbolo e o sinal
havia em ti o herói que não se rende.

Outros jogaram o jogo viciado
para ti nem poder nem sua regra.
Conquistador do sonho inconquistado
havia em ti o herói que não se integra.

Por isso ficarás como quem vem
dar outro rosto ao rosto da cidade.
Diz-se o teu nome e sais de Santarém
trazendo a espada e a flor da liberdade.

Manuel Alegre


sábado, 2 de abril de 2022

Dia Internacional do Livro Infantil (2022)

 


Cartaz digital, da autoria de André Carrilho, vencedor do Prémio Nacional de Ilustração em 2021.

Num mundo de mar revolto, os livros ainda nos permitem sonhar!