Depois de se decidir se os aviões vão aterrar no Montijo ou em Alcochete, espantando garças, tarambolas, pernilongos, milherangos, corvos-marinhos, flamingos e patos bravos (os que voam, porque os ouros são os que vão ganhar nos negócios colaterais...), terá de se decidir como é que os passageiros vão fazer a travessia do Tejo e chegar à capital.
Um passeio de catamarã poderá ser uma saída, para quem vem de férias. Fica logo a conhecer o Tejo, tem o impacto de ver Lisboa a partir do rio, o que é sempre bonito...
Poderá ser um velho cacilheiro, para os turistas menos apressados e carregados...
Se a subida do nível do mar se mantiver, poderá ser de submarino. Mas, nesse caso, também será preferível pensar em hidroaviões...
Poderá ser por via rodoviária ou ferroviária, aproveitando a ponte Vasco da Gama ou construindo uma terceira ponte - Montijo-Beato -, recuperando uma ideia com mais de um século (1876) e que chegou a ser objecto de concurso com Salazar na chefia do Governo (1934).
Mais de um século depois, voltava-se a fazer a inauguração de uma estação ferroviária no Montijo (a velha foi encerrada em 1989) ou, pela primeira vez, um comboio chegaria a Alcochete.
Mas depois de 50 anos de discussão sobre a localização do aeroporto entrar-se-ia numa outra de mais 50 sobre o local e o tipo de ligação: ponte, túnel ou mista ponte-túnel (copiando a ligação de Oresund, entre a Dinamarca e a Suécia) - em 2008 já tal era discutido.
Parece-me mais fácil adaptar Beja e construir uma rápida ligação TGV à capital.
Dificilmente a subida do nível do mar incomodará o interior da planície alentejana, não se chateavam os pássaros, não haveria necessidade de estudar a operacionalidade e a segurança das operações portuárias.
Incomodava-se menos gente e não surgiriam tantos patos bravos.
Mas acho que serão mesmo os patos bravos da política e, sobretudo, os das negociatas, que serão decisivos na soluções a aprovar.