- A última é a do dia em que ela morreu, mas essa não é uma memória bilateral. A memória que tenho de como a minha mãe era é justamente na casa de Lagos. Ela já estava muito enfraquecida e doente, fazia confusões e, a certa altura, eu estava desesperado porque não conseguia ter uma conversa directa com ela e sentia-a completamente ausente. Então, de repente, veio-me uma inspiração, e comecei a dizer o princípio de poemas dela e ela acabava-os. Era impressionante! Eu disse o princípio de uns cinco poemas e ela terminava-os com um sorriso. Acho que é a última memória bonita que tenho dela tal como era. A última coisa que desapareceu na minha mãe foi a poesia.»
Entrevista de Miguel Sousa Tavares ao DN, 26 de Outubro de 2019
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