"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astrosou para o sorriso das vacas." Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)
sábado, 10 de março de 2018
Os hotéis como património e atração turística
A exemplo de Lisboa, o Porto arrisca-se a atrair, apenas, turistas interessados em ver e visitar hotéis.
Quando algumas pessoas compreenderem que as cidades, para serem atraentes, precisam de ter uma identidade própria e que o património cultural é parte integrante e fundamental dessa identidade... será tarde.
No princípio do mês, o Pacheco Pereira escrevia, no "Público", sobre o encerramento de algumas livrarias históricas do Porto. Diz ele que «(...) o mundo das grandes cidades como Lisboa e Porto, dominado pelos efeitos imobiliários do boom turístico, é hostil ao mercado livreiro (...).» Mas depois acrescenta outras razões para esse encerramento: «(...) também é verdade que a edição de livros é muito má, que traduções, edições, revisões, grafismo são pouco cuidados (...) A morte das livrarias é um aspecto desse soçobrar no lixo, mas infelizmente estão demasiado acompanhadas pela morte de muitas outras coisas, do valor do conhecimento, do silêncio, do tempo lento, da leitura, da verdade factual, e da usura da democracia.» Não tenho elementos que ajudem a medir esta ideia, mas é verdade que, pela dificuldade que os alunos mais novos têm em ler os textos e em trabalhar a informação quando o vocabulário é mais elaborado, faz-me pensar que Aquilino e Camilo Castelo Branco, por exemplo, têm os dias contados quanto à sua leitura. Restarão uns poucos "letrados". Uma sociedade voltada só para o que não exige muito esforço, dá gozo e rende dinheiro imediato - o êxito (?) fácil - não precisa muito de livros. Não sei se este meu pessimismo não será um sinal daquilo que se chama velhice. Serei um bota-de-elástico...
sim, dá que pensar :(((
ResponderEliminarNo princípio do mês, o Pacheco Pereira escrevia, no "Público", sobre o encerramento de algumas livrarias históricas do Porto. Diz ele que «(...) o mundo das grandes cidades como Lisboa e Porto, dominado pelos efeitos imobiliários do boom turístico, é hostil ao mercado livreiro (...).»
EliminarMas depois acrescenta outras razões para esse encerramento: «(...) também é verdade que a edição de livros é muito má, que traduções, edições, revisões, grafismo são pouco cuidados (...) A morte das livrarias é um aspecto desse soçobrar no lixo, mas infelizmente estão demasiado acompanhadas pela morte de muitas outras coisas, do valor do conhecimento, do silêncio, do tempo lento, da leitura, da verdade factual, e da usura da democracia.»
Não tenho elementos que ajudem a medir esta ideia, mas é verdade que, pela dificuldade que os alunos mais novos têm em ler os textos e em trabalhar a informação quando o vocabulário é mais elaborado, faz-me pensar que Aquilino e Camilo Castelo Branco, por exemplo, têm os dias contados quanto à sua leitura. Restarão uns poucos "letrados".
Uma sociedade voltada só para o que não exige muito esforço, dá gozo e rende dinheiro imediato - o êxito (?) fácil - não precisa muito de livros.
Não sei se este meu pessimismo não será um sinal daquilo que se chama velhice. Serei um bota-de-elástico...