"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

segunda-feira, 4 de maio de 2015

A piolheira n' Os Gatos

A propósito de piolheira, expressão não rara em Eça ou em Fialho de Almeida...

«Os governos mesmo teem lisongeado esta paixão dos naturaes pelo parisienismo de torna viagem, subsidiando viagens de funccionarios e vadios publicos, de pintores problematicos, e de jovens capacidades scientificas, détournées. Essas viagens d’instrucção, de que jamais se vêem pomos úteis, gastam ordinariamente em pandegas as bourses de travail que geralmente se recusam aos verdadeiros estudiosos, e dão em resultado enviar-se um ingenuo, e receber-se um monsiú de vidro no olho, com barbicha de bode, chupado e tanso, para quem Portugal nunca mais deixa de ser uma piolheira. — Paris, ha Paris! — Quando eu estive em Paris…— Uma noite, em Paris.-.— Mas meu caro, é que verdadeiramente, Paris…E a cada instante este true ritornella-lhes na bocca, para sublinhar a inferioridade manifesta de tudo quanto traz chancella nacional.»
Fialho de Almeida, Os Gatos






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