As candeias às avessas entre CC
do IAVE e Ministério, desde a realização das Provas de Acesso à Carreira, deram
palco a um diferendo que coloca tudo em causa.
Diz o Presidente do CC do IAVE que o
Ministério deu indicações para que se mantenha a "estabilidade dos resultados" dos exames em relação aos anos anteriores, porque é difícil de explicar, socialmente, as variações das notas.
Diz o Ministério que é mentira, que apenas quer "uma estabilidade dos instrumentos de avaliação", para que seja possível a comparação entre resultados dos diferentes anos lectivos.
Mas a verdade é que as comparações não serão tão directas, atendendo às alterações curriculares e a introdução das metas, com uma linguagem que é um tipo de "eduquês" com novo dono.
Também não deixa de ser curiosa a diferença de análise das provas de Matemática feita pela Sociedade Portuguesa de Matemática (de onde é oriundo o Ministro da Educação) e pela Associação de Professores de Matemática.
Eu, simples professor, sobrevoado ou ultrapassado por
estas mensagens trocadas, questiono qual será a estratégia mais útil que os professores devem seguir nas escolas: apostar na preparação dos alunos para as provas de exame ou trabalhar o desenvolvimento das suas competências, atendendo às características desses alunos e às suas dificuldades (incluindo as comportamentais), independentemente das provas de exame.
A opção a fazer está condicionada pela repercussão indirecta dos resultados dos exames.
E o que não será lícito é que as escolas possam ser penalizadas na sua avaliação externa e
na atribuição de horas de crédito em consequência do grau de afastamento dos resultados dos exames em relação aos da avaliação interna. Cada escola ou agrupamento é uma realidade diferente e a avaliação interna não pode ignorar, nestes níveis de escolaridade, os comportamentos e atitudes dos alunos (não avaliável nos exames).
E, não sendo professor de Matemática, ao analisar leigamente as provas realizadas, ontem e hoje, pelos alunos do 4.º e 6.º anos de escolaridade, pensando no nível dos alunos do meu agrupamento de escolas, ainda mais preocupado fiquei. Acho que vem aí borrasca.
As provas pareceram-me difíceis, pelo que exigiam de interpretação dos enunciados.
A vice-presidente da APM considera que "o tipo de perguntas colocadas não terá facilitado a
tarefa destes alunos. Tem muitas questões que não são imediatas, mas de
difícil interpretação. Não sabemos até que ponto perceberam o que se perguntava
e o que estava em causa”.
Os alunos têm uma grande dificuldade em compreender/pensar este tipo de enunciados.
Pode ser que em escola com alunos de outros estratos sociais, estes consigam. Mas há diferenças abissais entre escolas/ambientes sociais condicionadores das aprendizagens.
O presidente da SPM
fala em “perguntas fora de habitual, sobre temas do novo
programa". E se as considera fáceis, olhando, por exemplo para a pergunta 4.2 da 1.ª parte da prova do 6.º ano, acho que é bem difícil, chegando-se à resposta por tentativa e erro, o que me parece uma aberração.
Mas, se calhar, sou eu, que não sou professor de Matemática.