A insistência na criação de mega-agrupamentos, o aumento do número de alunos por turma e, sobretudo, as alterações curriculares (que conheceram várias mudanças num curto espaço de tempo) - medidas todas motivadas pela redução do défice - já provocavam a redução do número de professores. Escolas que optem pelos tempos lectivos com 50 minutos, pelo menos no Ensino Básico, irão reduzir ainda mais. A autonomia que o MEC oferece tem destas "incongruências"!...
O Despacho normativo n.º 13-A/2012, sobre a organização do ano lectivo, que precisa de leitura atenta, confirma a tendência dessa redução, com a definição do que considera trabalho lectivo e não lectivo. Bem pode o MEC assegurar que cerca de 80% das escolas vão registar um aumento das horas de crédito horário para desenvolverem actividades educativas extra-curriculares. Estou como S. Tomé.
A comunicação social proclama uma "revolução". Nem todas as revoluções se fazem no bom sentido e parece-me que os danos colaterais vão ser grandes.
Com esta putativa revolução uma coisa é certa: este país não é para os novos professores.
Como não o é para os novos licenciados: aqueles que devem emigrar!
Também não me parece que seja para os jovens, em geral: Portugal ocupa o 25.º lugar, num conjunto de 29 países, segundo um estudo sobre a pobreza infantil. Os dados são referentes a crianças até aos 16 anos, no ano de 2009 - relatório Medir a Pobreza Infantil, da UNICEF. Se as condições económicas e sociais se têm vindo a deteriorar após essa data, a situação só terá tendência para piorar. O próprio MEC o reconhece ao prometer o pequeno-almoço na escola para as crianças que necessitem.
Quanto aos velhos professores, se ainda não se podem reformar e se já não estão a tempo de emigrar... que se habituem!
Maria de Lurdes Rodrigues deve estar satisfeita. Só terá pena de não ter sido ela a legislar.
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