"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Júlio Pomar e Camilo Castelo Branco

Camilo Castelo Branco desenhado por Júlio Pomar
Estudo para O Romance de Camilo, de Aquilino Ribeiro

Em 1957, Júlio Pomar concebeu um largo conjunto de desenhos para ilustrar a edição de O Romance de Camilo de Aquilino Ribeiro, saído esse ano dos prelos da Fólio.

«Tomando para tema a figura e as personagens de Camilo, Mestre Júlio Pomar penetrou e interpretou, por outro lado, com agudíssimo traço de sensibilidade estética e literária, o âmago da simbiose que os historiadores ou os críticos desde sempre sublinharam entre a vida do autor e a existência das personagens que ele criou pela ficção. Se, na fúria angustiosa e tantas vezes apressada do seu trabalho de criação, Camilo pouca atenção dava ao "estudo" psicológico das personagens que se movimentavam no agitado palco da sua comédia humana, arrastadas como ele no torvelinho das paixões que as sacudiam segundo os cânones da emocionalidade romântica, Mestre Júlio Pomar, seu privilegiado leitor e intérprete, soube com um traço que, por assim dizer, transcende a materialidade do suporte do seu desenho, aventurar-se com certeira acuidade numa hermenêutica psicológica, à primeira vista específica dos críticos literários (...)»

Aníbal Pinto de Castro, primeiro diretor do Centro de Estudos Camilianos, 1 de Junho de 2005 (data da inauguração deste Centro)

Na edição da Fólio, cruzam-se três mestres: Camilo Castelo Branco, Aquilino Ribeiro e Júlio Pomar.  


E este ano comemoram-se os 200 anos do nascimento de Camilo (16 de Março de 1825).
Entre os 500 de Camões e a panteonização de Eça, Camilo parece esquecido.  


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