Eduarda Dionísio pintada por seu pai, aos 6 anos |
Nascida em 1946, formada em filologia românica (como os pais), esteve
ligada ao mundo do teatro, foi professora do ensino secundário, nomeadamente no
Liceu Camões, onde os seus pais também leccionaram, colaborou em variadíssimas
publicações, escreveu sem que quisesse que lhe chamassem escritora, mas chegou
a receber prémios literários.
Participou no movimento estudantil contra a ditadura e fundou a
Associação Abril em Maio, a quem "não interessa o cultural em que a
cultura se transformou, mas a cultura enquanto conjunto de saberes, de
saberes-fazer e de saberes-viver, fundado numa prática colectiva em que os
indivíduos e os grupos são atores da sua própria existência".
Aquele que terá sido o seu grande projeto, foi a fundação e dinamização da
Associação Casa da Achada-Centro Mário Dionísio, em 2008, onde reuniu o espólio
literário e artístico e o arquivo pessoal do seu pai. A Casa da Achada,
localizada no bairro da Mouraria, tornou-se um pólo cultural de referência, com
uma programação de atividades que ultrapassam a evocação do legado de Mário
Dionísio.
Tinha em mãos – não sei se teve oportunidade de concluir – a edição do até
agora inédito diário de seu pai, Passageiro Clandestino. Ainda no mês passado, foi
lançado o quarto volume (respeitante ao período de 1974 a 1980), acompanhado, como
os volumes anteriores, por livros de notas redigidas por si, para contextualizar
o período a que os diários dizem respeito.
Eduarda Dionísio era "um monumento de capacidade de trabalho,
meticulosa ao pormenor, culta como pouca gente, curiosa como ninguém, operária
da memória. Amava a cultura e queria-lhe a marca de uma paixão revolucionária e
intransigente na sua contraposição à rotina e à modorra. Queria fazer e
fez". (Francisco Louçã)
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