«Sentia em mim uma natureza rebelde e dócil ao mesmo tempo, um fartar vilanagem na própria altura em que tudo o que nos rodeia está a saque. E, destes escombros, eu sabia que um sentido de equilíbrio me aguentaria nas cristas das ondas. Cada exagero que cometia, sobretudo quando comecei a jogar à batota nos vários casinos, abria-me uma panorâmica que sempre me fornecia algo de benéfico. A coisa que mais me custa na vida é ser normal. E sou obedientemente normal, dramaticamente normal. Todos os dias faço esforços heróicos para ser normal. Preparava-me para a vida sem saber o que era a vida, mas sempre na certeza de que eu era capaz de realizar, arrancar, acordar o morto País cujo cemitério pisava todos os dias. Triste Ilusão! E como iam aos soluços desabando os entusiasmos. E sem perceber, sem nada que me pudesse dar indícios - como se apresentava claro o caso poético da Sophia, flagrante, do cerne - eu era dirigido para a matéria escrita, ia ser escritor por falhar naquilo que era a minha verdadeira vocação – uma carreira de homem público.»
Ruben A., O Mundo à minha Procura (II)
Ruben A. nasceu a 26 de Maio de 1920
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