"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astrosou para o sorriso das vacas." Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)
26 de Abril de 1937 - Aviões nazis, às ordens do general Franco, atacaram a cidade basca de Guernica, no seu dia de feira. Numa população de 7 mil pessoas, 1654 mortos e 889 feridos.
O quadro foi exposto na Exposição Internacional de Paris de 1937.
Guernica
Picasso pintando Guernica, no seu atelier
Pormenor de Guernica
Pormenor de Os Fuzilamentos de 3 de Maio de 1808, de Goya
Num dia dedicado à cultura catalã, Lluís Llach, compositor, poeta e músico, recebeu hoje a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores.
Lluís Llach, que brevemente fará 69 anos, já pôs fim à sua carreira, 40 anos depois de a ter iniciado em finais da década de 1960, no meio universitário catalão.
A Espanha vivia sob a ditadura de Franco e Lluís Llach, contestatário ao regime, acabaria por se exilar em Paris (1970 ou 71).
Em Maio de 1975, actuou num Canto Livre, no Teatro S. Luís (Lisboa), primeira vinda a Portugal.
Foi nomeado Artista para a Paz, pela UNESCO, em 1999.
Recordo a primeira canção que ouvi cantada por Lluís Llach, I si canto trist..., logo após o 25 de Abril de 1974, acontecimento a que dedicaria a canção Abril 74.
Impressionante pelo ambiente de comemoração da liberdade pós-franquista a sua actuação, em Janeiro de 1976, no Palácio dos Desportos de Barcelona. Uma exaltação festiva o disco Barcelona Gener de 1976, que resultou da gravação do conjunto de três recitais, no seu regresso a Espanha (à sua Catalunha), dois meses depois da morte do general Franco.
Impossível não se sentir que a liberdade estava a passar por ali...
Até o disco treme!
Este lado B do LP de vinil inclui a canção Abril 74.
«Jesus saiu para o Monte das Oliveiras, como era seu costume. Os discípulos foram com ele. Quando lá chegou, disse-lhes: "Peçam a Deus para não caírem em tentação." Afastou-se deles a uma curta distância e, pondo-se de joelhos, orava assim: "Pai, se for do teu agrado, livra-me deste cálice de amargura. No entanto, não se faça a minha vontade, mas sim a tua." Nisto apareceu-lhe um anjo do Céu que veio dar-lhe forças. Jesus estava muito angustiado e orava ainda com mais fervor, enquanto o suor lhe caía no chão, como grandes gotas de sangue. Depois da oração, levantou-se e foi ter com os discípulos, mas encontrou-os abatidos pela tristeza. "Estão a dormir? Levantem-se e orem, para não caírem em tentação", disse-lhes. Ainda Jesus estava a falar quando chegou uma multidão. À frente vinha Judas (...)»
(Lucas, 22:39-47)
El Greco, A oração no Monte das Oliveiras
Na pintura de El Greco, é o anjo que parece oferecer o "cálice de amargura" e Jesus, apesar de "protegido" pelo penedo, será descoberto e preso pelos guardas que se aproximam, conduzidos por Judas. Num plano inferior ao anjo, os três apóstolos que o acompanharam dormem numa concavidade.
Esta é uma das várias versões de El Greco para a mesma cena bíblica. As suas pinturas atingem uma capacidade criativa estranha aos cânones da época, o que levou a que alguns partidários da contra-reforma levantassem a questão de que as cenas de El Greco não estimulariam o desejo de rezar.
Faleceu hoje, no Porto. Tinha 91 anos e foi uma importante especialista portuguesa em Estudos Clássicos, reconhecida pela sua grande competência.
Depois do curso em Coimbra e da investigação feita em Oxford, no início da década de 1950, o que era algo quase impensável na sociedade portuguesa da época, foi a primeira mulher a doutorar-se pela Universidade de Coimbra (1956), onde se tornou, também, a primeira catedrática (1964) e onde deu aulas até 1995. Foi autora de uma vasta obra de divulgação da cultura clássica.
Em 2001, numa entrevista ao jornal Público, comparando o homem actual e o clássico, afirmou: “Em relação aos antigos, a diferença espiritual, intelectual, não é tão grande como parece: o homem é sempre o mesmo. Infelizmente, não perde os defeitos que tinha, por vezes não conserva as virtudes.”
Maria Helena Rocha Pereira, em 2010, quando recebeu o Prémio Vida Literária, atribuído pela Associação Portuguesa de escritores