O Campo Arqueológico de Mértola (CAM) recebeu, na semana que passou, o prémio das Academias Pontifícias do Vaticano pelo trabalho que tem dedicado aos primeiros séculos do Cristianismo, fruto das campanhas arqueológicas conduzidas ao longo dos 40 anos de vida do CAM.
Representantes do Vaticano já se tinham deslocado a Mértola para se inteirarem do trabalho desenvolvido pelos arqueólogos e outros investigadores portugueses.
Os estudos centram-se num "período escuro" (pelo desconhecimento) da nossa História, na opinião do arqueólogo Cláudio Torres, o director do CAM.
A curiosidade das descobertas é o facto de as conclusões apontarem, não para uma ruptura na comunidade provocada por uma grande invasão árabe, para um processo de conversão dessa comunidade, cristã, ao islamismo.
O cristianismo das primeiras comunidades cristãs de Mértola, marcado pela presença das seitas cristãs monofisitas (não seguidoras do cristianismo de Roma), e o islamismo teriam semelhanças que facilitaram essa conversão. Cláudio Torres falou num culto religioso paralelo e que tinha lugar no mesmo templo - haveria um mundo cristão/muçulmano muito ligado, como o provam os testemunhos arqueológicos.
«(...) a arqueologia, habitualmente, fala mais verdade do que os livros.» (Cláudio Torres)
Que a distinção do Vaticano funcione como um estímulo ao trabalho dos investigadores, já que os apoios necessários ao desenvolvimento do seu trabalho não têm existido por parte do Governo, segundo disse Cláudio Torres.
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