Sempre esta ária
da Paixão segundo Mateus. A última ária, para baixo, tão solene e íntima, com as
cordas tão doces a envolverem a voz. Não sei o que as palavras querem dizer.
Bastaria abrir o caderno que acompanha o CD, ler o texto, as traduções para
inglês, para francês, compreender o texto da ária. Mas não procuro o caderno,
não o abro; não quero saber o significado das palavras, só cantá-la assim, em
voz baixa, verter a melodia desta música sobre o silêncio que nos toma, sobre o
teu corpo a adormecer.
(...)
Mas murmuro sempre, continuo a murmurar para ti, sempre, Mache dich, mein Herze, rein…, como se estas notas de música pudessem proteger-nos, esses pequenos sons, um pouco de calor entre os nossos corpos. Uma breve melodia, no meio da noite, tudo o que temos, tudo o que existe em nós.»
(...)
Mas murmuro sempre, continuo a murmurar para ti, sempre, Mache dich, mein Herze, rein…, como se estas notas de música pudessem proteger-nos, esses pequenos sons, um pouco de calor entre os nossos corpos. Uma breve melodia, no meio da noite, tudo o que temos, tudo o que existe em nós.»
Pedro Eiras, Bach
Sem comentários:
Enviar um comentário