D. Leonor foi uma mulher invulgar, com uma sólida formação cultural de carácter literário, filosófico e científico, que adquiriu, em grande parte, no Mosteiro de Chelas, onde viveu enclausurada dos 9 aos 18 anos, por ser neta dos marqueses de Távora, vítimas da perseguição do Marquês de Pombal.
Por morte de seu irmão, herdou o título de Marquesa de Alorna, nome de uma praça-forte da Índia conquistada pelo seu avô, o Vice-Rei D. Pedro de Almeida de Portugal.
Encontrei-a no Sábado passado, no palácio dos marqueses de Fronteira e Alorna, que eu cá sou assim: dou-me com a verdadeira aristocracia e lá estava D. Leonor em retrato, numa das salas, o mesmo retrato que encontramos na capa do livro (há outro que representa D. Leonor com o ar cândido da mais pura avozinha, daquelas das estórias, como se pode ver).
«Os seus salões de S. Domingos de Benfica foram frequentados durante toda a época das lutas civis e ainda depois da vitória liberal por literatos de gerações diferentes, desde os últimos árcades até aos primeiros românticos, como Herculano, em quem despertou o gosto pelo romantismo alemão.»
António José Saraiva e Óscar Lopes, História da Literatura Portuguesa
Tudo isto agora porque Maria Teresa Horta recusa-se a receber o prémio das mãos do primeiro-Ministro, pois considera que Passos Coelho e o seu Governo são "mentores e executores" da política que está a colocar o país "em níveis de pobreza quase idênticos aos das décadas de 1940 e 1950".
Uma digna descendente de Alcipe, pseudónimo literário de D. Leonor.
Para este Governo a cultura é só decorativa. A Fundação das Casas de Fronteira e Alorna consegue manter a tradição das actividades culturais como algo nobre e genuíno.
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