"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Participa na sondagem
Entre anonas e vacas, participa na 1.ª sondagem realizada no Permanente Reencontro, em homenagem aos Açores (e ao Sr. Voluntário).
Já votaram 2 leitores do blog!!!
Vaquinhas sorridentes - ilha Terceira |
Já votaram 2 leitores do blog!!!
Austeridade aumenta grau de superstição dos portugueses
Alguns portugueses, para se protegerem do azar, batiam 3 vezes em algo de madeira.
Com o agravamento da situação financeira, esse gesto generalizou-se de tal forma que já quase todos os portugueses batem na Madeira e mais vezes do que as 3 do costume.
Quem está a reagir é o bicho da madeira!
Com o agravamento da situação financeira, esse gesto generalizou-se de tal forma que já quase todos os portugueses batem na Madeira e mais vezes do que as 3 do costume.
Quem está a reagir é o bicho da madeira!
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Novo nome para o blog
Eu também tenho anonas é uma possibilidade |
Influenciado pela visita aos Açores de uma importante personalidade, estou a pensar na possível mudança do nome do blog, nem que seja temporária.
Agradeço aos meus amigos que participem na sondagem que me ajudará a decidir esse novo nome. Até dia 10 de Outubro.
As hipóteses são as três apresentadas na coluna da esquerda (mas procurando bem, pode ser que ainda se encontre mais alguma).
Colabora!
Estou à procura de imagens condizentes. A poda é que está difícil! Acho que só há um senhor no Algarve que a faz!!
Por falar em património…
Teve lugar ontem e hoje, no Museu do Oriente (Lisboa), o VI Encontro de Museus de Países e Comunidades de Língua Portuguesa.
Principais objectivos: incentivar e aprofundar a troca de experiências e o estabelecimento regular de parcerias entre profissionais e museus em países e comunidades de língua portuguesa e potenciar a sua afirmação no seio do ICOM (International Council of Museums).
Para que conste, apesar da crise (ou, se calhar, por causa dela...), os museus ainda se mexem! (não tanto como deviam)
Principais objectivos: incentivar e aprofundar a troca de experiências e o estabelecimento regular de parcerias entre profissionais e museus em países e comunidades de língua portuguesa e potenciar a sua afirmação no seio do ICOM (International Council of Museums).
Para que conste, apesar da crise (ou, se calhar, por causa dela...), os museus ainda se mexem! (não tanto como deviam)
Jornadas do Património sob o signo da água
O tema das Jornadas Europeias do Património, este ano, era Património e Paisagem Urbana.
Fui conhecer dois núcleos do Museu da Água que (com alguma vergonha!) ainda não conhecia: o Reservatório da Patriarcal e o Aqueduto das Águas Livres (fazendo o percurso pelo seu passeio superior).
No cimo do aqueduto perdemos a noção da sua grandeza, adivinhada pela paisagem que se avista ou quando se olha cá p’ra baixo. A entrada faz-se pelo portão de um pequeno jardim, no n.º 6 da Calçada da Quintinha (no meio de Campolide). Para quem não conhece a zona, o GPS poderá ajudar!
O Reservatório da Patriarcal, com entrada em pleno jardim do Príncipe Real – poderá alguém pensar que aquelas escadinhas são uma entrada para urinóis públicos – é um espaço que, não sendo muito amplo, é curioso do ponto de vista da sua arquitectura.
Foi transformado em espaço cultural, depois de ter sido desactivado já no final da década de 1940.
Até 13 de Outubro comporta uma exposição de pintura e de escultura de duas artistas romenas que se enquadra muito bem no cenário do reservatório.
Aos sábados, pelas 15 horas, realiza-se um percurso subterrâneo por uma das galerias, a Galeria do Loreto, podendo chegar ao Miradouro de S. Pedro de Alcântara… Para quem não sofre de claustrofobia!
Fui conhecer dois núcleos do Museu da Água que (com alguma vergonha!) ainda não conhecia: o Reservatório da Patriarcal e o Aqueduto das Águas Livres (fazendo o percurso pelo seu passeio superior).
No cimo do aqueduto perdemos a noção da sua grandeza, adivinhada pela paisagem que se avista ou quando se olha cá p’ra baixo. A entrada faz-se pelo portão de um pequeno jardim, no n.º 6 da Calçada da Quintinha (no meio de Campolide). Para quem não conhece a zona, o GPS poderá ajudar!
O Reservatório da Patriarcal, com entrada em pleno jardim do Príncipe Real – poderá alguém pensar que aquelas escadinhas são uma entrada para urinóis públicos – é um espaço que, não sendo muito amplo, é curioso do ponto de vista da sua arquitectura.
Foi transformado em espaço cultural, depois de ter sido desactivado já no final da década de 1940.
Até 13 de Outubro comporta uma exposição de pintura e de escultura de duas artistas romenas que se enquadra muito bem no cenário do reservatório.
Aos sábados, pelas 15 horas, realiza-se um percurso subterrâneo por uma das galerias, a Galeria do Loreto, podendo chegar ao Miradouro de S. Pedro de Alcântara… Para quem não sofre de claustrofobia!
Quem cozinha seus males espanta
Não fiz a crónica na altura devida, mas os homens da família não desistiram de fazer os almoços de Domingo!
Depois da minha estreia, desculpem a falta de modéstia, a fasquia ficou elevada (eh, eh, eh). Vá lá, o Jaime escapou com a caldeirada!
Aguardamos o 3.º chefe, ausente este domingo.
Depois da minha estreia, desculpem a falta de modéstia, a fasquia ficou elevada (eh, eh, eh). Vá lá, o Jaime escapou com a caldeirada!
Aguardamos o 3.º chefe, ausente este domingo.
O grão da memória no regresso do vinil
A minha senhora, como sabe que a música me toca muito, ofereceu-me um gira-discos.
Para o velho estava difícil arranjar agulha, a correia partiu-se e o representante fica onde o diabo perdeu a mãe.
O novo tem entrada USB, o que é uma vantagem para poder gravar algumas músicas para os meios digitais. Acontece que o amplificador mais recente, com as colunas mais recentes, não é adequado para o gira-discos. Será preciso um pré-amplificador. Por agora, lá fui buscar o velho amplificador e as velhas colunas à arrecadação.
E o gira-discos já toca!
É certo que agora tenho de ter à mão, para além do leitor de CDs e do gira-discos, 2 amplificadores e 4 colunas. É certo que pela sala vai uma confusão de cabos, de fios e de fichas. É certo que já tenho discos de vinil espalhados. É certo que estou a matar saudades de discos que não tenho no suporte CD, mesmo quando a agulha salta em algumas faixas ou a poeira faz lembrar o mítico som do estrelar de ovos - há músicas que eu reconheço com o pó ou com os riscos em determinadas passagens.
É certo que, com isto tudo, a minha senhora já se arrependeu de me ter oferecido o gira-discos: “Aqueles fios têm de estar ali?”, “Não achas que a sala está um bocadinho desarrumada?”, “Como é que tu consegues ouvir essas músicas?”, “Põe isso mais baixo!”…
Para o velho estava difícil arranjar agulha, a correia partiu-se e o representante fica onde o diabo perdeu a mãe.
O novo tem entrada USB, o que é uma vantagem para poder gravar algumas músicas para os meios digitais. Acontece que o amplificador mais recente, com as colunas mais recentes, não é adequado para o gira-discos. Será preciso um pré-amplificador. Por agora, lá fui buscar o velho amplificador e as velhas colunas à arrecadação.
E o gira-discos já toca!
É certo que agora tenho de ter à mão, para além do leitor de CDs e do gira-discos, 2 amplificadores e 4 colunas. É certo que pela sala vai uma confusão de cabos, de fios e de fichas. É certo que já tenho discos de vinil espalhados. É certo que estou a matar saudades de discos que não tenho no suporte CD, mesmo quando a agulha salta em algumas faixas ou a poeira faz lembrar o mítico som do estrelar de ovos - há músicas que eu reconheço com o pó ou com os riscos em determinadas passagens.
É certo que, com isto tudo, a minha senhora já se arrependeu de me ter oferecido o gira-discos: “Aqueles fios têm de estar ali?”, “Não achas que a sala está um bocadinho desarrumada?”, “Como é que tu consegues ouvir essas músicas?”, “Põe isso mais baixo!”…
sábado, 24 de setembro de 2011
Dia de aniversário...
... da gelataria Santini.
Abriu no Estoril (Tamariz) há 62 anos.
Hoje tem lojas em Cascais, em S. João do Estoril e no Chiado (Rua do Carmo).
Abriu no Estoril (Tamariz) há 62 anos.
Hoje tem lojas em Cascais, em S. João do Estoril e no Chiado (Rua do Carmo).
Os melhores gelados do Mundo!
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Primeiro Mundo?
Como é possível?
A acusação não mostrou a arma, não há quaisquer provas físicas do crime, sete das nove testemunhas alteraram as suas declarações (havendo quem testemunhasse ter sido outro homem a matar o polícia)...
Fotografar pardais, pintar o canto dos melros, as nuvens ou aves...
Embora possam voar, há pardais que têm atracção por meios de transporte. Deve ser a atracção pelo que não se tem.
A Fernanda fotografou um pardal na estação de comboios, eu fotografei outro, no terminal fluvial.
Sempre me atraíram os pássaros, ou porque voam ou porque cantam.
Júlio Resende, que ontem nos deixou, desejava pintar o canto do melro que andava pelo jardim da sua casa. Faltou-lhe o tempo.
Possivelmente aconteceu-lhe o mesmo que ao pintor de A última pincelada...
«Viveu em tempos um pintor que nunca conseguia acabar de pintar uma ave, fosse ela uma cegonha ou uma garça. Quando se preparava para dar a última pincelada, ela levantava voo.
E o pintor ficava muito tempo ainda a persegui-la com o pincel no céu azul...»
Jorge Sousa Braga, Os pés luminosos
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Júlio Resende: “Para mim, pintar é respirar”
«Eu sou aquilo que faço e pinto. Sou expressionista. Uma pessoa é expressionista porquê? Porque exalta certas coisas e desinteressa-se por outras. Começo sempre a trabalhar sem saber muito bem aquilo que vou fazer. Gosto muito do meu instinto, daquilo que vem e que depois controlo. (...) Em devido tempo, a reflexão vem ao de cima.»
«Acho que as coisas têm de ter sempre um certo mistério, porque é isso que as torna fascinantes e as faz levantar inquietações que fazem sofrer um bocadinho. (...)
Eu gosto muito das coisas que não se vêem todas, que não são totalmente perceptíveis.»
«Acho que as coisas têm de ter sempre um certo mistério, porque é isso que as torna fascinantes e as faz levantar inquietações que fazem sofrer um bocadinho. (...)
Eu gosto muito das coisas que não se vêem todas, que não são totalmente perceptíveis.»
terça-feira, 20 de setembro de 2011
As tentações de S. Alberto João Jardim
No Domingo passado, fiz a visita guiada à exposição Bosch e o seu círculo, no Museu Nacional de Arte Antiga.
Fiquei a saber, entre outras coisas, que o Bosch pintava figuras milimétricas nos seus trípticos. Nas tentações de S. Antão há uma figura curiosa no canto superior direito. Não é milimétrica, é euromilhométrica!!
Tudo por causa das tentações!!!
Fiquei a saber, entre outras coisas, que o Bosch pintava figuras milimétricas nos seus trípticos. Nas tentações de S. Antão há uma figura curiosa no canto superior direito. Não é milimétrica, é euromilhométrica!!
Tudo por causa das tentações!!!
sábado, 17 de setembro de 2011
Mirandês - lhéngua fidalga i grabe
Reconhecida desde 1999 como a segunda língua oficial de Portugal, a língua mirandesa celebra hoje o seu dia. Trata-se de um dialecto falado, sobretudo, no planalto mirandês.
«L património cultural de l Nordeste Trasmuntano custitui un eilemiento mui amportante de la sue eidentidade i al mesmo tiempo ua rezon de zambolbimiento.
Miranda ye ua region raiana cun Castielha i Lhion (Çamora, Aliste, Senábria), regiones que quemúngan dua cultura mui armana ne l que ten a ber cula música/eitnografie - la cultura feliçmente nun ten raias.
La lhéngua própia, l Mirandés, la música i ls sous strumientos, las manifestaçones festibas, la gastronomie, toda la bibença ne l campo, i muitas outras rezones, dan-le a Miranda i al Nordeste Trasmuntano an giral, ua cultura i eidentidade que merece ser acarinada, guardada i bibida.»
Galandum Galundaina
Galandun - galante
Galundaina - boémio
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
domingo, 11 de setembro de 2011
Parece que me safei!...
Parece que passei a prova de culinária!
Para mostrar que estava à vontade, preparei dois pratos, embora com semelhanças, mais uma entrada improvisada - artista é assim: até deu para inventar!
Bem, os pratos eram relativamente simples: Murg kari e Murg man pasand, acompanhados por arroz basmati. A tradução... procurem-na! Adianto que Murg é... frango (concluí eu). Muitos dos ingredientes vinham nas naus da Índia, no século XVI. Por eles sonhou D. João II e, depois, D. Manuel I. Não sei se estes reis seriam "grandes garfos", mas pelo menos cheirava-lhes bem o negócio das especiarias.
O pessoal parece que gostou.
Tenho pena que a mensagem não tenha cheiro... nem sabor!
Para mostrar que estava à vontade, preparei dois pratos, embora com semelhanças, mais uma entrada improvisada - artista é assim: até deu para inventar!
Bem, os pratos eram relativamente simples: Murg kari e Murg man pasand, acompanhados por arroz basmati. A tradução... procurem-na! Adianto que Murg é... frango (concluí eu). Muitos dos ingredientes vinham nas naus da Índia, no século XVI. Por eles sonhou D. João II e, depois, D. Manuel I. Não sei se estes reis seriam "grandes garfos", mas pelo menos cheirava-lhes bem o negócio das especiarias.
O pessoal parece que gostou.
Tenho pena que a mensagem não tenha cheiro... nem sabor!
Murg kari |
Murg man pasand |
sábado, 10 de setembro de 2011
As 800 Maravilhas da Gastronomia Portuguesa
Em resultado do desafio que me foi proposto imposto, hoje já passei umas horinhas nas compras - encontrar alguns ingredientes foi difícil - e na cozinha - sou filho de alentejanos e adepto da slow food.
Por coincidência, foi o dia da apresentação das 7 Maravilhas da Gastronomia (Portuguesa, acrescento eu). Os gostos são sempre discutíveis e, não tendo nada contra as 7 eleitas - gosto de todas - tenho pena que as maravilhas se limitem a 7, deixando mais que muitas boas de fora.
Enfim, o Pastel de Belém é discutível: Não deveria ser Pastel de Nata? Porquê o produto de uma "casa" específica (uma marca)?
O Alentejo, que já só tinha a Açorda nas 21 finalistas, acabou por não ter qualquer dos seus monumentos gastronómicos reconhecido.
M.ª de Lourdes Modesto, que fez um excelente trabalho de levantamento do património culinário português, publicando Cozinha Tradicional Portuguesa (eu tenho a 13.ª edição, de 1995), dizia que "as oitocentas receitas escolhidas não bastam para esgotar todas as variantes do riquíssimo reportório culinário português".
Portanto, eu sou a favor das 800 Maravilhas da Gastronomia Portuguesa... mais daquelas que ficaram de fora e que também não devem ser más. Porque variantes há muitas.
No livro Cozinha tradicional da ilha Terceira, só da tradicional Alcatra da Terceira são apresentadas 10 receitas.
Apesar desta riqueza nacional - teve piada o Mário Zambujal, mandatário da candidatura do Pastel de Belém, pedir ao ministro Miguel Relvas para não nos deixar a pão e água - o que estive a cozinhar é muito pouco português, embora historicamente justificável.
Esta mensagem é para verem que até sei umas larachas disto! Mas o meu gosto pela gastronomia é mais na qualidade de consumidor. O que eu prefiro mesmo é comer.
Por coincidência, foi o dia da apresentação das 7 Maravilhas da Gastronomia (Portuguesa, acrescento eu). Os gostos são sempre discutíveis e, não tendo nada contra as 7 eleitas - gosto de todas - tenho pena que as maravilhas se limitem a 7, deixando mais que muitas boas de fora.
Enfim, o Pastel de Belém é discutível: Não deveria ser Pastel de Nata? Porquê o produto de uma "casa" específica (uma marca)?
Açorda Alentejana - o princípio: os coentros pisados com alho e sal no azeite |
M.ª de Lourdes Modesto, que fez um excelente trabalho de levantamento do património culinário português, publicando Cozinha Tradicional Portuguesa (eu tenho a 13.ª edição, de 1995), dizia que "as oitocentas receitas escolhidas não bastam para esgotar todas as variantes do riquíssimo reportório culinário português".
Portanto, eu sou a favor das 800 Maravilhas da Gastronomia Portuguesa... mais daquelas que ficaram de fora e que também não devem ser más. Porque variantes há muitas.
No livro Cozinha tradicional da ilha Terceira, só da tradicional Alcatra da Terceira são apresentadas 10 receitas.
Apesar desta riqueza nacional - teve piada o Mário Zambujal, mandatário da candidatura do Pastel de Belém, pedir ao ministro Miguel Relvas para não nos deixar a pão e água - o que estive a cozinhar é muito pouco português, embora historicamente justificável.
Esta mensagem é para verem que até sei umas larachas disto! Mas o meu gosto pela gastronomia é mais na qualidade de consumidor. O que eu prefiro mesmo é comer.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
O maior desafio de sempre
Fui desafiado a fazer o almoço do próximo Domingo para a família.
Não me deram grandes hipóteses de recusar. Aliás, não me deram nenhuma!
"Ou fazes o almoço ou serás um renegado!"
- O que sugerem?
"Arranja-te!" - Nenhuma complacência.
Pus mãos ao trabalho. Já consultei uma vasta bibliografia...
Mas não sei porquê, as pessoas da família quando passam por mim... riem-se muito!
Pelo sim pelo não... espero que tenham umas latinhas de atum de reserva!
Não me deram grandes hipóteses de recusar. Aliás, não me deram nenhuma!
"Ou fazes o almoço ou serás um renegado!"
- O que sugerem?
"Arranja-te!" - Nenhuma complacência.
Pus mãos ao trabalho. Já consultei uma vasta bibliografia...
Mas não sei porquê, as pessoas da família quando passam por mim... riem-se muito!
Pelo sim pelo não... espero que tenham umas latinhas de atum de reserva!
Os meus estorninhos
«Quando ele parava, os estorninhos ficavam a voar em círculo ou desciam fragorosamente sobre uma árvore, desapareciam entre os ramos, e a folhagem toda estremecia, a copa ressoava de sons ásperos, violentos, parecia que dentro dela se travava ferocíssima batalha. Recomeçava a andar (...) e os estorninhos levantavam-se de rompão, todos ao mesmo tempo, vruuuuuuuuuu. (...)
(...) Para o fim da manhã começará a aquecer, por entanto há uma brisa frescal e límpida, lástima não poder guardá-la no bolso quando viesse a ser precisa na hora do calor. Ia José Anaiço discorrendo estes pensamentos, vagos e involuntários como se não lhe pertencessem, quando deu por que os estorninhos tinham ficado para trás, esvoaçavam além, onde o carreiro faz a curva para acompanhar a lagoa, procedimento sem dúvida extraordinário, mas enfim, como se costuma dizer, quem vai vai, quem está está, adeus passarinhos. José Anaiço acabou de contornar a alverca, quase meia hora de passagem difícil, entre espadanas e silvados, e retomou o caminho primeiro, na direcção em que antes viera, de oriente para ocidente como o sol, quando de súbito, vruuuu, apareceram outra vez os estorninhos, onde teriam estado eles metidos. Ora, para este caso não há explicação.»
No livro de Saramago, o professor José Anaíço é acompanhado constantemente por uma nuvem de estorninhos. Nas últimas semanas, também me apareceram revoadas de "estorninhos" - dos meus "estorninhos".
E havia alguns de quem eu não sabia há anos.
Olha... É o que tem de bom o facebook!
(...) Para o fim da manhã começará a aquecer, por entanto há uma brisa frescal e límpida, lástima não poder guardá-la no bolso quando viesse a ser precisa na hora do calor. Ia José Anaiço discorrendo estes pensamentos, vagos e involuntários como se não lhe pertencessem, quando deu por que os estorninhos tinham ficado para trás, esvoaçavam além, onde o carreiro faz a curva para acompanhar a lagoa, procedimento sem dúvida extraordinário, mas enfim, como se costuma dizer, quem vai vai, quem está está, adeus passarinhos. José Anaiço acabou de contornar a alverca, quase meia hora de passagem difícil, entre espadanas e silvados, e retomou o caminho primeiro, na direcção em que antes viera, de oriente para ocidente como o sol, quando de súbito, vruuuu, apareceram outra vez os estorninhos, onde teriam estado eles metidos. Ora, para este caso não há explicação.»
José Saramago, A jangada de pedra
No livro de Saramago, o professor José Anaíço é acompanhado constantemente por uma nuvem de estorninhos. Nas últimas semanas, também me apareceram revoadas de "estorninhos" - dos meus "estorninhos".
E havia alguns de quem eu não sabia há anos.
Olha... É o que tem de bom o facebook!
Do Negrito a Angra do Heroísmo - Maio de 1997 Um bando de estorninhos |
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
terça-feira, 6 de setembro de 2011
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
domingo, 4 de setembro de 2011
Pássaros e árvores
Algumas proposições com pássaros e árvores que o poeta remata com uma referência ao coração
Os pássaros nascem na ponta das árvores
As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores
Os pássaros começam onde as árvores acabam
Os pássaros fazem cantar as árvores
Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se
deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal
Como pássaros poisam as folhas na terra
quando o outono desce veladamente sobre os campos
Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores
mas deixo essa forma de dizer ao romancista
é complicada e não se dá bem na poesia
não foi ainda isolada da filosofia
Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
Quem é que lá os pendura nos ramos?
De quem é a mão a inúmera mão?
Eu passo e muda-se-me o coração
Os pássaros nascem na ponta das árvores
As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores
Os pássaros começam onde as árvores acabam
Os pássaros fazem cantar as árvores
Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se
deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal
Como pássaros poisam as folhas na terra
quando o outono desce veladamente sobre os campos
Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores
mas deixo essa forma de dizer ao romancista
é complicada e não se dá bem na poesia
não foi ainda isolada da filosofia
Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
Quem é que lá os pendura nos ramos?
De quem é a mão a inúmera mão?
Eu passo e muda-se-me o coração
Ruy Belo
sábado, 3 de setembro de 2011
Ópera no Mercado de Cascais
No Mercado de Cascais, a surpresa, hoje de manhã, foi ouvir cantar as mais famosas árias de ópera entre alfaces, beringelas, abóboras e rabanetes.
Com a distracção, acho que fui enganado no preço das nabiças!
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
A ver se conseguimos beber o cafèzinho
Para a Tânia Patrícia
Tu és a esperança, a madrugada.
Nasceste nas tardes de Setembro,
Quando a luz é perfeita e mais doirada,
E há uma fonte crescendo no silêncio
Da boca mais sombria e mais fechada.
Para ti criei palavras sem sentido,
Inventei brumas, lagos densos,
E deixei no ar braços suspensos
Ao encontro da luz que anda contigo.
Tu és a esperança onde deponho
Meus versos que não podem ser mais nada.
Esperança minha, onde os meus olhos bebem,
Fundo, como quem bebe a madrugada.
Nasceste nas tardes de Setembro,
Quando a luz é perfeita e mais doirada,
E há uma fonte crescendo no silêncio
Da boca mais sombria e mais fechada.
Para ti criei palavras sem sentido,
Inventei brumas, lagos densos,
E deixei no ar braços suspensos
Ao encontro da luz que anda contigo.
Tu és a esperança onde deponho
Meus versos que não podem ser mais nada.
Esperança minha, onde os meus olhos bebem,
Fundo, como quem bebe a madrugada.
Eugénio de Andrade, As mãos e os frutos
Tânia P. e Margarida (Sintra - 1993) |
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