"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

domingo, 6 de junho de 2010

A Sagração da Primavera

O acaso, hoje, levou-me a abrir O TEMPO, esse grande escultor. E reli o início do primeiro ensaio:

«Começa um ciclo novo: os primeiros caules verdes atravessam como setas as últimas folhas secas do Outono passado. Estamos no tempo em que as neves se derretem e o vento é agreste e em que um cristianismo ainda quase novo, importado do Oriente através da Itália, luta nas regiões do Norte contra um paganismo imemorial e se insinua como o fogo numa floresta velha de árvores mortas; estamos no dealbar tempestuoso do século VII.»
Marguerite Yourcenar

Noutro Oriente, o paganismo está presente e se insinua como o fogo, n' A Sagração da Primavera.

A Sagração da Primavera (Igor Stravinsky),
coreografia de Olga Roriz (CCB, Maio/Junho 2010)

«A Sagração é uma peça à espera do momento e do lugar certos, de uma vontade, de um desejo incontornável.
A Sagração é um desafio, um risco, uma queda no abismo ao qual loucamente me lancei com toda a minha paixão. (...)
Apenas o facto de escrever ou deixar escapar-me da boca a conjugação destas duas simples palavras "a minha Sagração", me transtorna a mente, o coração, a flor da pele.»
Olga Roriz (Maio 2010)

À boleia de quem gosto, liguei o lido, o visto e o ouvido/visto que se pode seguir...



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