"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Palácio de Cristal - o dinheiro é a alavanca de Arquimedes

«Um Palácio de Cristal no Porto já não é mera utopia de cristalinas imaginações. O dinheiro é a alavanca de Arquimedes.
"Dai-me um ponto de apoio e eu deslocarei o mundo", dizia o filósofo. Dai-me dinheiro, e eu cristalizarei a cidade eterna. É que o Porto está riquíssimo. Os capitais não sabem já onde hão-de frutificar cinco por cento. E os capitalistas começam a descrer de Cristo e da sua palavra, porque este dissera: "Dar-vos-ei cento por um" e as coisas correm de modo que daqui a pouco será muito feliz quem tirar um por cento.»
Camilo Castelo Branco, Revista do Porto
(saiu no jornal A Revolução de Setembro de 27 de Junho de 1861)



Lá se vai o aeroporto do Montijo!...




Uma posição muito liberal

(ou a relação entre vida política e sacrifícios)


Terá sido por isso que não foi o cabeça de lista em Lisboa?


quarta-feira, 30 de outubro de 2019

A arena da polémica

O nome do renovado Pavilhão, na "Imbicta", suscitou uma daquelas polémicas em que somos ricos - Pavilhão Super Bock, em letra grande, Rosa Mota em letra pequena.


O problema podia ter sido facilmente ultrapassado...
Se o Pavilhão era de Cristal e a renovação foi projetada pelo consórcio Círculo de Cristal, por que razão não se deu prioridade à cerveja Cristal? 


domingo, 27 de outubro de 2019

Açores, as vacas e o aquecimento

A questão da alimentação das vacas e da nossa.

Problema mais grave, nos Açores, pela existência do regime de "monocultura da vaca".
Esta semana, no DN.


Chile - memórias de outras lutas






Há precisamente 90 anos, o mundo começava a viver a Grande Depressão de 1929.


quinta-feira, 24 de outubro de 2019

J.S. Bach em islandês...



Uma noite descansada...


Júlio Resende

Teria feito 102 anos, ontem.

Júlio Resende junto ao seu painel Ribeira Negra (Porto)


Raios sobre a Baía de Cascais


Foi no princípio da semana.
A fotografia é de um vizinho (não foi da minha janela).


É só fazer contas!...



Deve ser esta a limitada acumulação de capital de que alguns falam...


Não responder ou não responder

«Três partidos – PS, PSD e CDS – não responderam à questão colocada pela Lusa e o PCP optou por não responder.»
DN/Lusa

Expliquem-me a diferença entre a atitude de PS, PSD e CDS e a do PCP!


domingo, 20 de outubro de 2019

Ondas na Parede


Esplanada do Sargo Bar


Meio século de In the Court of the Crimson King

Há quem tente uma vida toda...
Os King Crimson conseguiram uma obra-prima à primeira!...

Versão reduzida


50 anos de In the Court of the Crimson King
(editado a 10 de Outubro de 1969)


Até a capa do LP dos "novatos" se transformou numa obra icónica.


Manhãs de Outono



sábado, 19 de outubro de 2019

Perspectivas da revolta da Catalunha

«- Abençoada revolta da Catalunha - começa D. Álvaro de Abranches, com uma risada de satisfação, parecendo ler o meu pensamento –, que desviou de nós as atenções de Olivares e do seu exército! Espantou-nos a tardia reacção do conde-duque ao nosso golpe, como se lhe custasse a crer que os portugueses fossem capazes de tamanha ousadia. Essa imprevidência foi-lhe fatal. A res publica, por cá, ia de mal a pior. Eram poucos os que possuíam grossos cabedais, porque quem os tinha já saíra do reino ou empobrecera. Olivares, na sua cegueira, obrigava Portugal a pagar mais dez ou doze tributos do que Castela, encarregando Diogo Soares e Miguel de Vasconcelos de fazerem o trabalho sujo de nos espremer até o tutano.»
Deana Barroqueiro, 1640



Monumento Nacional devolvido à população?


«Já o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, lembra que "a conclusão do concurso para a concessão do Quartel da Graça permite, por um lado, a recuperação de um edifício indissociável da história da cidade de Lisboa e, por outro, a devolução à população de um imóvel que abriga séculos de memórias, incluindo as do início da fundação do país". O responsável refere ainda que "a rentabilização do Quartel da Graça, ao abrigo da Lei das Infraestruturas Militares, contribui para um dos mais importantes instrumentos de financiamento da Defesa Nacional e das Forças Armadas, (...)»
Diário de Notícias (ontem)

Um grupo hoteleiro vai converter o histórico convento num hotel de luxo e explorar a concessão durante 50 anos e o ministro acha que isso é devolver o imóvel à população?

Acredito que, de outra forma, não haveria dinheiro para recuperar o edifício (resta saber como o irão recuperar). 
Acredito que essa concessão seja um importante instrumento de financiamento da Defesa Nacional e das Forças Armadas. 
Espero que as Forças Armadas não passem a usar o logotipo das empresas hoteleiras a quem é concessionado este tipo de espaços.

Convento (actual quartel, futuro hotel) da Graça

Localizado no Largo da Graça, o convento tem uma vista privilegiada sobre Lisboa. Se tem!...
Fundado no século XIII, para os frades Agostinhos, foi reedificado no século XVI e restaurado após o terramoto de 1755.
Com a extinção das ordens religiosas, foi transformado em quartel, como muitos outros conventos no país. Está classificado como Monumento Nacional.
Fiz lá a minha primeira inspecção militar, no dia de aniversário da unidade, o que me valeu um almoço dito "festivo". Dito... 
A minha vida militar foi muito atribulada!...

A imagem do Diário de Notícias de hoje, como a de outras publicações, a propósito deste assunto, corresponde ao Regimento de Transmissões, em Sapadores, e não ao da Graça. 


sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Nesta tarde de outono ainda tocada por um vento de lábios azuis...



Devia morrer-se de outra maneira

Devia morrer-se de outra maneira.
Transformarmo-nos em fumo, por exemplo.
Ou em nuvens.
Quando nos sentíssemos cansados, fartos do mesmo sol
a fingir de novo todas as manhãs, convocaríamos
os amigos mais íntimos com um cartão de convite
para o ritual do Grande Desfazer: "Fulano de tal comunica
a V. Exa. que vai transformar-se em nuvem hoje
às 9 horas. Traje de passeio".
E então, solenemente, com passos de reter tempo, fatos
escuros, olhos de lua de cerimónia, viríamos todos assistir
a despedida.
Apertos de mãos quentes. Ternura de calafrio.
"Adeus! Adeus!"
E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento,
numa lassidão de arrancar raízes...
(primeiro, os olhos... em seguida, os lábios... depois os cabelos... )
a carne, em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se
em fumo... tão leve... tão subtil... tão pólen...
como aquela nuvem além (vêem?) — nesta tarde de outono
ainda tocada por um vento de lábios azuis...

José Gomes Ferreira





Jordão (1952-2019)


Junto de Eusébio (1972-73)


Um dos meus ídolos, do tempo em que, ainda miúdo, não falhava um jogo do Benfica.


segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Encontro com Vermeer em Delft



Fui deambulando pelas ruas,
cruzando canais, seguindo à margem de outros,
em direcção à praça principal,
e a esparsos vultos que da quietude emergem 
(como na vista da cidade, com o petit pan de mur jaune)
pergunto onde Vermeer morara.

Ninguém sabia. E fui de rua em rua
até chegar a uma pequena loja
que vendia simples lembranças da cidade
(azulejinhos, porcelanas, etc., para turistas).
A dona por certo saberia.

Ela sorriu, trouxe-me à outra porta 
que dava para a grande praça, e mostrou-me 
a placa na fachada do prédio.

Jorge de Sena (7/05/1969) 
Notas de um regresso à Europa





domingo, 6 de outubro de 2019

sábado, 5 de outubro de 2019

O mistério está todo na infância


E, por fim, Deus regressa
carregado de intimidade e de imprevisto
já olhado de cima pelos séculos
humilde medida de um oral silêncio
que pensámos destinado a perder
Eis que Deus sobe a escada íngreme
mil vezes por nós repetida
e se detém à espera sem nenhuma impaciência
com a brandura de um cordeiro doente
Qual de nós dois é a sombra do outro?
Mesmo se piedade alguma conservar os mapas
desceremos quase a seguir
desmedidos e vazios
como o tronco de uma árvore
O mistério está todo na infância:
é preciso que o homem siga
o que há de mais luminoso
à maneira da criança futura

José Tolentino Mendonça



Pela decência




Freitas do Amaral

«(...) em 74 e 75, quando todo o espectro político era ocupado pela esquerda e a direita mais conservadora podia ter renunciado a jogar o jogo do novo regime. Ironicamente, um fundador que, em termos psicológicos, sempre se viu mais ao centro do que à direita, e ainda bem, no princípio, porque isso o levou a puxar a direita para o centro, e não a explorar os seus ressentimentos para fora do regime (...) À distância, o que vai ficar é o fundador da direita em democracia e o pedagogo da democracia à direita.»
Marcelo Rebelo de Sousa, Um ano em exame (1994)




Dia de S. Francisco de Assis

(com um dia de atraso, porque o passarinho andou a voar...)

Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!
Mário Quintana