"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

sábado, 14 de julho de 2018

Os jornais portugueses de hoje


«Os jornais portugueses, uns mais do que outros, deixaram há muito de querer “interessar a todas as classes”, deixando de fora das suas páginas uma parte maioritária dos portugueses, cujos problemas no trabalho, na escola, na casa, na vida quotidiana, de segurança, de violência e crime, não chegam aos jornais em contraponto com uma qualquer performance “artística” que ocupa duas páginas ou com as encomendas das agências de comunicação, cuja origem é ocultada aos leitores. Falta cobertura independente e isenta dos negócios, das empresas, em particular das grandes empresas e dos centros de poder fáctico, como os grandes escritórios de advocacia de negócios. Não é por acaso que todos têm agências de comunicação. A arte e a cultura, tantas vezes medíocre, mas urbana e trendy, tem uma cobertura particularmente acrítica, mas com lugar nobre. O que falta? Um exemplo: em plena luta dos professores, o que é que sabemos da condição de se ser professor hoje, numa escola comum, com alunos comuns, mas reais, os que existem, os que lá estão? Quase nada, muito pouco. Não é glamoroso, eu sei.»

José Pacheco Pereira, Público, 30 de Junho de 2018


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