"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Ana Hatherly

SEM AMOR


Viver sem amor
É como não ter para onde ir
Em nenhum lugar
Encontrar casa ou mundo


É contemplar o não-acontecer
O lugar onde tudo já não é
Onde tudo se transforma
No recinto
De onde tudo se mudou

Sem amor andamos errantes
De nós mesmos desconhecidos

Descobrimos que nunca se tem ninguém
Além de nós próprios
E nem isso se tem

Ana Hatherly 
(Ana Maria de Lourdes Rocha Alves, 
Porto, 8 de Maio de 1929 - Lisboa, 5 de Agosto de 2015)


«O poeta é um pintor do mundo invisível»
(A.H.)


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