"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quarta-feira, 21 de maio de 2025

De preferência em silêncio...

Não consigo ouvir o discurso dos "cheganos". 

Está acima das minhas capacidades físicas e psicológicas: há um irritativo, pela forma e pelo conteúdo. Aceleram-se-me os batimentos cardíacos... 

Uma jornalista lembrou uma frase de Salgueiro Maia, em entrevista ao Expresso, antes das eleições de Abril de 1975: «Não há limites para as possibilidades de opção, e se o povo quiser ir para o inferno, é para o inferno que iremos.»

Posso ir para o inferno, mas prefiro ir em silêncio...

(muito menos cantando e rindo)


domingo, 18 de maio de 2025

Que faremos nós, filho, para que a vida seja mais que a cegueira e cobardia?

«Vais crescendo, meu filho, com a difícil luz do mundo. Não foi um paraíso, que não é medida humana, o que para ti sonhei.

Só quis que a terra fosse limpa, nela pudesses respirar desperto e aprender que todo homem, todo, tem direito a sê-lo inteiramente até ao fim. Terra de sol maduro, redonda terra de cavalos e maçãs, terra generosa, agora atormentada no próprio coração; terra onde teu pai e tua mãe amaram para que fosses o pulsar da vida, tornada inferno vivo onde nos vão encurralando o medo, a ambição, a estupidez, se não for demência apenas a razão; terra inocente, terra atraiçoada, em que nem sequer é já possível pousar num rio os olhos de alegria, e partilhar o pão, ou a palavra; terra onde o ódio a tanta e tão vil besta fardada é tudo o que nos resta; abutres e chacais que do saber fizeram comércio tão contrário à natureza que só crimes e crimes e crimes pariam.

Que faremos nós, filho, para que a vida seja mais que a cegueira e cobardia?»

Eugénio de Andrade
Ao Miguel, no seu 4º Aniversário, e contra o nuclear, naturalmente


Depois da missa, deu-lhe para a modéstia


A estratégia continua a funcionar
(contando com a bronquidão de muitos)

Foi pior do que esperava, e já não esperava nada de bom!
Estou à beira de um refluxo esofágico!...


Dia Internacional dos Museus 2025

Porque há mais vida para além das eleições...


«Em comunidades em rápida transformação, podemos e devemos ser pontos de ancoragem cultural, locais de resistência à homogeneização e ferramentas para a construção de futuros mais justos e colaborativos. Podemos atuar como pontes entre o passado e o futuro, entre o local e o global, entre o individual e o coletivo. (...)
O futuro dos museus não é apenas uma questão de inovação tecnológica, de sustentabilidade e de democracia cultural — é, sobretudo, uma questão de responsabilidade política e de coragem institucional frente à regressão dos direitos universais humanos. O medo sempre foi e será sempre inimigo da liberdade.»
David Felismino,
Presidente do ICOM Portugal [Conselho Internacional de Museus]


sábado, 17 de maio de 2025

Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos!

Acabar... não sabemos!

Acalanto


Quando o silêncio não é uma opção


Haja alguém que não se cala!


17 de Maio (com o Sporting campeão)

Confirmou-se...

Mas hoje será o dia em que mais facilmente aceito o título do Sporting: 

Porque alguém, no seu 100.º aniversário, ficaria feliz...


«E assim estás no meio do amor como o centro da rosa.

Essa ânsia de amor de toda a tua vida é uma onda incandescente.»

António Ramos Rosa, Mãe




sexta-feira, 16 de maio de 2025

A fotografia vencedora do World Press Photo 2025


A fotografia é da freelancer Samar Abu Elouf e retrata Mahmoud Ajjour, um menino palestiniano com 9 anos em Março de 2024, quando perdeu os braços na sequência de um ataque israelita à faixa de Gaza. 


Ridiculamente patético!


Primariamente asqueroso!

Mas há muitos acéfalos que gostam...

Como "o outro" disse:
"O fanatismo e a inteligência nunca moraram na mesma casa."


Pois!...





domingo, 11 de maio de 2025

Tendências...

Prognósticos, só depois de...! Mas...

Prevejo uma semana em que, no final, deverei ter dois desapontamentos: um mais fútil, o futebolístico, outro mais relevante, o político.

As duas situações em tempos idos...

Dizem que esta foto será de um Benfica - Sporting de 1915
(o Sporting terá ganho por 2 -1)



Resultados das primeiras eleições legislativas após o 25 de Abril de 74
(ainda eu não podia votar)

Uma boa semana!


The Beatles, Good night


sábado, 10 de maio de 2025

Oh, não!

Para o que lhe havia de dar! 


Imagino o Luís Montenegro intermitente, a acender e a apagar...
(acender-se e apagar-se?)

Deixa o Luís, deixa o Luís,
deixa o Luís acender a luz.
Deixa o Luís, deixa o Luís,
deixa o Luís apagar a luz.


sexta-feira, 9 de maio de 2025

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Dia da Vitória na Europa

Paris

Após quase seis anos de conflitos, o marechal Wilhelm Keitel, chefe do comando supremo das Forças Armadas após 1938 e conselheiro militar de Adolf Hitler, assinou a capitulação sem condições do III Reich, em Berlim, às 23:01 do dia 8 de Maio de 1945. 



Londres

Nova York

Moscovo (já a 9 de Maio)


Com clave, para acertar a altura das notas musicais

Quando tanto se fala de conclave, as claves... para estarmos mais afinados, mais consensualizados na música, sem fumo preto.

As claves musicais são os símbolos que aparecem no início das pautas com a função de indicar a altura das notas - mais graves ou mais agudas. 

Existem três claves principais: a clave de sol, a clave de fá e a clave de dó. Cada uma delas com uma forma diferente e uma história curiosa por detrás. 

A clave de sol é a mais usada. O seu símbolo poderá ter origem na letra “G” que os monges copistas usavam para indicar a nota sol, muito frequente nos cantos gregorianos. Outra teoria é a de que ela vem de um símbolo que representava um chifre de carneiro, que era um instrumento musical antigo. Ainda há quem diga que é uma evolução de um sinal que indicava a palavra “gamma”, o nome da nota sol em grego.

A clave de fá tem o formato de um “F” meio torto, e se apoia na quarta linha da pauta, indicando que ali está a nota fá da terceira oitava.

Uma das teorias sobre a sua origem é a de que deriva de uma cruz que os músicos usavam para indicar a nota fá, que era a primeira nota da escala hexacordal, um sistema musical antigo. Outra teoria é que ela vem de um símbolo que representava um alaúde. também pode ser a evolução de um sinal que indicava a palavra “fa”, que era o nome da nota fá em latim.

A clave de dó tem o formato de um “C” meio estilizado, e pode aparecer em diferentes posições na pauta, dependendo do instrumento ou da voz que se quer representar. A partir dessa referência, como as outras claves, podemos identificar as outras notas na pauta, seguindo a mesma sequência da escala natural ou diatónica, que é a base da música ocidental.

A clave de dó deriva da letra “C” que os frades copistas usavam para indicar a nota dó, que era a nota central da escala hexacordal.

As claves, pessoalmente, não me servem para nada. Mas ainda bem que muita gente sabe escrever/fazer música, com agudos, graves ou intermédios. Com claves...

É um gosto ouvir!



Com vista p'ros autocarros!

É bom que o fumo branco saia pela chaminé até Sábado!

No Sábado, as televisões portuguesas querem transmitir as imagens das traseiras dos autocarros do Benfica e do Sporting.

Que o Papa não atrapalhe!

 

quarta-feira, 7 de maio de 2025

Com vista p'ra chaminé!

Há uma série de canais de televisão que só transmitem a imagem desta chaminé... 


à espera da prima fumata...


segunda-feira, 5 de maio de 2025

domingo, 4 de maio de 2025

Cantigas do Maio

 

Cantigas do Maio

O ápice da MPP

(para limpar os ouvidos)


O insustentável peso da liberdade

 


Esse país europeu que é Israel


Os atletas da selecção de esgrima sub-23 da Suíça, que perderam na final do campeonato europeu com Israel, não se voltaram para as bandeiras no momento de se ouvir o hino do país vencedor.

Consequências: 

- O embaixador suíço em Israel pediu desculpas, salientando que "as cerimónias desportivas não devem ser usadas para passar mensagens políticas".

- A Associação Suíça de Esgrima anunciou que retirou os atletas da lista olímpica e cancelou as suas bolsas. 

- Dois grandes patrocinadores cancelaram os contratos com os atletas em causa.

Conclusões:

As mensagens políticas no desporto só servem para algumas ocasiões - quando se cancela a participação de equipas russas, por exemplo, porque a Rússia invadiu a Ucrânia.

As equipas de Israel, esse grande país europeu, podem continuar a participar nas competições europeias, porque em Gaza não se passa nada.

Ah, o poder financeiro dos judeus, que tão respeitado é!

Saúdo a coragem dos atletas suíços pela sua atitude, os quais irão encontrar, certamente, muitas pedras futuras na sua carreira.

 

sexta-feira, 2 de maio de 2025

"Longe, longe, ouço essa voz que o tempo não vai levar"

Morreu quem assim cantava, em Sentinela, com Milton nascimento.





Tony, meu nome é Tony Spinumviva..

... e sou o grande criador plagiador 
de toda a música ró...
Quando o 25 de Abril é adiado... 
evidentemente que é secundarizado!
(por alguma razão o convidado era o Tony Carreira e não A Garota Não)


há quem seja comum
há quem não tenha assunto
há quem traga mais um
há quem traga um conjunto

porque a força que traz
tem o povo na frente
e ser um dos que faz
resistência à corrente
derramar na canção
o que dói no país
ser a revolução
ser a boca que diz:
"que caminho tão longo
que viagem tão comprida
que deserto tão grande
sem fronteira nem medida"
Liberdade
Querida liberdade
O nosso chão tem sonhos e vontade




quinta-feira, 1 de maio de 2025

Maio

«A gente estava em maio. Quero bem a esses maios, o sol bom, o frio de saúde, as flores no campo, os finos ventos maiozinhos.»

João Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas


Madredeus, Maio, Maduro Maio (de José Afonso)


quarta-feira, 30 de abril de 2025

Dia Internacional do Jazz

O Dia Internacional do Jazz celebra-se no dia 30 de abril, desde 2012. A efeméride foi instituída pela UNESCO.
A data é celebrada com concertos e eventos por todo o mundo.


Charlie "Bird" Parker, Yardbird Suite

«Tudo o que em jazz se tocou desde 1945 até hoje, recorda Charlie Parker, verdadeiro criador do jazz moderno.» (José Duarte, 1964)


Campanha eleitoral em tempo de apagão

«Faço a luz e crio as trevas, sou o autor do bem-estar e o criador da desgraça.
Sou eu, o SENHOR, que faço tudo isto.»
(Isaías, 45:7)

 
E a campanha eleitoral sou eu que a faço!

O apagão foi um bom motivo para ter tempo de antena e procurar dar o ar de um chefe de Governo sereno e competente. 
Tudo funcionou bem por esse motivo: pela competência do Governo, nomeadamente do seu líder.
Toda a gente sabe que foi ele que solucionou o problema: ligou os fusíveis e atarraxou a lâmpada.

«Então Deus disse: "Que a luz exista!" E a luz começou a existir. (Génesis, 1:3)


Os cartoons do "apagão" (de André Carrilho)

 




Líder da luta anticolonialista... avant la lettre

Onze pessoas morreram em Vancouver, na noite de Sábado, na sequência de atropelamento provocado por um condutor que "atirou" o carro contra uma multidão que participava num festival da comunidade filipina - o Lapu Lapu Day Block Party.

Diz o Diário de Notícias que o festival "presta homenagem a um líder da luta anticolonialista do século XVI nas Filipinas."

Esse líder, de nome Lapu Lapu ou Celapulapu, era um rajá que reinava na ilha de Mactan, uma ilhota do arquipélago das filipinas.

Na sua viagem de circum-navegação, Fernão de Magalhães, na sua procura pelas ilhas Molucas, foi dar às Filipinas (Março de 1521) e estabeleceu óptimas relações com Humabon, rei de Cebu, ilha fronteira a Mactan, que converteu em súbdito do imperador Carlos V. Numa cerimónia religiosa de pompa e circunstância, Humabon foi convertido ao cristianismo, adoptando o nome de Carlos. 


Para demonstrar o valor de ser súbdito de Carlos V, Magalhães propôs-se realizar uma operação militar com cerca de 60 dos seus homens contra Celapulapu, submetendo este senhor rebelde que recusara prestar vassalagem ao rei de Cebu (e, indirectamente, a Carlos V).

Esta intervenção pecou por excesso de confiança face às centenas de nativos de Mactan que resistiram ao ataque. Depois...

«Os nativos entretanto foram-se aproveitando do cansaço dos invasores, os quais sofriam com o peso das armaduras muito quentes naquele clima tropical durante um combate prolongado em que os nativos atacavam incessantemente os poucos inimigos que ali estavam. Eles acabaram por se aproximar em grande número, tendo começado por ferir Magalhães com uma seta na perna direita que estava desprotegida. Depois ele recebeu outras feridas, nomeadamente no braço direito e na perna esquerda, o que o levou a cair e a receber tantos golpes dos numerosos assaltantes que acabaram por o matar, enquanto os companheiros fugiam com água pelos joelhos. Segundo um testemunho, o golpe final teria sido dado por uma lança na garganta.» (José Manuel Garcia)

«Foi desta forma absurda, no momento mais alto e soberbo de realização, que terminou a vida do maior navegador da História: numa miserável escaramuça com uma horda de insulanos nus. Um génio que, à semelhança de Próspero, dominou os elementos, venceu todas as tempestades, submeteu gentes e povos, é abatido por um ridículo insecto humano, Cilapulapu! (...)» (Stefan Zweig)

Estávamos em 27 de Abril de 1521. Celapulapu foi transformado em herói nacional filipino.

As Filipinas, arquipélago que foram alvo de um processo de colonização espanhol iniciado por Magalhães. O seu próprio nome deriva do de Filipe II de Espanha.

Lapulapu acabou por ser considerado, retroactivamente, o primeiro herói filipino e, em 27 de Abril de 2017, o Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, declarou esta data como o Dia de Lapulapu, o primeiro filipino a opôr-se ao domínio estrangeiro.  

Nunca ele teria pensado nisso!...


Os monumentos de Cebu e de Mactan exprimem uma dualidade entre a celebração da chegada dos espanhóis que colonizaram o arquipélago e deixaram uma forte herança católica e a celebração (do símbolo) de quem lutou contra os mesmos espanhóis e venceu o seu primeiro capitão, por acaso (na verdade, não tanto por acaso...), português.


sexta-feira, 25 de abril de 2025

Há 50 anos: a primeira experiência de sufrágio livre, direto e universal





E que experiência!

Nesta data, ainda eu não tinha direito a votar.
Mas lembro-me do entusiasmo que foi, da campanha eleitoral, do movimento na rua no dia das eleições, da noitada a ouvir os resultados...
Era tudo uma novidade e uma descoberta. Uma aprendizagem.

E, à distância de 50 anos, penso no mérito de quem preparou todo o processo eleitoral - apesar da inexperiência de um acto desta natureza, pouco houve que alterar desde essas eleições - e na qualidade dos deputados eleitos para a Assembleia Constituinte, que ponderaram as experiências históricas dos diferentes regimes políticos contemporâneos portugueses e elaboraram uma Constituição que equilibra harmoniosamente, a meu ver, os diferentes poderes, procurando evitar erros cometidos no passado.


Sempre!









Há vantagem em ser jovem e poder andar às cavalitas!

Muita juventude no desfile, felizmente.
(e não falo dos pequenos que ainda andam às cavalitas)