Com um trajecto semelhante ao da manifestação de 15 de Novembro de 2008, decorreu hoje uma nova manifestação de professores.
Terá sido um remaking, o reavivar das memórias de uma das grandes manifs, promovida por um conjunto de movimentos independentes de professores, insatisfeitos com a sua situação profissional e com a actuação dos movimentos sindicais.
A de hoje teve na sua génese a luta desencadeada por um sindicato - o S.TO.P. (Sindicato de Todos os Professores) - que tem aproveitado a inépcia da que é a mais representativa organização sindical de professores, para se apresentar como aquele que consegue mobilizar o grande descontentamento da classe docente, responder aos seus anseios e resgatar o movimento sindical da inoperância.
Muitos professores aderiram à greve promovida pelo S.TO.P. na última semana, mesmo não pertencendo a esta organização sindical, fartos e frustrados de anteriores lutas sindicais, demasiado brandas e inconsequentes. Muitos professores alinharão em processos de luta que lhes pareçam menos mansos e que não sejam de tacticismo político, fartos que estão de situações mal resolvidas, que são causadoras de injustiças e, consequentemente, de um profundo desagrado.
O processo desencadeado pelo S.TO.P. parece-me anárquico (na sua organização, na lista extensa de objectivos, mas pouco definida quanto ao que se considera serem as metas a atingir para cada um deles), e oportunista, no sentido em que preenche o vazio da acção da FENPROF, retirando-lhe protagonismo e apoiantes, aproveitando para se afirmar no quadro sindical dos professores. Ganhou espaço (com um passo maior do que a perna?).
A FENPROF fez a sua greve sazonal, enquadrada no processo de luta da CGTP no período pré-votação do Orçamento de Estado, e parece ter hibernado. Aguarda o calendário de actividades dos seus mentores políticos.
Sobrou o espaço para a criação de dinâmicas locais, muito diferentes em função da capacidade de mobilização e do perfil de cada escola/agrupamento.
Será da idade (com o fim de carreira à vista), mas prevejo que o "dia histórico" de hoje terá o mesmo destino que o dia histórico de 15 de Novembro de 2008. Ou o 15 de Junho de 2013... Ficamos satisfeitos com as manifestações!
Pouco se tem conseguido para uma carreira digna dos professores. Não vejo "união pela educação", nomeadamente a nível dos sindicatos. Quando as organizações que devem zelar pelos nossos direitos andam de candeias às avessas... Mas não podemos descartá-las. Temos é de as fazer mexer (e como elas se assustaram com a manif de 2008!). É difícil o sucesso com lutas inorgânicas, por muito que os professores estejam revoltados com a sua situação e com o futuro que se desenha no horizonte.