«Não acho que o principal problema da sociedade portuguesa é o racismo, nem o principal nem o décimo problema. Nem acho que o racismo seja o principal problema dos negros em Portugal. O principal problema da maioria dos negros em Portugal é que são mão de obra barata, para as limpezas e os bastidores dos restaurantes
fast food, e isso é assegurado pela guetização estratégica dos bairros camarários, situados na periferia das empresas que é preciso limpar e dos
shoppings que é preciso servir. E é assegurado pelas escolas TEIP, de currículos reduzidos e paternalistas, que impedem a mobilidade social. Isto chama-se capitalismo (palavra que nunca ouvimos a deputada pronunciar), não se chama racismo.»
Ao ler o texto de Raquel Varela, lembrei-me do polémico discurso de João Miguel Tavares, em Cabo Verde, nas comemorações do 10 de Junho de 2019.
«O problema não é haver tantos cabo-verdianos com 40 ou 50 anos de idade a limpar casas ou a construir estradas e edifícios em Portugal. A pobreza e o défice de educação têm um grande impacto em qualquer vida. O verdadeiro problema surge quando os seus filhos de 20 anos, que já foram criados em Portugal, continuam a limpar casas e a construir estradas e edifícios. (...) isso significa que a escola pública não lhes está a dar tanto quanto devia e que Portugal tem de conseguir abrir as portas do elevador social em vez de continuar a oferecer escadas para lavar.»
Algumas semelhanças de pensamento em pessoas de quadrantes distintos.
Mas JMT não culpa o capitalismo...