Ontem, eu reparava no sorriso das vacas...
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)
quarta-feira, 30 de abril de 2025
Dia Internacional do Jazz
Campanha eleitoral em tempo de apagão
Líder da luta anticolonialista... avant la lettre
Onze pessoas morreram em Vancouver, na noite de Sábado, na sequência de atropelamento provocado por um condutor que "atirou" o carro contra uma multidão que participava num festival da comunidade filipina - o Lapu Lapu Day Block Party.
Diz o Diário de Notícias que o festival "presta homenagem a um líder da luta anticolonialista do século XVI nas Filipinas."
Esse líder, de nome Lapu Lapu ou Celapulapu, era um rajá que reinava na ilha de Mactan, uma ilhota do arquipélago das filipinas.
Na sua viagem de circum-navegação, Fernão de Magalhães, na sua procura pelas ilhas Molucas, foi dar às Filipinas (Março de 1521) e estabeleceu óptimas relações com Humabon, rei de Cebu, ilha fronteira a Mactan, que converteu em súbdito do imperador Carlos V. Numa cerimónia religiosa de pompa e circunstância, Humabon foi convertido ao cristianismo, adoptando o nome de Carlos.
Para demonstrar o valor de ser súbdito de Carlos V, Magalhães propôs-se realizar uma operação militar com cerca de 60 dos seus homens contra Celapulapu, submetendo este senhor rebelde que recusara prestar vassalagem ao rei de Cebu (e, indirectamente, a Carlos V).
Esta intervenção pecou por excesso de confiança face às centenas de nativos de Mactan que resistiram ao ataque. Depois...
«Os nativos entretanto foram-se aproveitando do cansaço dos invasores, os quais sofriam com o peso das armaduras muito quentes naquele clima tropical durante um combate prolongado em que os nativos atacavam incessantemente os poucos inimigos que ali estavam. Eles acabaram por se aproximar em grande número, tendo começado por ferir Magalhães com uma seta na perna direita que estava desprotegida. Depois ele recebeu outras feridas, nomeadamente no braço direito e na perna esquerda, o que o levou a cair e a receber tantos golpes dos numerosos assaltantes que acabaram por o matar, enquanto os companheiros fugiam com água pelos joelhos. Segundo um testemunho, o golpe final teria sido dado por uma lança na garganta.» (José Manuel Garcia)
«Foi desta forma absurda, no momento mais alto e soberbo de realização, que terminou a vida do maior navegador da História: numa miserável escaramuça com uma horda de insulanos nus. Um génio que, à semelhança de Próspero, dominou os elementos, venceu todas as tempestades, submeteu gentes e povos, é abatido por um ridículo insecto humano, Cilapulapu! (...)» (Stefan Zweig)
Estávamos em 27 de Abril de 1521. Celapulapu foi transformado em herói nacional filipino.
As Filipinas, arquipélago que foram alvo de um processo de colonização espanhol iniciado por Magalhães. O seu próprio nome deriva do de Filipe II de Espanha.
Lapulapu acabou por ser considerado, retroactivamente, o primeiro herói filipino e, em 27 de Abril de 2017, o Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, declarou esta data como o Dia de Lapulapu, o primeiro filipino a opôr-se ao domínio estrangeiro.
Nunca ele teria pensado nisso!...
Os monumentos de Cebu e de Mactan exprimem uma dualidade entre a celebração da chegada dos espanhóis que colonizaram o arquipélago e deixaram uma forte herança católica e a celebração (do símbolo) de quem lutou contra os mesmos espanhóis e venceu o seu primeiro capitão, por acaso (na verdade, não tanto por acaso...), português.
sexta-feira, 25 de abril de 2025
Há 50 anos: a primeira experiência de sufrágio livre, direto e universal
Sempre!
segunda-feira, 21 de abril de 2025
A Páscoa do Papa Francisco
Francisco parece ter prolongado a vida para celebrar a Páscoa. Para então se entregar.
O aparecimento na varanda da Basílica de S. Pedro, ontem, para a tradicional benção, terá sido um momento de superação das suas fraquezas e de alegria para o Papa.
Nunca senti empatia com qualquer dos seus antecessores.
domingo, 20 de abril de 2025
A Páscoa. Que Páscoa?
«(…)
Em todos os lugares, seja de que país for, a tarefa desta
Páscoa não deveria ser só celebrar os ritos, mas alterar o rumo das sociedades,
a situação das vítimas da guerra, da fome, da falta de uma ecologia integral.
A questão que se nos devia impor é esta: este mundo não
poderá ser de outra maneira? A própria noção de criação é a de colocar o mundo
sob a nossa responsabilidade.
Não se pode perder de vista que só nos salvamos através da
salvação dos outros, através da convivialidade, através de tudo o que faz do
ser humano o companheiro do outro, o irmão do outro, porque "a expressão
máxima do diálogo com Deus é sempre estender a mão a quem precisa".
O Crucificado, o rejeitado por uma coligação de interesses,
abriu, a todos, o caminho e o processo da ressurreição. Jesus, ao perdoar aos
próprios inimigos, ao entregar nas mãos do Deus vivo aqueles que o entregavam à
morte, consumou a sua insurreição contra tudo o que degrada e separa os seres
humanos, isto é, o poder do ódio, o poder da morte. A partir daquele momento
Jesus Cristo era, é e será para sempre uma vida dada.
Que a celebração da Ressurreição de Cristo nos ajude a
procurar os bons caminhos para vencer as raízes dos ódios que ensanguentam a
terra.
A todos uma Santa Páscoa!»
Frei Bento Domingues, Público
sábado, 19 de abril de 2025
Política de e/ou para voyeurs
Em dia das cerimónias fúnebres de João Cravinho, fundador do MES, ministro de mais do que de um governo, deputado na Assembleia da República e no Parlamento Europeu, conselheiro de Estado, homem que discutia (as) políticas... dou comigo a pensar que, para as eleições legislativas que se aproximam, tão ou mais importantes que as ideias políticas parecem ser as contas das casas ou dos negócios dos dois principais líderes partidários.
Não sei se as contas disponibilizadas por Pedro Nuno Santos, relativas à compra das suas duas casas, não terão tido mais "leitores" do que o programa do PS. Este período pascal forneceu um tempo extra para a bisbilhotice sobre o que devia ficar em privacidade ou ser só acedido por parte de quem tem funções (ou autorizações) legais para o fazer.
Aguardo se também serão apresentadas contas ou outros documentos por parte de Luís Montenegro.
Não sei se ficaremos esclarecidos e se as intenções de voto se farão mais em função do acerto dos números - e do que isso representa de confiabilidade nos líderes - ou das ideias apresentadas para a governação.
Quando comparo os tempos da História e os principais políticos activos com aqueles que nos foram deixando ou vão saindo da vida pública, fica um profundo sentimento de perda.
segunda-feira, 14 de abril de 2025
Mario Vargas Llosa (1936 - 2025)
E ontem se foi Mario Vargas Llosa, o Prémio Nobel da Literatura de 2010, que gostava de organizar a vida como se fosse viver eternamente e que pediu para ser lembrado pela escrita e pelo trabalho.
domingo, 13 de abril de 2025
Carlos Matos Gomes (1946 - 2025)
Sempre muito interventivo na defesa dos valores por que se bateu mais de cinco décadas, "comando" nas três frentes de guerra (Angola, Moçambique e Guiné), foi um dos militares descartados com o 25 de Novembro.
Seguia-o nas suas análises políticas, argutas, por via de regra em contracorrente, mas, sempre, comprometidamente livres.
Comecei por o conhecer pelo nome de Carlos Vale Ferraz, pseudónimo com que assinou um conjunto de romances em que as questões em torno da guerra colonial são centrais.
Investigou e publicou sobre História Contemporânea de Portugal, nomeadamente Guerra Colonial, com Aniceto Afonso.
sexta-feira, 11 de abril de 2025
Impagável
Priceless!
quarta-feira, 9 de abril de 2025
Aind'a bunda
Só a bunda existia, o resto era miragem
segunda-feira, 7 de abril de 2025
Find the Cost of Freedom
Editado há 54 anos, Crosby, Stills, Nash & Young, 4 Way Street.
domingo, 6 de abril de 2025
Indignação contra o betão
Manifestação, ontem, pelo resgate da Quinta dos Ingleses, contra o excesso de construção, pela protecção da orla costeira e dos parques urbanos e naturais no concelho de Cascais.
sábado, 5 de abril de 2025
Quem é que, afinal, percebe de comboios?
sexta-feira, 4 de abril de 2025
III Congresso da Oposição Democrática - 4 a 8 de Abril de 1973
“Pela primeira vez se tentava a nível nacional a elaboração
de um completo diagnóstico da sociedade portuguesa acompanhado de um verdadeiro
programa de transformação nos mais variados sectores de governação, no âmbito
de um processo amplamente participado.” (António Reis)
A declaração final estabelecia os objectivos a atingir, nomeadamente o fim da Guerra Colonial (houve a defesa do início das negociações com vista à concessão da independência a Angola, Moçambique e Guiné-Bissau), as liberdades democráticas e, declaradamente, “o objectivo final da conquista do socialismo”. O Partido Socialista seria fundado poucos dias depois (19 de Abril).
Na sua intervenção, José Medeiros Ferreira já previu, não
sem alguma polémica, o envolvimento das Forças Armadas no derrube do regime,
sendo também na sua comunicação ao Congresso que foram consagrados os célebres
"Descolonizar", "Democratizar" e "Desenvolver", subtítulos
da tese que apresentou e objectivos assumidos mais tarde no programa do MFA no
pós-25 de Abril.
Consta que estiveram presentes vários Capitães que viriam a
pertencer ao MFA.
As teses foram publicadas em sete volumes, dos quais quatro
só foram publicados após o 25 de Abril de 74.