domingo, 30 de outubro de 2011

De Nascente a Poente









Dia a dia mal o sol subir pela manhã acima
e alcançar conveniente altura
escreverei em tua honra esse poema a que a tarde virá pôr
um ponto final tão rubro como um poente
e chamar-lhe-ei o poema de um dia

Ruy Belo, (excerto de) Aquele Grande Rio Eufrates

Direitos adquiridos - quem os tem chama-lhes seus

Todos têm o direito de mudar de opinião.

Alguns têm o direito de manter os seus... direitos adquiridos.
Os outros têm de compreender que não podem manter os seus... direitos adquiridos.

Eu já estou habituado a que os meus não sejam considerados adquiridos de todo.

Quem tiver paciência pode comparar os discursos do Dr. Ângelo Correia, na SIC Notícias, no programa Plano Inclinado do dia 8 de Novembro de 2010 (é entre o minuto 33.15 e o 34.10), e as respostas dadas, em 24 de Outubro de 2011, à Antena 1.

No primeiro é dito: "Direitos adquiridos são os direitos políticos: direito à vida, direito à liberdade, à propriedade."
"(...) e outros [direitos] são decorrentes da economia: não são adquiridos. Só o são enquanto a economia for sólida... É o B-A-BA."
"Essa burla dos direitos adquiridos não existe."

Angelo_Correia_na_SIC_Not-2010-11-08:

No segundo discurso é mais curto e directo (46 segundos), reportando-se à sua situação pessoal:

Angelo_Correia_na_Antena1-2011-10-24

Saber ler, escrever e... descontar

«Às vezes ponho-me a imaginar com que frequência Nuno Crato se arrepende de ter aceitado ir para dentro do zoo, perdão, para a arena, perdão, para a tutela que trata das escolas. Pergunto-me se não bate no peito e na cabeça, protestando que bem melhor seria ficar em casa, não a cuidar da educação dos filhos, mas a preparar-se para a dos netos. Quantas vezes se lamentará para consigo: "Eu não tenho nada a ver com este universo!" (...)
Porque, verdade se diga, foi em muito má altura que nomearam para ministro da Educação um matemático. Dado o jeito em que está o país, os portugueses hoje não precisam de saber contar. Têm é de habituar-se a sério, e de aprender, a descontar.»

Onésimo Teotónio Almeida, Diacrónicas - Contas de sumir, Ler, Outubro de 2011


sábado, 29 de outubro de 2011

12 vencimentos


"Gostaríamos muito que essa não fosse a realidade e tudo faremos nesse sentido. Mas deixe-me dizer-lhe que muitos países da União Europeia, cito a Holanda, a Noruega, a Inglaterra. Essa tem sido uma tradição mais dos países do Sul da Europa, Portugal, Espanha, Itália. Aqueles que até se encontram em piores circunstâncias", afirmou o minsitro.
Muitos países da União Europeia têm ordenados médios muito superiores aos que são pagos em Portugal.
Muitos países da União Europeia também têm ministros mais inteligentes (e que sabem, nomeadamente, que a Noruega não pertence à CE).

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Margarida em dia de Tintim (ou vice-versa)

Continua a ser uma rapariga equilibrada.
Beijinhos

Margarida no cúmulo do equilíbrio
Portinho da Arrábida, 1993


Chegou o Tintim em 3D

Realizado por Steven Spielberg, chegou aos cinemas portugueses As Aventuras de Tintim: O Segredo do Licorne.

Tintim e os seus amigos partem em busca de um tesouro, seguindo indicações descobertas sobre um navio naufragado, comandado por um antepassado do Capitão Haddock.
As acidentadas viagens, por entre ladrões, piratas, exílios em ilhas perdidas e tesouros misteriosos, remetem-nos para A ilha do tesouro.


Há algumas curiosidades sobre o livro de Hergé: foi escrito em plena II Guerra Mundial, 1942, e publicado no jornal Le Soir, em pranchas semanais, como era habitual.
As pesquisas para a obra foram de um amigo de Hergé, filho de um antigo oficial da marinha de guerra francesa. O Licorne é “criado” a partir das informações sobre dois barcos de guerra: o Brillant e o Soleil Royal. Que outros nomes para barcos do rei Luís XIV? Mas há quem diga que as peças de artilharia estão mal distribuídas...
O Segredo do Licorne teria a sua continuação em O tesouro de Rackham O Terrível.

Será que Spielberg abriu o filão Tintim?


Experimenta visitar o Museu Hergé
http://www.museeherge.com/

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Lara - mais um ano de caminho

O caminho entre a pousada e o restaurante
Negrito - Terceira, Maio de 1997

domingo, 23 de outubro de 2011

Outono a sério


A fotografia... é do Verão, apesar das castanhas (jardim do palácio dos Biscainhos, Braga).

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Tropeções

Há os tropeções reais e os metafóricos.

Na 4.ª feira passada, foi um verdadeiro tropeção, seguido de valente espalhanço. Não me lembro de um assim. Só terá comparação com um voo sobre um muro seguido de aterragem em cima do recipiente de barro onde as galinhas iam beber água. Três pontos junto ao olho direito - mais um pouco e era um jovem Camões!

Hoje, tropecei nesta notícia, tropeção ético de um Governo que se quer impoluto.


Pode ser legal (até são "eles" que fazem as leis!...), mas é eticamente "abaixo de cão"!
É por estas e por outras...



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Como podemos inverter isto?

Resposta à ligação/comentário da Cátia (noutro canal)

Não se pode inverter? [a situação económica-financeira-social-política e essa cangalhada toda]
Poder... podia, mas não com esta gente.
Nesta altura, sou homem de pouca fé.
Pode ser uma fase (às vezes há alinhamentos astrais, contextos pessoais que dificultam uma visão optimista).
Mas, mesmo pensando mais friamente, não antevejo essa inversão, um câmbio de sentido... pelo menos, para já.
Portugal não é uma ilha (e se calhar, é pena!)
Somos uma peça (pequena) numa engrenagem (grande).
Quando olhas à volta e vês outras peças maiores e mais importantes serem governadas como são, a começar pela Comunidade Europeia (parece que somos governados por um molho de nabos!)...
A CE não é comunidade, nem sei se existe ainda – não há um sentido colectivo. A Alemanha e a França decidem e cada um dos restantes países safa-se o melhor que pode, mesmo prejudicando os outros. “Nós não somos a Grécia!” – dizem os nossos governantes. Mas olimpicamente vamos a caminho disso!
Governa-se em função de números, dados estatísticos (mesmo que falsos), que não deixam ver as pessoas. Assim são os governos: impessoais, frios, tecnocráticos, como os modelos de gestão de empresas, que se querem extensíveis às escolas, serviços de saúde, etc. São os novos paradigmas. São neoliberais (dizem). Pode ser que venham a “passar de moda”, mas, entretanto, são como os eucaliptos: secam tudo à sua volta.

Inverter? É preciso acção e muito pensamento.
Não basta indignarmo-nos. Pode ser um princípio. Aqui, ali... No fim de semana passado, nas ruas de 900 cidades de cerca de 80 países houve o protesto dos ditos indignados contra as políticas financeiras e as medidas de austeridade.
A luta pela inversão tem de ser global e local. Mas como dizia Vasco Santana, no filme, “Chapéus Indignações há muitas!” Até os “situacionistas” compreendem a(s) indignação(ões).
Organizar a indignação para que ela seja consistente não é fácil. Há muitos jovens indignados, como é natural, e os jovens são mais impulsivos e voluntariosos. Os indignados mais cotas já terão alguma dificuldade em se identificarem com um movimento “juvenil”.
As gerações mais novas, pela sua vivência e formação, são mais individualistas e assertivos, funcionando numa lógica mais desenquadrada.

Politicamente, no concreto, o BE será a organização mais próxima deste tipo de manifestação/acção. O PCP é mais “clássico” na forma de actuação, enquadra-se e enquadra de outra maneira. E a grande maioria, mesmo insatisfeita, vota no mesmo ou parecido quando chega a hora de decidir nas urnas, vota CDS-PSD-PS. As maiorias dão conforto e desculpabilizam. As responsabilidades são disseminadas.
Os sindicatos pararam no tempo, qualquer que seja a tendência.
O exercício da cidadania em Portugal não é exemplar (por mim também falo) e os partidos ou organizações que existem são paternalistas.
Novas organizações políticas e sociais? Não é fácil a sua afirmação. Tudo está cristalizado. A diversidade (e teimosia?) de posições dificulta a organização de qualquer movimento que se pretenda eficaz. O pós-25 de Abril foi fértil, agora... Pode ser que, no futuro, a necessidade obrigue.
Ideologias? Moribundas ou inexistentes. Afirmou-se já o fim das ideologias, o que seria a sagração da vitória dos tecnocratas, daqueles que dizem que não há alternativas.
É aqui que faz falta o pensamento – pensamento alternativo, entenda-se, que faça inverter ou que crie esperança na inversão. O que vejo (ouço) é pobre, muito pobre.
Por isso tenho dificuldade em ver mais longe e em acreditar que a inversão é possível a curto ou médio prazo.
Vou-me indignando um bocadinho todos os dias (uns mais do que outros).
Indignação, quem a tem chama-lhe sua.
Pessimista?

Direito ao Verão

Se pairam ameaças sobre o próximo Verão, prolonguemos este...

Praia da Parede

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

E a vaquinha sorriu...

«O Presidente da República considerou hoje que a suspensão dos subsídios de férias e de Natal da administração pública e dos pensionistas é "a violação de um princípio básico de equidade fiscal". Declarações proferidas após o discurso de abertura do IV Congresso Nacional dos Economistas, em Lisboa. "Mudou o Governo, mas eu não mudei de opinião.", afirmou o Chefe do Estado.»
 
Vaquinha de óculos escuros e sorridente (S. Miguel - Açores, 2000)

Registe-se!


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O roubo da alma

Não gosto que me roubem o dinheiro, gosto ainda menos que me roubem a alma.


O primeiro-ministro, na passada 5.ª feira, anunciou o primeiro dos roubos. A realidade com que nos vamos confrontando, o seu discurso e outros do género provocam o segundo dos roubos. Porque vivemos essa realidade e sabemos que o discurso é falso.
O seu discurso não merece crédito. O primeiro-ministro nem sequer governa! Ele faz-que-governa, mas é mentira. Não são os governos, apesar do título, que governam. Os governos são governados.
No sistema capitalista, o capital tem de se reproduzir, de crescer. Os caminhos podem ser os mais ínvios. Os meios não interessam, as consequências sofridas pela maioria também não. Doa a quem doer, a acumulação/concentração de capital é o fim.
Só aparentemente vivemos em democracia e em liberdade. As grandes empresas financeiras controlam não só os mercados financeiros como os governos e a comunicação social e, através destes, as várias instituições (ditas democráticas) do Estado, incluindo a justiça.
As crises, provocadas e estimuladas por esses poderes financeiros, são momentos privilegiados para essa acumulação/concentração. O mundo é dos mercados, essa abstracção hipócrita nunca antes tão usada. É dos "espertos" que sabem manipular esses mecanismos, jogar com as regras, impor as regras.
O governo que aparentemente nos governa é um instrumento dos tais mercados: faz o que os mercados querem que faça, com desculpas mais ou menos esfarrapadas e patéticas declarações de intenção.
Isto é uma verdade de La Palice. É o óbvio.
Tão óbvio e tão verdade como os resultados que serão atingidos em 2012 e 2013: continuação da crise, agravada pelo rol dramático das situações sociais provocadas. Até pessoas da área política do governo o afirmam.
Vamos caminhando de Orçamento de crise em Orçamento de crise, como caminhámos de PEC em PEC, até à derrocada final. “Lá vamos, cantando e rindo / levados, levados sim”.
Portanto, não podemos acreditar em quem nos devia dirigir, nem nas medidas, nem na generosidade das mesmas e muito menos no sucesso da sua aplicação, porque não é possível. Se tivéssemos sucesso os mercados perdiam e eles não podem perder.
A continuarmos por este caminho, daqui a uns meses haverá repetição das medidas, nunca mais voltaremos a ter subsídios de férias e de Natal – o mais difícil é decretar a primeira vez! – mais medidas que serão descobertas para satisfação dos mercados que elogiarão o esforço e a atitude de bom comportamento de Portugal, o “bom aluno”.
Nada do que nos é pedido imposto resolverá o que quer que seja, a não ser a possibilidade futura de contrair mais dívida.
As regras do sistema têm de ser alteradas, sob pena de continuarmos nesta espiral auto-destrutiva.
Nada do que nos é pedido imposto faz parte de uma estratégia que não seja de deferência e de sujeição: não há um desígnio mobilizador, não há uma ideia construtiva, não há qualquer sentimento de solidariedade, não há uma centelha de esperança.

Quando me tiram dinheiro para alimentar este sistema em que vivemos, estou a ser roubado.
Quando me transformam num mero número ou num instrumento sem pertença a uma comunidade e deixo de ter identidade, estão-me a roubar a alma.
Citemos Camões, quando este se referia a D. Fernando I (que nos lançou na crise de 1383):
“Que um fraco Rei faz fraca a forte gente.”


Porque será que me lembrei de Zabriskie Point?

sábado, 15 de outubro de 2011

Homenagem ao discurso de Pedro Passos Coelho

 “Lá vamos cantando e rindo
Levados, levados, sim
Pela voz de som tremendo das tubas,
- clamor sem fim
Lá vamos, (que o sonho é lindo!)
Torres e torres erguendo,
Rasgões, clareiras, abrindo!
- Alva da Luz imortal,
Roxas névoas despedaça
Doira o céu de Portugal!
Querer! Querer! E lá vamos!
- Tronco em flor, estende os ramos
À mocidade que passa!.”

Hino da Mocidade Portuguesa
 

Manuel da Fonseca

Manuel da Fonseca, poeta, contista, romancista e cronista, nasceu em Santiago do Cacém, a 15 de Outubro de 1911.


Na noite calada e quieta como um grande segredo
andando ao deus-dará pelas ruas desertas,
saio lá do fundo do meu sonho
e olho ao redor de mim.


Cá fora há tudo o que não é do meu sonho.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A Grande Missa de Bach – aquela que o próprio autor nunca ouviu

Fui assistir à Missa em Si menor, de J.S. Bach, no CCB, ontem, pela Académie Baroque Européenne d’Ambronay.

Bach é sempre Bach, o que nos dá uma garantia e conforto, mesmo quando as coisas não correm como esperamos. Temos sempre um air bag.
A interpretação da jovem “Académie”, orientada por Sigiswald Kuijken, seguiu as conclusões de um estudioso que, na década de 1980, aprofundando as suas pesquisas sobre o papel e a composição do coro nas obras vocais de J.S. Bach, afirmava que Bach utilizava um só cantor por parte, o que faz com que o coro seja dispensado. Isto é, a obra é coral mas o coro é mínimo: 4 ou 5 cantores (como aconteceu na maior parte da actuação da Académie).
Não discuto as fontes, as pesquisas, as conclusões (quem sou eu, que não percebo nada disso!), mas... habituamo-nos a determinadas interpretações das músicas, a determinadas abordagens dos autores clássicos, que não tornam fácil a aceitação, pelos nossos ouvidos, de versões novas.
Ouço tanto a Missa em Si menor pela direcção de Philippe Herreweghe, com direito a coro (como a grande maioria das interpretações), que a de ontem me soube a pouco.
Bach é sempre Bach, mas até parecia que a interpretação da Missa também tinha passado pelo crivo da Sr.ª Merkel e estava em contenção de despesas.

Curiosidade: Bach compôs o conjunto da Missa a partir de várias peças parcelares, espaçadas no tempo, pelo menos, em... 17 anos (1724 a 1741)!
O que é espantoso, sabendo isso, é a coerência da obra, do conjunto. A obra-prima que J. S. Bach nunca ouviu, porque só posteriormente à sua morte é que foi executada como um todo.


Grande Andreas Scholl, o Alto que interpreta esta ária
(pequeno pormenor: não é BWV 242, mas 232)


Nos dias de hoje, em caso de apoio dos fundos comunitários, Bach seria considerado um preguiçoso ou um desorganizado, a comparticipação da CE estaria em causa e a obra, provavelmente, não seria composta.

Perder peso

Não vale a pena ler!
Basta saber onde estamos (e quem nos tem governado!).
Só as vacas conseguem sorrir!

Sinto-me roubado!


... mas já estou a procurar resolver o problema das férias.
Quem é que me pode ajudar a encontrar o contacto do dr. Dias Loureiro, o conselheiro do Sr. Voluntário da Presidência da República, em Cabo Verde?

A caminhada do medo

A caminhada do medo, uma das últimas obras de Graça Morais (2011)
"Foi um trabalho que me saiu das tripas, a minha forma de reagir a tudo que de negativo hoje se passa"
Graça Morais foi recente vencedora do Prémio de Artes do Casino da Póvoa (6.ª edição).

O prémio homenageia, segundo o júri, “a obra de uma artista que ao longo do tempo construiu uma carreira que a consagra como uma das maiores pintoras contemporâneas. Uma mulher cujo universo cruza a herança do mundo rural, que assume a condição da mulher e da natureza na intuição ligada aos sentimentos e às emoções. (...) [na sua obra] as mulheres são a terra, a razão e a origem do mundo. A sua aldeia, à qual sempre regressa, dá-lhe a memória e as vivências para construir esse mundo de um imaginário de hábitos e costumes que povoam a sua existência, entre o sagrado e o profano, entre o amor e a morte, entre o animal e o humano.”

Graça Morais tem, a partir de hoje, uma exposição na Cooperativa Árvore (Porto), intitulada A caminhada do medo, conjunto de 40 trabalhos já deste ano “que tem a ver com os tempos dramáticos que vivemos, com o mundo que nos cerca e o meu quotidiano.”

Também de Graça Morais, na Galeria Ratton, em Lisboa, está a exposição Tempo de cerejas e papoilas. Trás-os-Montes 2011.

Ainda bem que há quem nos ajuda a viver, a ver a vida por outro prisma que não o do miserabilismo da impotência transformada em prepotência.


Medo – Contágio

Os promotores do filme acertaram ao iniciarem a exibição do filme no dia do discurso em que Passos Coelho anunciou as novas medidas de austeridade – o discurso do medo e da impotência que atravessa a política europeia.


Ao fotografar o cartaz do filme, hoje, não foi por ter profetizado o discurso da impotência (também nunca esperei melhor de quem nos governa!), mas por me ter lembrado de um vídeo realizado há um mês, em que Mia Couto leu um discurso numa conferência sobre segurança, realizada no Estoril, associada à passagem do 10.º aniversário dos atentados do 11 de Setembro.
O vídeo vale a pena ver/ouvir.





quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O blog mudou de nome

Este blog, antes chamado Permanente Reencontro, mudou de nome.


O novo título pretende ser uma homenagem aos Açores, aos açoreanos e, também (porque não?), às vaquinhas açoreanas que enxameiam as paisagens das ilhas e motivam bucólicas considerações.
Mas continuo com a pretensão de que este espaço possa continuar a ser um despretensioso ponto de permanente reencontro de amigos, que vá servindo para dar à tramela.
O ritmo é muito açoreano (facção terceirense, para assumir um ar de festa).
Aqui, até o fuso horário é dos Açores!...
A imagem do glaciar islandês (guardada para recordação no rodapé do blog) cedeu o seu lugar às vacas.


Um conjunto de singelas frases proferidas nos Açores pelo Sr. Voluntário que ocupa a Presidência da República fez-me ver a luz e despertar a paixão açoreana que em mim habita.

As frases/potenciais títulos foram objecto de uma sondagem em que a larga maioria dos poucos mas bons participantes (88%) se pronunciou pelo sorriso das vacas, em detrimento das anonas, pouco consideradas. A poda das mesmas foi ignorada, o que só vem provar o que disse o sr. açoreano ao Sr. Voluntário: as anonas não precisam de ser podadas.

As vaquinhas açoreanas sempre foram merecedoras da minha simpatia e do meu apreço, quer se tratem de vacas equilibristas nos pináculos basálticos, daquelas que parecem ter sido postas de propósito para animar a paisagem, de pachorrentas vacas que ruminam nos verdes prados da cor do limão, de outras mais pachorrentas que se atravessam nas estradas ou por elas seguem ou de simples e modestas vacas que nos espreitam sobre muros e cuja bovídea (mas obviamente sorridente) expressão captei em 2000, na ilha Terceira, a caminho da Serra do Cume, local de onde se avista uma magnífica paisagem - o Vale da Achada - que inclui... mais vacas, o que mais podia ser?
A imagem de fundo do blog é esse vale.

Espero que o sorriso enigmático (um esgar, pelo menos) das minhas vacas açoreanas se torne um ícone com uma importância semelhante ao sorriso da Gioconda. Nada é impossível...

...a não ser ir aos Açores e não reparar no sorriso das vacas.

Vaquinhas no Vale da Achada, vistas da Serra do Cume (Terceira - Açores)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Agora que o dia se acaba

recordar o dia a nascer
Nascer do dia no rio Tejo

Continua a dar-me em cada manhã
a revelação das mãos, os peixes vermelhos
as ribeiras amansadas pelas buganvílias,
os rituais de preguiça
a urze vigilante.

Eu vivo aqui
no desenho mais alto da Ilha
temente de muitos caminhos
por onde a água pode sumir-se.
Teresa M. G. Jardim


Homens à cozinha

Atrasado mas não esquecido!
Os homens trabalharam bem!
Fez ontem uma semana que o 3.º Chef se desembaraçou de umas abóboras que tinha a mais lá em casa (ou que a Natureza lhe tinha dado!).
A coisa ficou boa, para além da aparência.


Esperemos que alguém invente mais umas dimensões aos computadores, para podermos ter mensagens com cheiro e sabor.
Entretanto, as damas atribuíram os prémios, divididos em três categorias: organização, pesquisa e originalidade.
Enfim, foram prémios à medida para os 3 chefs a concurso - é que os homens são muito susceptíveis!
Todos saímos premiados e felizes pelo sucesso. As damas saíram já com saudades dos 3 domingos em que não tiveram de cozinhar.

Referências musicais - alegrias (2)

A reedição do conjunto da obra dos Pink Floyd.
Anunciam-se todos os álbuns remasterizados, edições especiais com gravações e imagens inéditas e todas as traquitanas que puxam pela carteira em tempo de crise.
Como diz Nick Mason (o baterista, pá!) "(...) esta é possivelmente a nossa última oportunidade de fazer discos em formato físico, porque as vendas têm caído abruptamente. (...) Daqui a um par de anos estaremos a fazer downloads de quase tudo e os CDs e o vinil serão para nichos especializados."

Pink Floyd - FUNDAMENTAL! (sobretudo até Wish you were here)



Escolhi uma música com a mãozinha muito especial de Richard Wright nas teclas.

Referências musicais - tristezas (2)

Acompanhando José Afonso, 1958, em Luanda (2.º à direita)
Lembrar, antes de mais, o Homem, José Niza, o cidadão combatente pelos direitos da cidadania, oficial de muitos ofícios.
“Não tenho livro de reclamações a não ser para lutar pelos direitos dos mais pobres, dos humildes e para que haja mais justiça e solidariedade em Portugal.”
Estudou medicina, especializando-se na área da psiquiatria. Foi deputado à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República em vários mandatos, director de programas e administrador da RTP, Presidente da assembleia geral da Sociedade Portuguesa de Autores.

Na área da música, foi director de produção da editora discográfica Arnaldo Trindade (trabalho que repartia com o desenvolvido no Hospital Miguel Bombarda), compositor e músico, estando ligado a trabalhos importantes da música portuguesa.
Será mais conhecido pela composição de E depois do adeus, uma das canções-senha do 25 de Abril de 1974, o “dia em que o tempo parou para que a felicidade durasse mais tempo”. Ganhou 4 Festivais RTP da Canção, na altura em que este concurso tinha impacte na cena musical portuguesa.
Mas fez mais. Acompanhou muito cedo Luís Goes, Adriano Correia de Oliveira e José Afonso, com quem voltaria a colaborar nalguns discos após o 25 de Abril; foi o compositor de Gente de aqui e de agora, disco maior de Adriano, de 1971. Sobre este disco escreveu "Quase toda a música deste disco aconteceu no norte de Angola, em 1970, durante as incomensuráveis noites em que, médico na guerra, buscava a evasão de não estar ali."

“(...) deixem-me proclamar que estou agradecido à vida.”


A música de Canção tão simples é de José Niza, não de António Portugal, como indica o autor do vídeo no Youtube. A letra é de Manuel Alegre.

Texto corrigido e fotografias acrescentadas em 11 de Outubro.


Referências musicais - alegrias (1)

Sérgio Godinho voltou a editar um disco de originais, Mútuo consentimento.
Quase 40 anos depois da edição do seu primeiro disco, Sobreviventes (1971-72), é bom ver que SG ainda está em forma. Não tão "fresco", mas ainda se recomenda. A experiência e o saber são uma arma. A cantiga é outra.


Do álbum Pré-histórias (1972-73)


Referências musicais - tristezas (1)

As notícias destas referências já não são novas, mas o tempo não tem sido muito (vê-se logo que as aulas começaram). E mais vale tarde, porque isto é gente que respeito!

O envelhecimento faz baixar e quase desaparecer o número de referências musicais do presente.
E quando já não tenho muitas, eis que li a notícia do fim dos REM.
Através do seu site, o grupo agradece aos admiradores e diz que termina a actividade com grande sentido de gratidão pelo que conquistaram ao longo de 31 anos de carreira.
Ficam-nos 15 álbuns de originais, o último, Collapse Into Now, lançado em Março deste ano. E ficam-nos umas recordações, como o concerto no Pavilhão Atlântico.



domingo, 9 de outubro de 2011

Jantares

Os jantares são uma das formas mais correntes de nos reencontrarmos com grupos de amigos.
Pode haver outras, mas dificilmente deixa de ser à volta de uma mesa. Somos portugueses...

Setembro acabou com um desses jantares, Outubro começou com um desses jantares.
Entre ex-alunos da minha TTT (Turma Todo o Terreno), e que aqui chamei estorninhos (também havia os periquitos, mas esses são outros...) e os meus colegas de liceu, semelhantes laços de afecto, o gosto em revê-los.
Dos estorninhos ficará aqui um simples slide show (para substituir o de Novembro passado).
Vamos ver se descobrimos outras modalidades de encontro, como dissemos.
Dos colegas de liceu faltam-me as fotos, mas há um texto do Henrique no mural do grupo, no facebook.
Sobre o texto haverá alguma coisa a dizer. A ver se não demoro muito...
Vou agora despachar expediente mais atrasado...


sábado, 8 de outubro de 2011

Último dia de votação

Não estou a falar das eleições na Madeira (essas estão resolvidas... há 35 ou 36 anos!).

Falo da votação para o novo nome do blog (1.ª sondagem aqui efectuada - ali, na coluninha da esquerda. Abram lá o blog e votem! Já parecem o meu 6.º 9 - não querem fazer nada!!!).


O Outono continua de Verão

Prova disso foi o final de tarde junto ao Tejo...




sexta-feira, 7 de outubro de 2011

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Contrariando a crise, Universo está em expansão


E Cavaco Silva já sabia, como o provam as suas palavras no discurso do 101.º aniversário da implantação da República:
"Acabaram os tempos de ilusões. Temos um longo e árduo caminho a percorrer, para o qual quero alertar os portugueses de uma forma muito directa."

Só as vacas sorriram (nós continuamos a ruminar!).

Com o atraso que me caracteriza...

A última manhã de Setembro



Mar de Setembro


Tudo era claro:
céu, lábios, areias.
O mar estava perto,
fremente de espumas.
Corpos ou ondas:
iam, vinham, iam,
dóceis, leves – só
ritmo e brancura.
Felizes, cantam;
serenos, dormem;
despertos, amam,
exaltam o silêncio.
Tudo era claro,
jovem, alado.
O mar estava perto,
puríssimo, doirado.
Eugénio de Andrade, Mar de Setembro


Mar da Foz (Porto) de Eugénio de Andrade, em Setembro de 2010