sábado, 23 de novembro de 2024
Ter paixão - Herberto Helder
sexta-feira, 22 de novembro de 2024
The Lamb Lies Down on Broadway - 50 anos
Um dos discos da minha vida!
O
auge do rock progressivo, em dose dupla, com camadas de criatividade e golpes
de mestre.
Será o álbum mais teatral do grupo - a narração da história de autodescoberta
de Rael - que precisa de ser ouvido como uma peça única e não como um conjunto
de faixas independentes, com uma envolvência e composições poderosas.
Por
isso, a interpretação integral do disco nos seus concertos, com as músicas
pela mesma ordem.
Se os Genesis já eram uma banda obrigatória de ver ao vivo, com a mega tournée
deste álbum os seus concertos tornaram-se cada vez mais globais e aparatosos na
concepção cénica, com luzes, projeções, máscaras, trajes e cenários
exclusivamente desenhados para as músicas do álbum.
Digo
do que li, do que vi em fotografia, do que ouvi gravado e do que ouvi contar a
quem assistiu aos concertos dados em Cascais, a 6 e 7 de Março de
75 (tenho o concerto gravado em cassette). Ainda fui considerado demasiado
novo para me deixarem ir sozinho!...
Vivia-se
o período revolucionário - é mítica a presença de tanques e de militares de G3
(de que chegaram a fazer uso... sem vítimas! Os disparos foram para o ar).
Steve Hackett, o guitarrista, que há uma semana deu um concerto no Campo
Pequeno, disse que se recorda de explosões e dos disparos.
Assisti,
na Aula Magna, ao concerto dos The Musical Box, grupo canadiano que se
dedica à recriação dos concertos dos Genesis - uma verdadeira recriação
histórica, feita ao pormenor, com autorização dos Genesis, que colaboraram na
concepção do espectáculo e... os elogiaram!
Diz
quem assistiu em 1975 que foi exactamente assim!
É incrível pensarmos que não existe uma gravação vídeo da digressão - não terá sido autorizada (e ainda não havia telemóveis!).
quinta-feira, 21 de novembro de 2024
25 de novembro - Resumo
«Os futuros compêndios de História poderão resumir o evento em escassas linhas: Após um Verão Quente de disputa entre forças revolucionárias e forças moderadas, pela ocupação do poder, civis e militares chegaram ao outono a contar espingardas. O confronto tantas vezes anunciado pareceu por fim inevitável, quando, na madrugada de 25 de Novembro, tropas pára-quedistas ocupam diversas bases aéreas, na expectativa de receber apoio do COPCON. Mas um grupo operacional de militares, chefiado por Ramalho Eanes, liquidou a revolta no ovo, substituindo o PREC (Processo Revolucionário em Curso) pelo “Processo Constitucional em Curso”»
Maria Manuela Cruzeiro, 25 de NOVEMBRO- QUANTOS GOLPES AFINAL?
Início da comunicação apresentada em 2005, no Colóquio sobre o 25 de Novembro, realizado no Museu da República e da Resistência (Lisboa)
Espere sentado... ou você se cansa
As putativas nomeações de Trump para a administração norte-americana variam entre a casa do Big Brother e o circo Cardinali.
Sem disfarces!
Aguardo que a União Europeia reconheça o isolamento a que a vota o "aliado" americano, sem as habituais pancadinhas nas costas, dos Democratas, e procure o seu caminho.
Já está na altura de sair da casa dos papás, de ter uma vida própria (sem ilusões)!
Mas como isto está...
as expectativas são baixas... muito baixas!...
Espero sentado...
quarta-feira, 20 de novembro de 2024
José Mário Branco - obra de interesse nacional
Cinco anos após a morte de José Mário Branco, um conjunto de cidadãos, maioritariamente com ligações à Música, entregou à Vice-Presidente da Assembleia da República a petição para que a obra de José Mário Branco seja considerada de interesse nacional.
A recolha de assinaturas continua.
25 de novembro - 49 anos
A sede de ir ao pote é tão grande, que a promoção da operação militar de 25 de novembro de 1975 a sessão solene evocativa anual na Assembleia da República nem esperou por um aniversário mais "redondo", como seriam os 50 anos.
Quem assim quer comemorar o 25 de novembro quer fazê-lo por oposição ao 25 de Abril.
E haverá quem ainda fique saudoso da comemoração do 28 de maio.
Se o 25 de Abril teve este ano mais pompa e circunstância pelo seu 50.º aniversário, era preciso, à nova maioria de direita, contrabalançar e aproveitar o contexto político favorável para apressar a sobreposição de uma nova data fundadora do regime.
Aguardo por uma nova maioria de esquerda - um Presidente, uma Maioria, um Governo (que hoje parece longínqua!) - para ver se a recente decisão da Assembleia da República será revertida. Assim como assim, essa decisão teria o mesmo valor democrático que aquela que foi aprovada na actual conjuntura.
Parto do princípio que cada um deve poder ter as posições políticas que entende, de que é legítimo assinalar datas históricas - e o 25 de novembro é-o, dentro da lógica de um processo histórico iniciado com o 25 de Abril e concluído, quiçá, com a aprovação da Constituição (2 de Abril de 76) - mas a arrogância efusiva existente nos discursos da direita dá lugar a narrativas falaciosas das situações vividas, exalta apenas as personalidades que lhe são convenientes e enviesa as interpretações históricas.
Alguns que pouco ou nada fizeram - ou cuja família política pouco ou nada fez - arvoram-se em heróis de um combate político que não os teve como agentes.
Se as interpretações podem ser várias (plurais), os factos são únicos. Não os falsifiquem!
Já basta a notícia de que "algumas zonas da Península Ibérica vão ser atingidas pela depressão Caetano."
terça-feira, 19 de novembro de 2024
This Is Not America
(...)
A política como uma questão de fé
Trump sabe o que é uma equipa?
Fez? Porquê a forma verbal no passado? "Fez toda a diferença." Isto é que é fé!"O resultado [em 2016] foi uma mistura necessariamente [sic] promíscua entre política, negócios e família, impossível em qualquer democracia europeia [EM QUALQUER DEMOCRACIA!] , mas não nos Estados Unidos da América (...)"
Depois do que se tem sabido sobre as futuras nomeações, JMT manterá a sua fé?
Os EUA ainda serão uma democracia (liberal)?
Presta-nome
sexta-feira, 15 de novembro de 2024
I talk to the wind
Robert Fripp–guitar Ian McDonald–reeds, woodwind, vibes, keyboards, mellotron, vocals Greg Lake–bass guitar, lead vocals Michael Giles–drums, percussion, vocals Peter Sinfield–words and illumination
Nuvens (fora da gaveta)
«Assim fiz. (...)
E eis como ficou este post...
Peter Sinfield (1943 - 2024)
Morreu Peter Sinfield, poeta, co-fundador dos King Crimson, cujo nome criou, apesar de ser "apenas" o seu "surreal" letrista no período inicial da carreira do grupo. Só muito ocasionalmente tocou sintetizador.
Dirigia o trabalho de luzes nos concertos, oferecia conselhos sobre o design dos álbuns e orientou outras ações mais discretas.
Na ficha técnica a referência: "Peter Sinfield: Words, Sounds & Visions"
Trabalhar com Robert Fripp não deve ser nada fácil - reconheça-se o génio, mas o feitio (ao que se lê e ouve!)... Fripp terá afastado Sinfield do grupo e os King Crimson entraram numa fase completamente diferente.
Trabalhou posteriormente com muitos outros grupos e músicos, como os iniciais Roxy Music e os Emerson, Lake & Palmer, incluindo, curiosamente, muitos músicos que foram integrando (e desintegrando-se d)os King Crimson (Greg Lake, David Cross, John Wetton, Ian McDonald’s).
Celeste Caeiro - o acaso do nome da Revolução
Nunca se conseguiu encontrar aquele rapaz. Sempre que penso naquele dia choro. Tinha 40 anos, cuidava da minha mãe e da minha filha. Morava no Chiado e adorava a cidade onde nasci. E ainda adoro.
Tenho 90 anos, ouço e vejo muito mal. Comovo-me muito a falar deste dia. Os médicos dizem que me faz mal. Vou pedir à minha neta que lhe conte o resto da história. Viva o 25 de Abril! Se o deixarmos morrer teremos de fazer outro.»
A minha avó Celeste é filha de uma espanhola de Badajoz e de pai desconhecido. Com dois irmãos, mais velhos, cresceu na Casa Pia. À minha bisavó custou-lhe até muito deixar ali os filhos, que visitava regularmente. Nunca os abandonou.
A minha avó era a menina favorita da diretora do colégio. Fez o Curso de Enfermagem, mas como tinha problemas pulmonares não pôde exercer. Porém, a menina Celeste foi sempre independente. Nunca se casou com o meu avô. Quando o meu avô se portou mal, tinha a minha mãe 3 anos, separaram-se. Para consolar a minha avó, quis oferecer-lhe um fio de ouro e mais coisas. Mas a minha avó não quis saber dos presentes, nem dele. Sozinha, continuou a cuidar da filha e da mãe.
Em abril de 1974, trabalhava num restaurante. O restaurante fazia um ano no dia 25 de abril. Os cravos eram para dar aos clientes. Com o restaurante fechado, as empregadas ficaram com as flores.
Dá-se então o feliz episódio, no início da Rua do Carmo. Um fotógrafo (Carlos Gil) assistiu à cena. Publicou a fotografia. No dia seguinte a minha avó foi trabalhar. Já os colegas tinham ligado para a Crónica Feminina, que logo a foi entrevistar.
Este ano, esse episódio será reconstituído. A minha avó gostava muito que uma placa assinalasse o local. Algo a dizer que foi ali que nasceu o nome Revolução dos Cravos. Ou até ter ali uma pequena estátua.
Falar do 25 de Abril emociona-a muito. Nestes períodos, fica melancólica. Acreditamos que o AVC que sofreu pouco depois das comemorações dos 25 anos de Abril terá tido a ver com as emoções que sentiu. No entanto, tem sido muito ignorada por todos.
Não há fotografias da minha avó com 40 anos. No incêndio do Chiado, perdeu a casa e todos os pertences. As fotografias arderam. Foram-se todas as recordações. Vive há anos num prédio a cair aos bocados, perto da Avenida da Liberdade. Podia viver com a filha e a neta em Alcobaça. Mas à minha avó, alfacinha de gema, ninguém a consegue tirar de Lisboa.
A minha avó, que continua a prestar muita atenção às notícias, está muito preocupada com o país. Na noite das últimas eleições, ao contrário do que é hábito, foi deitar-se cedo. “Não estou para ver esta miséria.” A mim ensinou-me desde miúda que o valor mais importante é o da liberdade."
quinta-feira, 14 de novembro de 2024
terça-feira, 12 de novembro de 2024
Foste ao futebol sem mim
1958 (ano em que nasci), Maria de Fátima Bravo (minha vizinha nos meus primeiros anos de vida) e o futebol... Canção dos Manos Alexandre, do filme O Tarzan do 5.º esquerdo.
domingo, 10 de novembro de 2024
Que apoio aos Directores de Turma?
O que se espera que façam "140 técnicos superiores para apoio administrativo às direções de turma"?
Calculando o número total de turmas das centenas de escolas, a diversidade de tarefas/problemas, a variedade de documentos existentes nas várias escolas e/ou agrupamentos... É para rir!
Não há professores e há "técnicos superiores" para apoio? Quem são estes (potenciais) técnicos?
Ainda os professores vão ajudar à formação destes técnicos...
Estamos a brincar ao faz de conta!...
Bad news on the doorstep
América
sábado, 2 de novembro de 2024
Camilo Mortágua (1934 - 2024)
Faleceu ontem Camilo Mortágua.
Pai das gémeas Mortágua (Joana e Mariana), dirigentes do Bloco de Esquerda, Camilo Mortágua destacou-se por ter participado em acções arrojadas contra o Estado Novo.
A primeira foi em Janeiro de 1961, no assalto ao paquete Santa Maria - a Operação Dulcineia, organizada pela Direção Revolucionária Ibérica de Libertação (DRIL) e comandada pelo Capitão Henrique Galvão. Do grupo faziam parte 11 portugueses, 11 espanhóis e 2 venezuelanos. Durante quase duas semanas o navio, rebaptizado com o nome de Santa Liberdade, navegou no oceano Atlântico sem rumo definido, fazendo campanha contra as ditaduras ibéricas.
Esta ação, iniciada a 22 de Janeiro, terminou no início de Fevereiro, quando o paquete entrou no porto do Recife (Brasil) e foi ocupado por fuzileiros navais.
Ainda em 1961, a 10 de Novembro, participou no desvio de um avião da TAP que fazia a ligação Casablanca - Lisboa, com o objectivo de sobrevoar a capital e lançar folhetos de denúncia do regime - Operação Vagô, executada por 5 homens e uma mulher, chefiados por Hermínio da Palma Inácio. Mais de 100 mil panfletos da Frente Antitotalitária dos Portugueses Livres no Estrangeiro, denunciando a "farsa fraudulenta" das eleições para a Assembleia Nacional que iam decorrer 2 dias depois, foram lançados sobre Lisboa, Setúbal, Barreiro, Beja e Faro. O avião regressou a Marrocos (e o Brasil autorizaria o asilo político).
A 17 de Maio de 1967, com Palma Inácio, entre outros, participou no assalto à filial do Banco de Portugal na Figueira da Foz, com o objectivo de financiar novas acções contra a ditadura. Os assaltantes fugiram numa avioneta estacionada no aeródromo de Cernache, para o Algarve (aterraram numa herdade) e, depois, já por terra, seguiram em direcção a Paris.
A Operação Mondego rendeu cerca de 30 mil contos, mas... 80% das notas desviadas foram anuladas pelo Banco de Portugal, por não terem ainda entrado em circulação. Em 30 de Junho de 1967, o Banco de Portugal publicou um aviso no qual referia: "(…) as notas roubadas não foram postas em circulação pelo que não possuem curso legal e poder liberatório, nem são susceptíveis, a qualquer tempo, de reembolso ou troca (...)".
Condenado à revelia a 20 anos de prisão por participar no assalto, Camilo Mortágua já estava em Paris quando soube da pena. Depois do 25 de Abril foi amnistiado por ter sido considerado que se tratava de um crime político.
Na sequência desta acção, a 19 de Junho, foi fundada a Liga de Unidade e Acção Revolucionária (LUAR), em Paris (onde estava a maioria dos assaltantes da Figueira da Foz). Entre os seus dirigentes, para além de Camilo Mortágua, contaram-se Palma Inácio, Emídio Guerreiro, José Augusto Seabra e, mais tarde, Fernando Pereira Marques.
Curiosamente, só foi preso... depois do 25 de Abril de 1974 (ouvi a referência pelo próprio, numa sessão filmada no Museu do Aljube), não sei exactamente em que circunstâncias.
Foi condecorado por Jorge Sampaio com o grau de Grande Oficial da Ordem da Liberdade, em 2005.
Escreveu Andanças para a Liberdade, 2 volumes, em que partilha as suas memórias de resistência e luta
contra a ditadura.
Jorge de Sena - Hei-de ser tudo...
sexta-feira, 1 de novembro de 2024
Terramotos, ermida e escadinhas
Com o terramoto de 1 de Novembro de 1755, caiu o Carmo e a Trindade, mas Campo de Ourique escapou à justa, res-vés.
E uma ermida foi construída na actual rua do Arco do Carvalhão, mandada erigir pelo proprietário daquelas terras, pela graça de se ter salvo.
Serve atualmente como Capela, embora só abra uma vez por ano (dizem), exactamente em 1 de Novembro, para comemorar o facto desta zona ter escapado ao terramoto. Mas o interior estará ao abandono (dizem). No princípio de 2018, o Público desenvolvia uma notícia sobre desaparecimento de arte sacra , a que estaria ligado o próprio padre da paróquia de Santo Condestável, responsável pela capela (um conhecido do Presidente Marcelo...).
Junto a ela as Escadinhas dos Terramotos, que ligam a Rua Maria Pia e a Rua do Arco do Carvalhão (nome relacionado com família Carvalho, do Sebastião José - Marquês de Pombal - proprietária de largas propriedades por estas bandas).
Hoje, o aspecto é bem diferente...
Pesquisem no Google Maps.
1 de Novembro de 1755 - Lisboa pulou e balançou
«[…] no primeiro dia de novembro, em um sábado, quasi às 10 horas estando o céu sereno e quieto o mar, precedendo um ruído subterrâneo muito horroroso que acompanhou o tremor começou o território de Lisboa a tremer de sorte que dentro de pouco tempo se sentiu abalar a terra por vários modos. Porque não somente se movia pulando para cima, mas também dava uns balanços como que a modo de Embarcação umas vezes se inclinava de Nascente para Poente; outras de Norte para o Sul…»
Padre António Pereira