quinta-feira, 31 de maio de 2018

Maio de 68 - 50 anos (15)

Maio entrou por Junho adentro...


Pouco mais de um mês depois da revolta, a 23 de Junho de 1968, França vota.
O partido conservador de Charles De Gaulle, a União dos Democratas para a República (UDR), ganha as eleições parlamentares, conquistando 353 dos 468 assentos.

«Nas eleições parlamentares que se seguiram, os partidos gaullistas governantes obtiveram uma esmagadora vitória, aumentando a sua votação em mais de um quinto e garantindo uma impressionante maioria na Assembleia Nacional. Os trabalhadores voltaram ao trabalho. Os estudantes foram para férias.»
Tony Judt, Pós-Guerra - História da Europa desde 1945 



Este historiador britânico considera que as revoltas estudantis de Maio de 1968, em França, "tiveram um impacto psicológico fora de todas as proporções do seu real significado". Tendo um estilo "aparentemente revolucionário, foram um "psicodrama" que entrou na mitologia popular, quase de imediato, como objecto de nostalgia.



Curioso que o governo de De Gaulle, constituído após a retumbante vitória de Junho de 1968, somente se sustenta no poder até Abril de 1969.

A História não é assim tão simples...


quarta-feira, 30 de maio de 2018

Echoes

David Gilmour/Richard Wright



Overhead the albatross hangs motionless upon the air
And deep beneath the rolling waves
In labyrinths of coral caves
The echo of a distant tide
Comes willowing across the sand
And everything is green and submarine

And no one show us to the land
And no one knows the wheres or whys
But something stares and something tries
And starts to climb towards the light


Juntos


Ponho um ramo de flores
na lembrança perfeita dos teus braços;
cheiro depois as flores
e converso contigo
sobre a nuvem que pesa no teu rosto;
(...)

Depois, 
não sei porquê nem porque não,
essa recordação desfaz-se em fumo;
muito ao de leve foge a tua mão,
e a melodia já mudou de rumo.

Coisa esquisita é esta da lembrança!
Na maior noite,
na maior solidão,
vem a tua presença verdadeira,
e eu vejo no teu rosto o teu desgosto,
e um ramo de flores, que não existe, cheira!
Miguel Torga


Maio de 68 - 50 anos (14)

30 de Maio
O Presidente de Gaulle regressa a França, depois de ter estado na Alemanha (Baden-Baden) com os comandantes de uma base militar francesa e de lhes ter pedido o apoio em caso de confrontação.

Cerca das quatro da tarde, através da rádio, fala à nação "com aquela voz profunda, solene, histórica, de militar da velha guarda." Anuncia a dissolução da Assembleia Nacional, recusa demitir-se, conserva o primeiro-ministro e ameaça decretar o estado de sítio. Adia o referendo que anunciara dia antes e convoca eleições antecipadas para 23 de Junho

As suas palavras geram uma gigantesca manifestação de apoio ao regime.
Cerca de 1 milhão de conservadores - as "direitas unidas" e os gaullistas, opostos à greve geral e fartos da violência nas ruas - marcham através de Paris.
«Antes das 16.30 h, estava-se em Cuba; depois das 16.35 h, estava-se quase na Restauração.» (Jean Lacoutoure)




«Tive a percepção de que o Maio de 68 estava a terminar quando estava a vir para casa, a pé, e ao passar pelos Campos Elísios deparei-me, a vir em sentido contrário, com uma grande manifestação com bandeiras tricolores. E, de repente, percebi que havia uma outra França, a chamada maioria silenciosa, que tinha acordado e estava na rua. Não é que eu tivesse perspectivado que pudesse ser diferente mas, naquele momento, entendi que estava a acabar e lembro-me de pensar que a História é mais complicada do que pensávamos. Isso foi-me muito útil quando voltei para viver o período depois do 25 de Abril, e perceber que as coisas não são irreversíveis. » (Sérgio Godinho)




A imagem é um pormenor de uma pintura de Júlio Pomar, Resistência (1946). 
Júlio Pomar, como José Mário Branco e Sérgio Godinho,
encontrava-se em Paris, em Maio de 1968.


RGPD



Não parece fácil...
Nunca tinha pensado em quanta gente utilizava/podia utilizar informações minhas!
Tantas entidades que agora me escrevem para que reveja as minhas definições de dados...
Nem sei que lhes diga, tanta tem sido a sua simpatia!

Les accords (?) de Grenelle

Durante o fim-de-semana (dias 25 e 26), em instalações do Ministério do Trabalho (Hôtel du Châtelet - Rue de Grenelle), representantes do Governo, das centrais sindicais e das organizações do patronato discutem e "parecem chegar a um acordo tácito" [aspas minhas], cuja designação varia.
Vulgarmente fala-se nos "acordos" de Grenelle (ou no projecto de acordo) , mas até sobre a designação é difícil um acordo.

Esse momento, atingido na madrugada do dia 27, marca a separação dos caminhos entre os estudantes mais radicais (de tendências maoístas, anarquistas ou, ainda, trotskistas) e os sindicatos, de linha mais ortodoxa, menos retóricos.

(Com ou sem assinaturas) Avançou a concretização de reivindicações concretas - aumento do salário mínimo (35%) e dos outros salários (cerca de 10%) e o reconhecimento de mais direitos às organizações sindicais junto das empresas.
As greves e as ocupações das fábricas mantiveram-se por alguns dias, ainda, mas a contestação atenua-se.



Campo Arqueológico de Mértola a comemorar 40 anos



Campo Arqueológico de Mértola - 40 anos de um projecto de investigação e intervenção patrimonial que sempre colocou a comunidade local no centro, procurando utilizar a cultura e a herança do passado para construir um desenvolvimento social e não apenas económico. 



sábado, 26 de maio de 2018

Mais um grande prémio para Souto de Moura

 Numa carreira que parece seguir, a par e prémio, a de Siza Vieira.


Contentes pela arquitectura portuguesa.


Feirar - os encantos da burguesia



Ir ao vício...
... e encontrar o Mário de Carvalho.

«Em cor, elegância, requinte e expressividade. A sua prosa não tem limites, reinventando-se em cada livro em novas formas de surpreender e cativar o leitor.»

«Diz-se de espírito borboleteante, comandado por uma curiosidade sem preconceitos nem fronteiras. Anda de assunto em assunto, com interesse, às vezes recolhendo material, notas, rabiscos que, mais tarde ou mais cedo, acabam por dar em livro.»
JL, 12 de Outubro de 2016

E prontos... lá veio mais um, porque Burgueses somos nós todos ou ainda menos, dedicado "às minhas pacientes leitoras, aos meus bravos leitores, que me vêm amavelmente distinguindo (...) Fiéis ou infiéis, atentas ou distraídas, doutos ou leves, vagarosas ou apressadas, hipermnésicos ou esquecidos, singelas ou imaginosas, disponíveis ou azafamados, exaustivas ou intermitentes, a vós (...) vós haveis de levar o texto a vastidões que o autor nem vislumbrou. Fareis deste livro o que ele vier a ser."

"A abjecta burguesia, sabe-se lá, poderá, afinal, ter os seus encantos..."


Maio de 68 - 50 anos (13)

«As revoluções não se fazem de cartilha na mão, digam o que disserem os ortodoxos. Vê-se agora, em França. Todas as condições exigidas pela teoria realizadas - a sublevação consciente na rua, os meios de produção nas mãos dos trabalhadores, a pequena burguesia de acordo, os camponeses idem, o poder às aranhas -, e nada. É que os textos sagrados - e até os profanos - só valem o que vale a liberdade de quem os lê.»
Miguel Torga, Diário X (Coimbra, 26 de Maio de 1968)




sexta-feira, 25 de maio de 2018

Le pouvoir le pouvoir le pouvoir



(...)

Je sais que si nous nous aimons

A travers le même combat
C'est que nos révoltes sont sœurs
Et cogne en nous le même sang
Un sang qui bien sûr coulera
Versé pour la cause du peuple
Pour qu'un jour tous les travailleurs
S'unissent et prennent le pouvoir
Le pouvoir le pouvoir le pouvoir


Maio de 68 - 50 anos (12)

«24 de Maio
Encerrou-se o prólogo da 2.ª Revolução Francesa com um discurso de De Gaule a propor um plebiscito para que a nação decida se ele deve permanecer para fazer reformas necessárias... Ele, De Gaule.
E agora? Que vai suceder?
Balão que se esvazia lentamente?...
É tão difícil ver as coisas contemporâneas!»
José Gomes Ferreira, Dias Comuns IV


Efeito de causa-consequência

Numa ficha de avaliação, pedi que os alunos indicassem causas da diminuição da taxa de mortalidade na 2.ª metade do século XIX.
De acordo com a informação do manual e com o que tínhamos falado nas aulas, esperava que referissem os avanços na medicina, a melhor alimentação, os maiores cuidados com a higiene... o trivial.
Um aluno optou, no entanto, por indicar duas (possíveis) consequências:
- Menos cemitérios e menor criação de lápides.

Esta história confirma a teoria: nós [professores] não ensinamos nada!
(passe o exagero)


P.S. - O aluno até parece saber o que são lápides...


quinta-feira, 24 de maio de 2018

Maio de 68 - 50 anos (11) - crónica

24 de Maio
Na encruzilhada...



La France manifeste. Paysans, ouvriers, étudiants, le plus souvent en cortèges séparés, toutes les villes de province sont en marche. A Paris, la CGT organise deux défilés, rive gauche et rive droite, qui se veulent des démonstrations de responsabilité et se refusent à rejoindre les étudiants. Ils se dispersent dans le calme. A partir de 17h30, étudiants et jeunes travailleurs se regroupent dans la capitale. Différents rassemblements convergent vers la gare de Lyon . Ils sont vingt, trente mille. Ils sont «tous des juifs allemands». Les plus résolus cachent des manches de pioche sous leurs blousons aux poches lourdes de projectiles. L'esplanade déborde de monde. Les organisateurs tentent de négocier une sortie vers les Grands Boulevards, c'est non. Les CRS s'avancent pour dégager la voie publique. En queue de cortège, les transistors retransmettent à 20 heures le discours promis par le général de Gaulle: «J'ai décidé de soumettre aux suffrages de la nation un projet de loi par lequel je lui demande de donner à l'Etat, et d'abord à son chef, un mandat pour la rénovation ["]. Au cas où votre réponse serait non, il va de soi que je n'assumerais pas plus longtemps ma fonction.» Il est accueilli par des «On s'en fout!» et des «Adieu, de Gaulle!» Pierre Mendès France réagit: «Un plébiscite, cela ne se discute pas, cela se combat. Dès maintenant le peuple a déjà répondu non.» L'allocution du général de Gaulle déçoit tout le monde jusque dans son camp (sauf la télévision cubaine qui la juge «remarquable, tant par ce qu'il a dit que par ce qu'il a tu»).

Le discours achevé, des barricades s'élèvent autour de la Bastille. Premières charges, premières blessures. Des officiers de CRS arrêtent les ambulances et en arrachent les blessés pour les fouiller violemment sur la chaussée. Vers 22 heures, le quartier de la Bastille est repris, les manifestants se mettent en marche vers la Bourse. Malgré le mot d'ordre de l'Unef, le bâtiment, qui n'est pas protégé, est pris d'assaut à coups de madrier. C'est la ruée, la corbeille est mise à sac. Pendant un quart d'heure, le palais Brongniart est en flammes. 22h45, débandade.

A 23h30, regroupement général au Quartier latin. On érige des barricades, l'organisation des secours prend le pas sur le débat idéologique, l'atmosphère est tendue, fébrile, résolue. A 0h30, le commissariat du Ve, au Panthéon, est lapidé, un car de police incendié.

Les CRS déclenchent une attaque frontale boulevard Saint-Michel. Tirs tendus de grenades lacrymogènes, les six barricades sautent, aussitôt déblayées par le bulldozer qui suit les escadrons. Mendès France se rend sur place. Le cardinal Marty vient au milieu de la nuit réconforter les blessés. La résistance s'organise en petits barrages jusque sur la rive droite. Le poste de police des Archives, rue Beaubourg, est saccagé, et son mobilier aussitôt élevé en barricades. La police s'énerve sur les isolés; ni le brassard de presse ni celui de la Croix-Rouge ne permettent d'éviter les coups. 795 interpellations, dont 80 femmes, 45 arrestations maintenues; 456 personnes reçoivent des soins dans les hôpitaux, 178 restent hospitalisées, dont 2 policiers. Philippe Mathérion, 26 ans, qui manifestait avec les étudiants, a été admis mort à l'hôpital Cochin au cours de la nuit. Il a été poignardé, probablement au cours d'une rixe entre manifestants. A Lyon, le commissaire Lacroix a été tué en tentant d'arrêter un camion lancé contre les forces de l'ordre.

Cet après-midi, Paris a la gueule de bois. Depuis 15 heures, rue de Grenelle, au ministère des Affaires sociales, tous les partenaires sociaux sont réunis pour négocier un accord qui mettrait fin à la crise. Les Parisiens sont partis en week-end, on trouve de l'essence au marché noir pour 3 francs le litre. Les autres peuvent toujours s'abonner au Monde des philatélistes, pour 12 francs par an (spécimen sur demande).



quarta-feira, 23 de maio de 2018

O (nosso) Labirinto da Saudade

Casos, opiniões, natura e uso
Fazem que nos pareça esta vida
Que não há nela mais que o que parece.
Luís de Camões


Os 95 anos de Eduardo Lourenço.
40 anos de O Labirinto da Saudade, psicanálise mítica do destino português, o problema da imagem de Portugal ou da imagem que os portugueses têm de Portugal - como nos vemos.

«O nosso caso é outro: tivemos sempre uma vértebra supranumerária, vivemos sempre acima das nossas posses, mas sem problemas de identidade nacional propriamente ditos. A nossa questão é a da nossa imagem enquanto produto e reflexo da nossa existência e projecto históricos ao longo dos séculos e em particular na época moderna em que essa existência foi submetida a duras e temíveis privações.»

A RTP 1 passa um filme sobre Eduardo Lourenço, com o próprio no seu papel de filósofo, e centrado n' O Labirinto da Saudade.
É curta a atenção dada pelos grandes meios de comunicação social (mesmo os públicos - os do serviço público) a pensadores e ensaístas, num "horário nobre".
É bom ouvir quem privilegia o pensamento e o conhecimento como fim, não apenas como um meio.

É bom que a RTP o faça, mesmo sabendo nós que esta homenagem (porque o é) será justificada pela idade do homenageado.
E chega uma altura em que...


terça-feira, 22 de maio de 2018

Expo'98 - Há 20 anos

Há 20 anos, uma Lisboa - e um país - diferente.
Para melhor (em relação ao que havia antes)!

E uma composição musical na memória...




E imagens...




Foi uma festa!
De Em todos os sentidos...


Maio de 68 - 50 anos (10) - e Júlio Pomar

Em Paris, onde tinha fixado residência no ano de 1963, Júlio Pomar pintou a série temática sobre os acontecimentos de Maio de 68, centrando as suas representações nas CRS.






Júlio Pomar

«O meu olhar é nítido como um girassol.»
Alberto Caeiro

Autoportrait (1978)

n. 10.01.1926


domingo, 20 de maio de 2018

Maio de 68 - 50 anos (9)

«20 de Maio
A França inesperadamente em plena sedição. Bandeiras vermelhas nas Universidades e nas Fábricas Ocupadas, greves, greves, greves...
Que vai acontecer? (Nada? A 2.ª Revolução Francesa?)
- Ah! Se houvesse lá um Lenine!... - suspirou ontem o Abelaira.»
José Gomes Ferreira, Dias Comuns IV


domingo, 13 de maio de 2018

Maio de 68 - 50 anos (8)


Li a história algures...

No dia 13 de Maio, Caroline de Benderna, manequim, 23 anos, participa na sua primeira manifestação.
Salta para as cavalitas de um amigo, o pintor Jacques Lebel. Este estende-lhe a bandeira da Frente Nacional para a Libertação do Vietname.
"Percebi que estava rodeada de fotógrafos. O instinto de manequim despertou e comecei a entrar no jogo."
A foto, da autoria de Jean-Pierre Rey, acabaria por ser publicada e correr o mundo.
A modelo era a nova Marianne.
Consequência: foi deserdada pelo pai, o conde de Bendern, e não recebeu sete milhões de libras.

Terá sido mesmo assim?
Pelo menos, ficou o ícone.



Maio de 68 - 50 anos (7)

Maio transita das universidades para as ruas e das ruas para as fábricas.

A 13 de maio, 1 milhão de pessoas manifesta-se nas ruas de Paris, durante a greve geral. Esta afecta todo o país.
Há manifestações por toda a França.
A Sorbonne é reaberta e ocupada pelos estudantes.
No Festival de cinema de Cannes, as projecções são suspensas.

O historiador Tony Judt considerou que estes protestos laborais foram os "maiores da história moderna de França", afirmando que os trabalhadores estavam "genuinamente frustrados com as suas condições de vida".

Nos dias que se seguem, os operários da Renault decretam uma greve e ocupam as instalações da fábrica em Cléon (dia 15), o movimento grevista alastra a mais de 50 empresas (16), a emissão da televisão (ORTF) passa a ser controlada pelos jornalistas e técnicos (19), o porto de Marselha é ocupado pelos trabalhadores e as centrais eléctricas e de telefones são bloqueadas (20), a greve envolve cerca de 7 milhões de trabalhadores (há quem fale em 9 milhões), os teatros de Paris estão ocupados (dia 21).




No reino da galinhagem

Obrigado ao anónimo que levantou a hipótese de plágio por parte da concorrente israelita...


A aparência da cantora israelita tinha-me feito lembrar esta capa... mas em bom!


Festival da Eurovisão (ou o triunfo das galinhas!)

Disseram-me que, este ano, quem ganhou o Festival da Eurovisão foi uma galinha anafada de Israel, disfarçada de japonesa.
Confuso!
Não havia uma vaquinha, ao menos?


sexta-feira, 11 de maio de 2018

Maio de 68 - 50 anos (6)

A 11 de Maio, as principais confederações sindicais convocam uma greve geral para o dia 13 de Maio.
O primeiro-ministro, Georges Pompidou, interrompe a visita que estava a fazer ao Afeganistão. No regresso anuncia a reabertura da Sorbonne no dia 13.




quinta-feira, 10 de maio de 2018

Maio de 68 - 50 anos (5)

A 10 de Maio, ocorrem manifestações diante da prisão de La Santé. A polícia bloqueia as pontes do rio Sena. Os estudantes ocupam o Quartier Latin e fazem barricadas.
Seguem-se os confrontos que se prolongam pela madrugada. Os estudantes tiram as pedras da calçada para atacar as forças policiais.


De 10 para 11 de Maio, viveu-se uma batalha campal nas ruas de Paris.

Seriam os mais violentos desde o início desta crise.



quarta-feira, 9 de maio de 2018

Europa foi enganada


«Europa era filha de Agenor, rei de Tiro. Era tão bela que não passou despercebida à lubricidade de Zeus. Um dia, quando a jovem princesa colhia flores na praia, aproximou-se dela um touro de aspecto nobre e majestoso. A princípio, Europa atemorizou-se, mas pouco a pouco foi-se aproximando do animal, que docilmente se prestou às carícias da jovem. Sentada sobre o seu dorso deixou que ele a conduzisse, suave e vagarosamente, sobre a crista das ondas. Quando se apercebeu, viu-se transportada a galope e a desaparecer na bruma do mar. Escusado será dizer que este touro era Zeus.

Chegados a Creta, Zeus consumou o seu desejo por Europa, dando-lhe três filhos: Minos (futuro rei de Creta), Radamanto e Sarpédon. Mais tarde, Zeus concedeu-a em casamento ao rei da ilha, que adoptou os filhos divinos.

Este episódio mitológico agradou a poetas da Grécia Antiga que passaram a chamar Europa aos territórios para lá da Grécia.»
Museu Arqueológico de S. Miguel de Odrinhas

Desengane-se quem, pelo título, pensava que eu ia falar da Europa política, de Trump, do Irão... 

Rapto de Europa, mosaico romano do século III

Fresco de Pompeia
Rapto de Europa, Botero
Enlevo de Miss Europa, Nikias Skapinakis
9 de Maio - Dia da Europa
E as minhas vaquinhas estão seduzidas...


domingo, 6 de maio de 2018

Il n'y a plus rien!

Televisão entre o modo Festival da Eurovisão e o Porto campeão...

Queima das Fitas em modo cerveja...

Fico em modo sorriso das vacas!...


Em modo 50 anos de Maio 68...
(a diferença entre quem pensava mudar o mundo e quem pensa em se embebedar...)

Ao menos que reguem o jardim!...


Maio de 68 - 50 anos (4)

6 de Maio: realizam-se novas manifestações no Quartier Latin, o "bairro dos intelectuais", e são erguidas barricadas.
Há violentos confrontos entre a polícia e os manifestantes, que serão cada vez mais, mas os números variam nos milhares...
Os polícias lançam bombas de gás lacrimogéneo, os manifestantes lançam pedras.
Há centenas de detenções e cerca de 500 feridos.




O radicalismo de esquerda toma conta das universidades e vai tomando conta de Paris.




sábado, 5 de maio de 2018

Karl Marx - 200 anos



Cena do filme Zabriskie Point, de Michelangelo Antonioni


Ser (pura e simplesmente)


«Os tempos em que vivemos poderiam ser a melhor das épocas para se estar vivo, porque estamos rodeados de por descobertas científicas espectaculares e por um brilho técnico que tornam a vida cada vez mais confortável e conveniente: porque a quantidade de conhecimentos disponível e a facilidade de acesso a esses conhecimentos nunca foram tão elevadas, acontecendo o mesmo em relação à interligação humana a uma escala planetária, como se prova pelas viagens, pela comunicação electrónica e pelos acordos internacionais sobre todos os tipos de cooperação científica, artística e comercial; porque a capacidade de diagnóstico, gestão e até cura de doenças continua a aumentar e a longevidade continua a prolongar-se de tal forma que se espera que os seres humanos nascidos após o ano de 2000 possam viver, e bem, segundo se espera, até uma média de 100 anos. Em breve seremos conduzidos por veículos robotizados que nos poupam esforços e vidas, pois, a certa altura, deveremos ter menos acidentes fatais. 

No entanto, para considerar os nossos dias como sendo os melhores de sempre seria preciso que estivéssemos muito distraídos, já para não dizer indiferentes ao drama dos restantes seres humanos que vivem na miséria. Embora a literacia científica e técnica nunca tenha estado tão desenvolvida, o público dedica muito pouco tempo à leitura de romances ou de poesia, que continuam a ser a forma mais garantida e recompensadora de penetrar na comédia e no drama da existência, e de ter oportunidade de reflectir sobre aquilo que somos ou que podemos vir a ser. Ao que parece, não há tempo a perder com a questão pouco lucrativa de, pura e simplesmente, ser. Parte das sociedades que celebram a ciência e a tecnologia modernas, e que mais lucram com elas, parece estar numa situação de bancarrota “espiritual”, tanto no sentido secular como religioso do termo. A julgar pela aceitação despreocupada das crises financeiras problemáticas – a bolha da internet de 2000, os abusos hipotecários de 2007 e o colapso bancário de 2008 – parecem igualmente estar numa situação de bancarrota moral. Curiosamente, ou talvez não tanto, o nível de felicidade nas sociedades que beneficiaram com os espantosos progressos do nosso tempo mantém-se estável ou em declínio, caso possamos confiar nas respectivas avaliações.»

António Damásio, A estranha ordem das coisas

Fotografia de Robert Doisneau


sexta-feira, 4 de maio de 2018

Desembaraço?


Abrir-se-á uma "caixa de Pandora", como alguns preconizam?
Estará a direcção do PS a festejar? 
Hum... Embaraçados estavam mais sossegadinhos...
Zangam-se as comadres...

Jogada de quem?

Estará?

Não perca os próximos episódios!...

Segundo o mito, na caixa do Pandora ficou encerrada a esperança...


4 de Maio

1981
Setúbal
Dia da minha 2.ª inspecção
Um dos episódios da minha "vida militar".


quinta-feira, 3 de maio de 2018

Maio de 68 - 50 anos (3)


A 3 de maio, no pátio da Sorbonne, uma assembleia de estudantes exigiu o acesso aos anfiteatros. 

O reitor chamou a polícia, que entrou nas instalações universitárias e deteve vários alunos. A Sorbonne foi encerrada.
Os distúrbios alastraram ao centro da cidade: muitos jovens foram detidos em manifestações no Quartier Latin
Seguiram-se confrontos com as autoridades.

«Foi uma espantosa expressão de solidariedade. Entre 6 000 e 10 000 estudantes foram para o Quartier Latin para cercarem e reabrirem a Sorbonne (...) Começámos a virar carros e a levantar barricadas à volta dos estudantes (...) Demos connosco atrás das barricadas a dizer "daqui ninguém nos tira!"» (Romain Goupil)




quarta-feira, 2 de maio de 2018

Estar com a juventude

«Estar com a juventude, sem o proclamar demagogicamente de nenhuma maneira. Estar com ela agora e sempre, na sua encarnação presente e futura, tão discretamente que nunca sinta ao lado nem uma presunção protectora, nem uma ambição mentora. Acompanhá-la nas horas boas e más, só através da sinceridade duma atitude ou da pureza dum poema que lhe acudam à lembrança.»
Miguel Torga, Diário X (Coimbra, 7 de Maio de 1968)


Maio de 68 - 50 anos (2)




Da capa do i de hoje

A 2 de Maio de 1968 houve novos incidentes entre os estudantes e a polícia em Nanterre, sendo encerrada a Faculdade de Letras.
Vários estudantes acusados de liderar o movimento foram ameaçados de expulsão.
As medidas provocaram a reacção dos alunos da Sorbonne.

Sorbonne (identificada como sendo da sua ocupação)



Léo Ferré
L'été 68

L'été comme un enfant s'est installé
Sur mon dos
Et c'est très lourd à porter
Un enfant tout un été
Sans cigales
Avec des hiboux ensoleillés
Comme les enfants du mois de mai
Qui reviendront cet automne
Après l'été de mil sept cent quatre-vingt-neuf

Ça ira ça ira ça ira


terça-feira, 1 de maio de 2018

Maio de 68 - 50 anos (1)

DN de hoje
Ao caminhar para o final da década de 1960, a população universitária aumentara significativamente em França.
Em finais de 67, os estudantes reclamavam reformas nos programas, nos métodos de ensino e nos exames, o direito a eleger representantes, o maior acesso ao ensino superior por estudantes provenientes das classes trabalhadoras e o fim da segregação sexual nos alojamentos universitários.
«Havia também um "considerável movimento nocturno de um lado para o outro" entre os dormitórios masculino e femininos, apesar "das rigorosas" proibições oficiais.»

Para alojar estudantes, a Sorbonne tinha construído um novo pólo em Nanterrre, na região metropolitana de Paris.
Em Março já os estudantes tinham ocupado um edifício administrativo e criado um movimento - 22 de Março - tendo à frente Daniel Cohn-Bendit, que viria a ser um dos líderes da revolta.
Foi aí que começaram os distúrbios de Maio de 1968, que terão sido detonados por protestos contra a guerra do Vietname. Também existia contestação à situação social e política de França e ao governo do general Charles de Gaulle.