domingo, 31 de janeiro de 2016
Acabar em alta...
... ou acabar lá no alto, mas em baixa.
Let it be!
Há 47 anos, a última actuação dos Beatles, no telhado do edifício da Apple Records, para o filme Let it be...
As filmagens pararam a meio, dada a confusão que ia pela rua.
O grupo acabou... pela confusão que ia por ali.
O disco teve uma edição polémica - nem todos os seus membros gostaram do trabalho da produção (de Phil Spector) sobre as músicas, pelo menos Paul McCartney. E em 2003 saiu um Let it be... Naked, de acordo com a versão de Paul.
Ao escrever isto, verifico que George Harrison já morreu há mais de 14 anos... Não acredito!...
sábado, 30 de janeiro de 2016
O insuportável peso da desigualdade
«A credível e prestigiada organização não-governamental Oxfam publicou os últimos dados sobre a desigualdade social no mundo, imediatamente antes da realização do Fórum Económico Mundial de Davos.
Vale a pena sumariar alguns dos pontos do relatório:
- A riqueza acumulada por 1% da população mundial foi, em 2015, equivalente ao património dos 99% restantes.
- As 62 pessoas mais ricas acumularam o equivalente à riqueza dos 50% mais pobres da população mundial (em 2010 eram 388 pessoas).
- Um em cada nove seres humanos não tem o suficiente para comer.
- Mais de mil milhões de pessoas ainda vivem com menos de 1,25 dólares (pouco mais de um euro) por dia.
Estes números e a sua evolução falam por si. A desigualdade na distribuição dos bens é avassaladora e tende ainda a ser mais cavada. A crise por que vem passando o mundo agudizou a situação, tornando os ricos mais ricos e os pobres mais pobres.
Os paraísos fiscais continuam inamovíveis e a corrupção alastra endemicamente. Vivemos perigosos tempos de "politeísmo" de dinheiro, poder, nacionalismos e integrismos.
Como há 70 anos já protestava Gandhi, "há riqueza suficiente no mundo para as necessidades do homem, mas não para a sua ambição".
E o que nos legou Davos na sua conferência deste ano? Silêncio, tão-só.»
Como dizia alguém (citado ou copiado nas redes sociais), se o socialismo não deu certo, o capitalismo também não.
«(...) um sistema que leva ao esgotamento dos recursos naturais e desconexão com a natureza, a vidas infelizes com empregos de merda, à desigualdade de oportunidades e padronização de uma vida mecanizada e à valorização das pessoas erradas não pode ser considerado um sistema que deu certo.»
Vale a pena sumariar alguns dos pontos do relatório:
- A riqueza acumulada por 1% da população mundial foi, em 2015, equivalente ao património dos 99% restantes.
- As 62 pessoas mais ricas acumularam o equivalente à riqueza dos 50% mais pobres da população mundial (em 2010 eram 388 pessoas).
- Um em cada nove seres humanos não tem o suficiente para comer.
- Mais de mil milhões de pessoas ainda vivem com menos de 1,25 dólares (pouco mais de um euro) por dia.
Estes números e a sua evolução falam por si. A desigualdade na distribuição dos bens é avassaladora e tende ainda a ser mais cavada. A crise por que vem passando o mundo agudizou a situação, tornando os ricos mais ricos e os pobres mais pobres.
Os paraísos fiscais continuam inamovíveis e a corrupção alastra endemicamente. Vivemos perigosos tempos de "politeísmo" de dinheiro, poder, nacionalismos e integrismos.
Como há 70 anos já protestava Gandhi, "há riqueza suficiente no mundo para as necessidades do homem, mas não para a sua ambição".
E o que nos legou Davos na sua conferência deste ano? Silêncio, tão-só.»
António Bagão Félix, Público, 29 de Janeiro de 2016
Como dizia alguém (citado ou copiado nas redes sociais), se o socialismo não deu certo, o capitalismo também não.
«(...) um sistema que leva ao esgotamento dos recursos naturais e desconexão com a natureza, a vidas infelizes com empregos de merda, à desigualdade de oportunidades e padronização de uma vida mecanizada e à valorização das pessoas erradas não pode ser considerado um sistema que deu certo.»
Évora - Vergílio Ferreira
«Évora é uma cidade branca como uma ermida. Convergem para ela os caminhos da planície como o rasto da esperança dos homens. E como uma ermida, o que a habita é o silêncio dos séculos, do descampado em redor.»
Vergílio Ferreira, Carta ao futuro
Escrito no ano e no mês em que nasci: Setembro de 1958.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
Talk to the wind
Música composta por Ian McDonald (flauta) para o primeiro disco dos King Crimson, grupo de que fazia parte, em 1969.
O sentido da vida
Numa aula, um aluno de 10 anos perguntou-me, logo a abrir: "Qual é o sentido da vida?"
Eh, jovem!...
Vieram-me à memória os Monty Python...
Há-de descobrir, espero eu.
Eh, jovem!...
Vieram-me à memória os Monty Python...
Há-de descobrir, espero eu.
«Senta-te na primavera e bebe
um copo de vinho. De tudo te olvida
Dez dias como dez rosas eis
aquilo a que se resume a nossa vida»
Hafiz (Pérsia, séc. XIV)
P.S. - Não lhe falei dos Monty Python, nem de vinho, claro!...
Jefferson Airplane
Banda norte-americana da segunda metade dos anos 60, princípio de 70.
Conheci-os ao ver o Festival de Woodstock.
Hoje, morreu um dos seus fundadores, o guitarrista Paul Kantner.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2016
Vergílio Ferreira escreveu
«Escrevo para criar um espaço habitável da minha necessidade, do que me oprime, do que é difícil e excessivo. Escrevo porque o encantamento e a maravilha são verdade e a sua sedução é mais forte do que eu. Escrevo porque o erro, a degradação e a injustiça não devem ter razão. Escrevo para tornar possível a realidade, os lugares, tempos, pessoas que esperam que a minha escrita os desperte do seu modo confuso de serem. E para evocar e fixar o percurso que realizei, as terras, gentes e tudo o que vivi e que só na escrita eu posso reconhecer, por nela recuperarem a sua essencialidade, a sua verdade emotiva, que é a primeira e a última que nos liga ao mundo. Escrevo para tornar visível o mistério das coisas. Escrevo para ser. Escrevo sem razão.»
Vergílio Ferreira
Vergílio Ferreira faria hoje 100 anos.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2016
terça-feira, 26 de janeiro de 2016
segunda-feira, 25 de janeiro de 2016
E o Presidente é...
... o desejado esperado!
Metade dos eleitores não compareceu (mas nesse número contar-se-ão defuntos não abatidos, salvo seja, às listas, mais uns desaparecidos, outros emigrados...)...
Resultados tranquilos (próximos do esperado - as sondagens estão a funcionar bem, como já tinha acontecido nas legislativas, o povo é sereno e previsível), algumas azias, as tendas arrumadas mais cedo, a TVI 24 a falar de futebol (captar os que estão enjoados da política, embora tanto comentário futebolístico seja um enjoo...), umas despesas inesperadas a pagar por quem pensava ficar acima dos 5% e receber subvenção estatal...
Vitórias... Vitória só uma!
Quanto a derrotas... várias - outras nem o foram... ou procura-se disfarçar...
"As esganiçadas do Pedro Arroja" em festa e com voz firme...
Jerónimo azedo - cuidado...
Maria (fora) de Belém em apagada tristeza - ainda vai haver uns ajustes de contas, mas não deverão ser grandes (o Francisco Assis e o António José Seguro que o digam). Mas não lhe ficou nada bem publicitar a candidatura, em tempo de pré-campanha eleitoral para as legislativas, no dia de uma entrevista de António Costa à SIC Notícias... Com aquele arzinho frágil, a senhora não tem muito bom feitio (como se viu em momentos da campanha). Quem com ferros fere...
Discurso de Paulo Portas... Portas nunca perde! Dá sempre a volta...
Breve, o discurso de Passos Coelho. Discurso de perdedor.
Discurso institucional de António Costa. Como primeiro-ministro, não perdeu. Amanhã já está noutra. Foi maior a derrota de Passos Coelho...
Um digno Nóvoa derrotado. É a vida!...
Os outros...
Se tudo correr normalmente, daqui a 5 anos há mais!
Tirando algum folclore, qualquer candidato era melhor que do que o actual Presidente.
É comparar o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa com o de Cavaco Silva quando da reeleição!
P.S. - Só tenho uma dívida para com Cavaco: devo-lhe o nome desta tasca! Foi aquele que conseguiu ver o sorriso das vacas açoreanas (com E de propósito)...
Metade dos eleitores não compareceu (mas nesse número contar-se-ão defuntos não abatidos, salvo seja, às listas, mais uns desaparecidos, outros emigrados...)...
Resultados tranquilos (próximos do esperado - as sondagens estão a funcionar bem, como já tinha acontecido nas legislativas, o povo é sereno e previsível), algumas azias, as tendas arrumadas mais cedo, a TVI 24 a falar de futebol (captar os que estão enjoados da política, embora tanto comentário futebolístico seja um enjoo...), umas despesas inesperadas a pagar por quem pensava ficar acima dos 5% e receber subvenção estatal...
Vitórias... Vitória só uma!
Quanto a derrotas... várias - outras nem o foram... ou procura-se disfarçar...
"As esganiçadas do Pedro Arroja" em festa e com voz firme...
Jerónimo azedo - cuidado...
Maria (fora) de Belém em apagada tristeza - ainda vai haver uns ajustes de contas, mas não deverão ser grandes (o Francisco Assis e o António José Seguro que o digam). Mas não lhe ficou nada bem publicitar a candidatura, em tempo de pré-campanha eleitoral para as legislativas, no dia de uma entrevista de António Costa à SIC Notícias... Com aquele arzinho frágil, a senhora não tem muito bom feitio (como se viu em momentos da campanha). Quem com ferros fere...
Discurso de Paulo Portas... Portas nunca perde! Dá sempre a volta...
Breve, o discurso de Passos Coelho. Discurso de perdedor.
Discurso institucional de António Costa. Como primeiro-ministro, não perdeu. Amanhã já está noutra. Foi maior a derrota de Passos Coelho...
Um digno Nóvoa derrotado. É a vida!...
Os outros...
Se tudo correr normalmente, daqui a 5 anos há mais!
Tirando algum folclore, qualquer candidato era melhor que do que o actual Presidente.
É comparar o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa com o de Cavaco Silva quando da reeleição!
P.S. - Só tenho uma dívida para com Cavaco: devo-lhe o nome desta tasca! Foi aquele que conseguiu ver o sorriso das vacas açoreanas (com E de propósito)...
"As pessoas que votam em mim..."
... só podem ser umas bestas tão grandes quanto o candidato!
Por cá, felizmente, nenhum dos candidatos disparou sobre ninguém, nem para uma demonstração de domínio sobre a sua mole eleitoral - só uns vitupérios ressabiados, umas farpazitas entre candidaturas...
Por cá, felizmente, nenhum dos candidatos disparou sobre ninguém, nem para uma demonstração de domínio sobre a sua mole eleitoral - só uns vitupérios ressabiados, umas farpazitas entre candidaturas...
domingo, 24 de janeiro de 2016
Publius Aelius Hadrianus Augustus
«A minha mãe instalou-se para o resto da vida numa austera viuvez; não a tornei a ver depois do dia em que, chamado pelo meu tutor, parti para Roma. Conservo do seu rosto alongado de espanhola, marcado por uma doçura um pouco melancólica, uma lembrança que o busto de cera da parede dos antepassados confirma. (...)
A ficção oficial quer que um imperador romano nasça em Roma, mas foi em Italica que eu nasci; foi a esse país seco e no entanto fértil que sobrepus mais tarde muitas regiões do mundo. A ficção tem coisas boas: prova que as decisões do espírito e da vontade transcendem as circunstâncias. O verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que, pela primeira vez, se lança um olhar inteligente sobre si mesmo: as minhas primeiras pátrias foram os livros.»
Adriano, imperador romano entre 117 e 138, terá nascido a 24 de Janeiro de 76, em Italica (Hispânia).
A ficção oficial quer que um imperador romano nasça em Roma, mas foi em Italica que eu nasci; foi a esse país seco e no entanto fértil que sobrepus mais tarde muitas regiões do mundo. A ficção tem coisas boas: prova que as decisões do espírito e da vontade transcendem as circunstâncias. O verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que, pela primeira vez, se lança um olhar inteligente sobre si mesmo: as minhas primeiras pátrias foram os livros.»
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano
Bustos de Adriano, em bronze |
Adriano, imperador romano entre 117 e 138, terá nascido a 24 de Janeiro de 76, em Italica (Hispânia).
Eleição para PR
PR = Presidente da Região
Parece-me que somos, apenas, uma região (pobre) de um país pouco dado a democracias.
Parece-me que somos, apenas, uma região (pobre) de um país pouco dado a democracias.
Facada!
A compra de um faqueiro à Alemanha, pelo actual, foi, para os industriais portugueses... uma facada nas costas (ou do Costa)!
E comprar à Alemanha um faqueiro D. João V!... Não lembra ao careca!
Se fosse um Bismark...
Faqueiros
Ao que se diz…
Este Governo comprou um faqueiro.
O anterior também comprou faqueiros, pelo menos 15,
e, poucos dias antes da tomada de posse do actual Governo, comprou outro, por
17 mil euros. (Aqui, cheira-me que alguém quis levar uma recordação!)
Este Governo comprou um serviço de jantar.
O anterior celebrou contrato para a compra
de 15 serviços.
O protocolo de Estado ou serviços por si tutelados podem
suscitar estas necessidades, mas...
Perante os valores das aquisições – ver o preço do último faqueiro – percebi, finalmente!, o alcance da proposta de Maria de Belém, na campanha eleitoral:
Quer poupar nos talheres! Há que reconhecer que a candidata percebe de economia doméstica.
Perante os valores das aquisições – ver o preço do último faqueiro – percebi, finalmente!, o alcance da proposta de Maria de Belém, na campanha eleitoral:
Quer poupar nos talheres! Há que reconhecer que a candidata percebe de economia doméstica.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2016
quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
Sebastião, Santo e Rei
«Velas, candeias, tochas e barris de alcatrão a arder iluminavam o Terreiro do Paço, fazendo a noite parecer dia, porém o silêncio acabrunhado e ansioso da multidão mostrava que a causa de tal ajuntamento não era arraial de santo, nem jogo alegre de canas, alvoroço de tourada ou pungente queimadeiro de judeu e herege, mas antes vigília de cuidados e orações por intenção da infanta D. Joana, naquela hora de aflição. Era quase meia-noite e a filha do imperador Carlos V continuava a contorcer-se de espasmos de agonia no leito de viúva, esquecida da sua qualidade de princesa face à terrível, embora milagrosa, condição a que qualquer mulher nobre ou plebeia está sujeita desde o início dos tempos: dar à luz em dor o seu primeiro filho.»
D. Sebastião nasceria no dia do Santo que lhe deu o nome.
Deana Barroqueiro, D. Sebastião e o vidente
D. Sebastião nasceria no dia do Santo que lhe deu o nome.
S. Sebastião, pintura mural na igreja do Mosteiro de S. Pedro de Cête (Paredes) |
João de Melo - Prémio Vergílio Ferreira 2016
O Prémio Vergílio Ferreira, instituído pela Universidade de Évora, destina-se a galardoar o conjunto da obra literária de um autor relevante de língua portuguesa.
Aguarda-se para breve a edição da próxima obra de João de Melo, Os Navios da Noite, um livro de contos.
Nuno Teotónio Pereira (1922 - 2016)
«Mais do que um profissional brilhante na área da arquitectura, se assume como uma figura ética que, desde sempre, soube afirmar posições de grande vigor cívico».
Esta foi a opinião do júri que, em 2015, atribuiu, por unanimidade, o Prémio Universidade de Lisboa a Nuno Teotónio Pereira, segundo proposta da Ordem dos Arquitectos.
As pessoas foram o fundamento e a principal preocupação do seu trabalho de arquitecto. Palavras do próprio.
Pertenceu ao círculo dos chamados católicos progressistas, integrou a Comissão de Socorro aos Presos Políticos, foi um dos organizadores da vigília na Capela do Rato (em protesto contra a Guerra Colonial) e foi detido 4 vezes pela PIDE. Da última vez, só saiu da prisão... depois do dia 25 de Abril de 1974.
Nasceu em Lisboa, cidade que amava e onde deixa a sua marca em vários edifícios e conjuntos habitacionais.
Foi distinguido com 4 prémios Valmor, o último dos quais pelo conjunto das Estações do Cais de Sodré e seu interface (fluvial, ferroviária e do Metro), em colaboração com o arq. Pedro Botelho, trabalho que já não chegou a ver concretizado por ter ficado cego, devido a glaucoma.
Embora Teotónio Pereira já tivesse 93 anos, longe estava eu de pensar, quando hoje atravessei o interface entre os comboios e os barcos, que o seu autor se tivesse juntado à extensa lista de destacadas figuras que morreram este mês.
Estação Fluvial do Cais de Sodré - fotografia de Manuel V. Botelho |
domingo, 17 de janeiro de 2016
sexta-feira, 15 de janeiro de 2016
quinta-feira, 14 de janeiro de 2016
Dar machadas no ensino público...
Lá voltamos aos exames... e às machadas no português!
Estesjornalistas escribas não fazem exames e depois é isto!...
Estes
O ensino são só os exames?
Hoje tive mais tempo livre e pude ouvir, ler e ver notícias.
Para além do furacão que deverá passar pelos Açores e da campanha eleitoral para as presidenciais, o outro grande tema nacional da informação foi o das mudanças no sistema de avaliação dos alunos no ensino básico.
Ainda bem que se fala na educação! Antes só se falava (obsessivamente) na dívida!
Tudo muda na educação, diz-se. Exagero!
Tudo muda na avaliação dos alunos, diz-se. Aproximámo-nos um bocadinho da verdade!
Mas a avaliação são só os exames? Os exames nem tinham esse nome no ensino básico, eram "provas finais". Tinham vergonha de ser EXAMES!
Para além do furacão que deverá passar pelos Açores e da campanha eleitoral para as presidenciais, o outro grande tema nacional da informação foi o das mudanças no sistema de avaliação dos alunos no ensino básico.
Ainda bem que se fala na educação! Antes só se falava (obsessivamente) na dívida!
Tudo muda na educação, diz-se. Exagero!
Tudo muda na avaliação dos alunos, diz-se. Aproximámo-nos um bocadinho da verdade!
Mas a avaliação são só os exames? Os exames nem tinham esse nome no ensino básico, eram "provas finais". Tinham vergonha de ser EXAMES!
O olho do furacão pelos Açores
Espero que o olho consiga passar entre as ilhas.
S. Jorge até se vai querer encolher...
E que as vaquinhas possam continuar a sorrir...
E que os açoreanos (propositadamente com e!) tenham uma boa noite.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2016
segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
escrevo-te a sentir tudo isto
escrevo-te a sentir tudo isto
e num instante de maior lucidez poderia ser o rio
as cabras escondendo o delicado tilintar dos guizos nos sais de prata da
fotografia
poderia erguer-me como o castanheiro dos contos sussurrados junto ao fogo
e deambular trémulo com as aves
ou acompanhar a sulfúrica borboleta revelando-se na saliva dos lábios
poderia imitar aquele pastor
ou confundir-me com o sonho de cidade que a pouco e pouco morde a sua
imobilidade
habito neste país de água por engano
são-me necessárias imagens radiografias de ossos
rostos desfocados
mãos sobre corpos impressos no papel e nos espelhos
repara
nada mais possuo
a não ser este recado que hoje segue manchado de finos bagos de romã
repara
como o coração de papel amareleceu no esquecimento de te amar
e num instante de maior lucidez poderia ser o rio
as cabras escondendo o delicado tilintar dos guizos nos sais de prata da
fotografia
poderia erguer-me como o castanheiro dos contos sussurrados junto ao fogo
e deambular trémulo com as aves
ou acompanhar a sulfúrica borboleta revelando-se na saliva dos lábios
poderia imitar aquele pastor
ou confundir-me com o sonho de cidade que a pouco e pouco morde a sua
imobilidade
habito neste país de água por engano
são-me necessárias imagens radiografias de ossos
rostos desfocados
mãos sobre corpos impressos no papel e nos espelhos
repara
nada mais possuo
a não ser este recado que hoje segue manchado de finos bagos de romã
repara
como o coração de papel amareleceu no esquecimento de te amar
Al berto
Al berto nasceu a 11 de Janeiro de 1948
O voo de um pássaro
«Creio que a vida dos homens na Terra, quando comparada aos vastos espaços de tempo de que nada sabemos, se assemelha ao voo de um pássaro que entrou pela janela de uma grande sala onde arde ao centro uma lareira como aquela onde tomas as refeições com os teus conselheiros e vassalos, enquanto lá fora reina a invernia, com as sua chuvas e neves. O pássaro atravessa a sala num ápice e sai pelo lado oposto; vindo do Inverno, a ele regressa, perdendo-se aos teus olhos. Assim também a efémera vida dos homens de que não sabemos o que havia antes e o que vem depois.»
Marguerite Yourcenar, A propósito de algumas linhas de Beda, o Venerável
in O Tempo esse grande escultor
domingo, 10 de janeiro de 2016
Mesquinho! Mesquinho! Mesquinho!
Li agora - aqui - um artigo de Paulo Guinote, que termina com uma referência aos "tempos remanescentes".
É exactamente o que eu penso: uma medida mesquinha que revela o carácter de quem a tomou - Nuno Crato.
Manifestei aqui alguma esperança que tinha relativamente ao novo ministro da educação quando se soube que seria Nuno Crato a ocupar o lugar (Junho de 1917).
Os 4 anos de governação foram uma enorme decepção. Depois de medidas como os "tempos remanescentes", sinto o mais profundo desprezo por quem pode ter uma visão tão mesquinha da acção educativa.
Transcrevo o referido excerto do texto de Paulo Guinote:
É exactamente o que eu penso: uma medida mesquinha que revela o carácter de quem a tomou - Nuno Crato.
Manifestei aqui alguma esperança que tinha relativamente ao novo ministro da educação quando se soube que seria Nuno Crato a ocupar o lugar (Junho de 1917).
Os 4 anos de governação foram uma enorme decepção. Depois de medidas como os "tempos remanescentes", sinto o mais profundo desprezo por quem pode ter uma visão tão mesquinha da acção educativa.
Transcrevo o referido excerto do texto de Paulo Guinote:
«Mas não queria terminar este muito breve comentário sem sublinhar um dos aspectos mais deprimentes do nosso horário de trabalho que é o dos chamados “tempos a repor”, calculados a partir dos 1100 minutos lectivos que devemos cumprir e que no caso das escolas que optaram pelos tempos de 45 minutos implicam que todos os meses seja feita uma contabilidade dos minutinhos que faltam para os 1100, contabilidade essa que ocupa bastante as preocupações dos senhores inspectores da IGE que fazem as vistorias periódicas destas matérias e que nos obrigam a desenvolver as chamadas actividades da treta para cumprir as contas de merceeiro decorrente da “autonomia” que se diz existir nas escolas para organizar os horários.
Cada vez que vejo aquelas contas e vejo as horas ou tempos a repor dá-me vontade de perguntar se esta não é uma das formas mais mesquinhas de menorizar o profissionalismo docente. E interrogo-me quando haverá a coragem para enviar esta obrigação para um poço bem fundo, onde a luz do sol não chegue.»
Júlio Pomar - 90 anos
«É preciso acompanhá-lo, na verdade, desde o princípio, para se perceber inteiramente a magnífica serenidade e certeza que há na sua evolução. É preciso ter-lhe lido os artigos e ter-lhe acompanhado os passos - vendo o sonho e a vida sadiamente unidos, para se apreender até ao fundo o sentido de coerência e de riqueza de que a sua obra se vai enchendo, a caminho dessa meta difícil que se põe ao artista adulto dos nossos dias e que ele próprio definiu desta maneira: "factos ocorrendo entre homens comuns, narrados em linguagem comum". É um pintor com os pés na rua, onde a inquietação foi maior, sabendo que o artista na noite tempestuosa, como um homem que é, "tem de estar atento, e sempre".
(...)
Júlio Pomar tem vinte e dois anos e conta no seu activo desenhos e desenhos, óleos e óleos, mais de cem metros quadrados de fresco. A sua oficina é de facto uma oficina em actividade. E está neste momento, se não me excedo em pressa, a entrar no seu caminho verdadeiramente pessoal.»
Mário Dionísio, Desenhos de Júlio Pomar (1948),
in Prefácios
Distracções fúnebres
Os "distraídos" do facebook conseguem dar novidades com anos de atraso.
A notícia da morte de Pedro Osório (ocorrida há 3 anos), dada por um amigo, há pouco, ainda é partilhada e recolhe vários "likes" (como?) e lamentos.
Pelo meio, sempre há um que chama a atenção.
Mas a velocidade dos RIPanços é tal, que nem reparam nisso.
sábado, 9 de janeiro de 2016
Dizem os cínicos
Pois!...
«Pela primeira vez em mais de quinhentos anos, Portugal tem as mesmas fronteiras geográficas que tinha quando iniciou a sua aventura ultramarina. Mas agora também é parte da União Europeia, essa nova comunidade de mais ou menos regeneradas nações imperiais. Recorde-se que quase todos os países até recentemente nela incluídos tinham sido potências coloniais. E a Comunidade continua a expandir-se, integrando outros países cada vez mais periféricos em relação ao seu núcleo fundador e cuja principal função - dizem os cínicos - é contribuir de modos não totalmente dissimilares aos das antigas colónias para os antigos centros onde reside o poder.»
Hélder Macedo, Sociedade pós-moderna, globalização e europeização do mundo português (2001),
in Trinta Leituras