quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Nuno Teotónio Pereira (1922 - 2016)


«Mais do que um profissional brilhante na área da arquitectura, se assume como uma figura ética que, desde sempre, soube afirmar posições de grande vigor cívico».

Esta foi a opinião do júri que, em 2015, atribuiu, por unanimidade, o Prémio Universidade de Lisboa a Nuno Teotónio Pereira, segundo proposta da Ordem dos Arquitectos.

As pessoas foram o fundamento e a principal preocupação do seu trabalho de arquitecto. Palavras do próprio.

Pertenceu ao círculo dos chamados católicos progressistas, integrou a Comissão de Socorro aos Presos Políticos, foi um dos organizadores da vigília na Capela do Rato (em protesto contra a Guerra Colonial) e foi detido 4 vezes pela PIDE. Da última vez, só saiu da prisão... depois do dia 25 de Abril de 1974. 

Nasceu em Lisboa, cidade que amava e onde deixa a sua marca em vários edifícios e conjuntos habitacionais. 
Foi distinguido com 4 prémios Valmor, o último dos quais pelo conjunto das Estações do Cais de Sodré e seu interface (fluvial, ferroviária e do Metro), em colaboração com o arq. Pedro Botelho, trabalho que já não chegou a ver concretizado por ter ficado cego, devido a glaucoma.

Embora Teotónio Pereira já tivesse 93 anos, longe estava eu de pensar, quando hoje atravessei o interface entre os comboios e os barcos, que o seu autor se tivesse juntado à extensa lista de destacadas figuras que morreram este mês. 

Estação Fluvial do Cais de Sodré - fotografia de Manuel V. Botelho


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