quinta-feira, 30 de maio de 2013
Falta de jeitinho
Quem não tem verdadeiro sentido de humor devia eximir-se de dizer graçolas em público. Sobretudo, quando são figuras públicas com grandes responsabilidades e vêm dizer graçolas que bulem com uns milhões de cidadãos.
Cavaco Silva e Nossa Senhora, Vítor Gaspar e o Benfica...
Mantenham-se sérios... ou façam por parecer. Sempre podem dar a ideia de que não estão a gozar connosco.
Cacilheiro em Veneza
Dizem que tudo está pronto.
Será amanhã a inauguração do Pavilhão de Portugal na Bienal de Veneza, o cacilheiro Trafaria Praia.
Já forrado pelos painéis de azulejos - aquilo que eu pensava que conseguiria ver, ainda no estaleiro da Navaltagus, no Seixal.
Projecto de Joana Vasconcelos já flutua.
Insubordinação
Qualquer curto-circuito mental (PDI?) fez-me trocar poetas: Camões por Pessoa, a propósito do prémio ganho por Mia Couto.
Mas a insubordinação mantém-se.
Mia Couto, vencedor do Prémio Pessoa Camões 2013.
quarta-feira, 29 de maio de 2013
Stravinsky, 1960
Igor Stravinsky |
Stravinsky
«Ainda hoje é compreensível a raiva, o espanto, o desnorteamento causado pelo Sacre. Tal como o é o causado pelas Demoiselles d'Avignon. São ambas escandalosas e a justo título. São os Poetas que criam. Stravinsky é anterior ao jazz e Mallarmé anterior a Stravinsky; esta é a Ordem eterna.»
Eduardo Lourenço, Tempo da Música - Música do Tempo
Picasso - Les demoiselles d'Avignon |
Sagração da Primavera - 100 anos
Maio de 1913, em Paris, os Ballets Russes estavam a apresentar a sua gala da Primavera no Théâtre des Champs-Élysées, estreado há pouco.
A presença era obrigatória para a aristocracia e para a alta burguesia, naquele que seria o último ano antes da Guerra.
Havia um certo fascínio francês pela cultura clássica russa, os seus compositores e bailados.
No dia 29, o programa incluía a estreia de uma obra musical do jovem compositor, Igor Stravinski, com uma coreografia de Nijinsky - Sagração da Primavera.
Stravinski não era desconhecido. Já tinha apresentado em Paris O Pássaro de Fogo e Petrushka, também sob o patrocínio de Serge Diaghilev, e começava a tornar-se um nome e uma figura.
Mas, agora, a sua Sagração da Primavera prometia algo de novo - "uma nova sensação".
E cumpriu.
A obra musical chocou os padrões de composição dominantes, a coreografia esqueceu os gestos clássicos.
Nada que O Pássaro de Fogo e Petrushka não deixassem adivinhar.
Os muitos instrumentos de sopro - a começar pelo fagote da abertura e um largo naipe de trompas - os padrões complexos, a existência de ritmos "independentes" e que variam irregularmente, assim como os timbres (por vezes, agressivos, desagradáveis ao primeiro ouvido), dão um carácter subversivo, selvagem como a sua dança. Há quem fale em desconcerto.
Mas ninguém pode negar a energia que corre na música e que liberta. Como libertou!
Houve murmúrios, risos, assobios, apupos, brados nas galerias, nos balcões e na plateia, houve socos e pontapés... Há quem tenha escrito que não foi possível ouvir a música em condições ao longo de todo o espectáculo, tal era a rebelia na sala.
«A novidade que ressai de uma partitura como Sagração da Primavera é como que uma fonte de inesgotável surpresa, pelo que até se compreende a reacção hostil - e sobretudo assustada!...
(...)
A Sagração da Primavera mergulha raízes na terra e nas próprias origens da vida, pelo que a audição constitui sempre uma aventura simultaneamente exaltante e angustiante, com eventuais efeitos colaterais nos espíritos mais sensíveis...»
Há quem tenha escrito, também, que certas descrições foram exageradas, mas ajudaram à publicidade (o que não deixaria de se pretender).
As actuações continuaram nos dias seguintes, com uma receptividade cada vez maior.
O que não deixa dúvidas é que há um antes e um depois da Sagração da Primavera.
Nós já estamos 100 anos depois.
A presença era obrigatória para a aristocracia e para a alta burguesia, naquele que seria o último ano antes da Guerra.
Havia um certo fascínio francês pela cultura clássica russa, os seus compositores e bailados.
No dia 29, o programa incluía a estreia de uma obra musical do jovem compositor, Igor Stravinski, com uma coreografia de Nijinsky - Sagração da Primavera.
Stravinski não era desconhecido. Já tinha apresentado em Paris O Pássaro de Fogo e Petrushka, também sob o patrocínio de Serge Diaghilev, e começava a tornar-se um nome e uma figura.
Mas, agora, a sua Sagração da Primavera prometia algo de novo - "uma nova sensação".
E cumpriu.
A obra musical chocou os padrões de composição dominantes, a coreografia esqueceu os gestos clássicos.
Nada que O Pássaro de Fogo e Petrushka não deixassem adivinhar.
Os muitos instrumentos de sopro - a começar pelo fagote da abertura e um largo naipe de trompas - os padrões complexos, a existência de ritmos "independentes" e que variam irregularmente, assim como os timbres (por vezes, agressivos, desagradáveis ao primeiro ouvido), dão um carácter subversivo, selvagem como a sua dança. Há quem fale em desconcerto.
Mas ninguém pode negar a energia que corre na música e que liberta. Como libertou!
Bailarinas dos Ballets Russes que dançaram na estreia da Sagração da Primavera |
Houve murmúrios, risos, assobios, apupos, brados nas galerias, nos balcões e na plateia, houve socos e pontapés... Há quem tenha escrito que não foi possível ouvir a música em condições ao longo de todo o espectáculo, tal era a rebelia na sala.
«A novidade que ressai de uma partitura como Sagração da Primavera é como que uma fonte de inesgotável surpresa, pelo que até se compreende a reacção hostil - e sobretudo assustada!...
(...)
A Sagração da Primavera mergulha raízes na terra e nas próprias origens da vida, pelo que a audição constitui sempre uma aventura simultaneamente exaltante e angustiante, com eventuais efeitos colaterais nos espíritos mais sensíveis...»
António Victorino d'Almeida, Músicas da minha vida
Há quem tenha escrito, também, que certas descrições foram exageradas, mas ajudaram à publicidade (o que não deixaria de se pretender).
As actuações continuaram nos dias seguintes, com uma receptividade cada vez maior.
O que não deixa dúvidas é que há um antes e um depois da Sagração da Primavera.
Nós já estamos 100 anos depois.
A Sagração da Primavera já passou por aqui:
terça-feira, 28 de maio de 2013
Estação ferroviária do Cais do Sodré
Há 50 anos caiu a cobertura de cimento da estação ferroviária do Cais do Sodré, provocando 49 mortos e dezenas de feridos.
28 de Maio, data do aniversário do golpe militar que instalou a ditadura (1926).
Soou que tinha sido uma acção da oposição. E houve quem tivesse feito a relação com a figura (incómoda para o regime) de Aquilino Ribeiro, falecido no dia anterior.
Por coincidência, 1926, data do golpe militar, também foi a data do início da construção do edifício da estação do Cais do Sodré, depois da pioneira electrificação da linha, para substituição do abarracamento que tinha esse uso desde o início do funcionamento da linha Cais do Sodré - Cascais (1895).
A cobertura em cimento sobre os cais, que desabou em 1963, já tinha sido um acrescento feito, cerca de 3 anos antes, à obra original do arquitecto Pardal Monteiro, falecido em 1957.
28 de Maio, data do aniversário do golpe militar que instalou a ditadura (1926).
Soou que tinha sido uma acção da oposição. E houve quem tivesse feito a relação com a figura (incómoda para o regime) de Aquilino Ribeiro, falecido no dia anterior.
Por coincidência, 1926, data do golpe militar, também foi a data do início da construção do edifício da estação do Cais do Sodré, depois da pioneira electrificação da linha, para substituição do abarracamento que tinha esse uso desde o início do funcionamento da linha Cais do Sodré - Cascais (1895).
A cobertura em cimento sobre os cais, que desabou em 1963, já tinha sido um acrescento feito, cerca de 3 anos antes, à obra original do arquitecto Pardal Monteiro, falecido em 1957.
Na onda de Aquilino
Estou longe de ser Dean Corso, a personagem interpretada por Johnny Depp em A Nona Porta, que era especialista em localizar livros raros.
Mas depois de ter o DVD do filme, e ao passar - por instinto ou vício - pelo alfarrabista da Av. do Uruguai, encontrei O Romance de Camilo, de Aquilino Ribeiro, que já procurava há algum tempo.
Edição limitada da Bertrand, de 1961, em 3 volumes numerados e assinados pelo próprio Aquilino.
Um dia depois de se assinalarem os 50 anos da sua morte. E penso que os comprei por bom preço (não digo o valor, mas nunca vivi acima das minhas possibilidades).
Mas depois de ter o DVD do filme, e ao passar - por instinto ou vício - pelo alfarrabista da Av. do Uruguai, encontrei O Romance de Camilo, de Aquilino Ribeiro, que já procurava há algum tempo.
Edição limitada da Bertrand, de 1961, em 3 volumes numerados e assinados pelo próprio Aquilino.
Um dia depois de se assinalarem os 50 anos da sua morte. E penso que os comprei por bom preço (não digo o valor, mas nunca vivi acima das minhas possibilidades).
A Nona Porta
Pérez-Reverte considerou "uma experiência amena e divertida" a passagem do livro a filme. Mas só isso. |
Quando li Clube Dumas, o primeiro livro de Pérez-Reverte que comprei, soube que a história tinha sido adoptado ao cinema. Tive curiosidade em ver o filme - o mistério e as forças diabólicas filmadas por Polanski (quem melhor para filmar o Diabo?).
Difícil era encontrá-lo. Encontrei-o em 2.ª mão, na Mau Génio, e já o tenho comigo.
Um especialista em encontrar livros raros para coleccionadores é contratado por um apaixonado por livros e especialista em demonologia. A sua missão seria comparar a edição que este último adquirira de As Nove portas do Reino das Trevas (um lendário manual de invocação satânica) com as duas cópias que existiam na Europa, determinando a sua autenticidade. Sintra é um dos locais visitados. Mas por detrás há outras jogadas...
Johnny Depp é o especialista que cumpre essa missão, a qual se revela complexa e misteriosa, atravessando-se com uma sociedade secreta associada a Alexandre Dumas.
Valha-lhe a protecção de uma criatura do outro mundo e a ajuda de outras forças.
Johnny Depp no filme, junto ao portão do Chalet Biester (Sintra), onde se passam algumas cenas do filme. O Hotel Central e a Estrada da Pena são os outros locais filmados em Sintra. |
segunda-feira, 27 de maio de 2013
Recordar Mestre Aquilino
Ex-libris de Aquilino Ribeiro |
50 anos depois da sua morte, 100 anos depois do início da produção ficcionista do Mestre.
Um Mestre difícil para os nossos dias, pela sua riqueza lexical, cada vez mais incompreendida, e pelo desaparecimento do mundo em que a sua obra tem raízes. Um erudito com os pés (e a alma) na terra.
Militante cívico, entre muitas acções foi fundador da Sociedade Portuguesa de Escritores e seu presidente (1956)
«O vento, que é um pincha-no-crivo devasso e curioso, penetrou na camarata, bufou, deu um abanão. O estarim parecia deserto. Não senhor, alguém dormia meio encurvado, cabeça para fora do seu decúbito, que se agitou molemente. Voltou a soprar. Buliu-lhe a veste, deu mesmo um estalido em sua tela semi-rígida e imobilizou-se. Outro sopro. Desta vez o pinhão, como um pretinho da Guiné de tanga a esvoaçar, liberou-se da cela e pulou no espaço. Que pára-quedista!
Precipitado tão de alto do pinheiro solitário, balançou-se um instante e ensaiou um voo oblíquo. A meio caminho volteou, rodopiou, viu as nuvens ao largo, a terra em baixo e, saracoteando a fralda, desceu em espiral. Poisou em cima duma fraga, ligeiro como um tira-olhos. Mas novo pé-de-vento atirou com ele para a banda, quase de escantilhão, e a aleta, tomando-se de imprevisto fôlego, arrebatou-o para mais longe. Foi cair numa mancheia de terra, removida de fresco pelos roçadores do mato, e ali permaneceu à espera que pancada de água ou calcanhar de homem o mergulhasse no solo, dado que um pombo bravo o não avistasse e engolisse.»
Abertura de A Casa Grande de Romarigães
Tanto para dizer da simples queda de um pinhão (e da esperança que o levasse a pinheiro).
Até o corrector ortográfico assinala erros por desconhecimento do vocabulário.
Em primeiro luar
Agora mesmo, por isso, em primeira mão primeiro olhar
Cá estamos outra vez sozinhos
- camarada lua!
José Gomes Ferreira
para fazer algumas invejas!...
domingo, 26 de maio de 2013
Já feirei
Feirar era expressão usada lá em casa, em Serpa (ou em Benfica, via Serpa), em tempo de feira de Agosto.
A Feira do Livro de Lisboa voltou ao Parque Eduardo VII e à época de Maio/Junho.
Com descontos em tanto lado, o que mais vale a pena são os livros do dia e... o termos ali à mão aquela acumulação de livros numa zona agradável de Lisboa, sobretudo quando faz um tempo alegre.
Os alfarrabistas são, nesta fase, uma das minhas perdições. Esqueço-me da austeridade...
A Feira do Livro de Lisboa voltou ao Parque Eduardo VII e à época de Maio/Junho.
Com descontos em tanto lado, o que mais vale a pena são os livros do dia e... o termos ali à mão aquela acumulação de livros numa zona agradável de Lisboa, sobretudo quando faz um tempo alegre.
Os alfarrabistas são, nesta fase, uma das minhas perdições. Esqueço-me da austeridade...
Exposição de fotografia de Sena da Silva
Na Cordoaria, exposição do fotógrafo, designer, arquitecto e mais... Sena da Silva.
Cerca de 200 fotografias, algumas inéditas, de um longo percurso de dedicação.
Entrada grátis.
Cerca de 200 fotografias, algumas inéditas, de um longo percurso de dedicação.
Entrada grátis.
Cortiça sob investigação
Dois investigadores portugueses já credenciados, Helena Pereira e António Velez, descobriram um método para expandir o volume da cortiça - estamos a falar de processos industriais, não da cortiça na árvore.
Correspondendo ao desafio de industriais, os investigadores procuraram desenvolver um processo de produção de aglomerados expandidos de cortiça que fosse mais eficaz e, sobretudo, mais económico.
A partir da utilização da energia do micro-ondas, conseguiu-se a expansão do volume das células da cortiça, sem os efluentes nocivos que a indústria tinha que combater.
Em vídeo do Público, os investigadores, reconhecidos, explicam.
O projecto é candidato ao Prémio Europeu do Inventor, cujos resultados são divulgados na próxima 3.ª feira, pelo Instituto Europeu de Patentes, em Amesterdão.
Correspondendo ao desafio de industriais, os investigadores procuraram desenvolver um processo de produção de aglomerados expandidos de cortiça que fosse mais eficaz e, sobretudo, mais económico.
A partir da utilização da energia do micro-ondas, conseguiu-se a expansão do volume das células da cortiça, sem os efluentes nocivos que a indústria tinha que combater.
Em vídeo do Público, os investigadores, reconhecidos, explicam.
Não é milagre, é cortiça.
O projecto é candidato ao Prémio Europeu do Inventor, cujos resultados são divulgados na próxima 3.ª feira, pelo Instituto Europeu de Patentes, em Amesterdão.
A torcer pela cortiça...
Genesis Hall
Intervalo na "montagem" da prova de exame.
Por um Domingo melhor!...
Por um Domingo melhor!...
Esta canção, escrita por Richard Thompson, abria Unhalfbricking, o 3.º disco dos Fairport Convention (1969). Bonita interpretação de Sandy Denny.
O que resta da noite
Corre agora o silêncio nesses fios...
E, com eles, o luar
Tece nos céus vazios
Uma rede discreta de poesia,
Onde pode sonhar
Quem tiver fantasia...
Miguel Torga
sábado, 25 de maio de 2013
Azores
Descobri este lindíssimo vídeo dos Açores.
De Markus Haist, que visitou os Açores em Janeiro deste ano e esteve em S. Miguel e nas Flores, onde descobriu a natureza destas duas ilhas.
O Tejo é sempre novo
«Vejo o puro, suave e brando Tejo,
Com as côncavas barcas que, nadando,
Vão pondo em doce efeito o seu desejo:
Uas com brando vento navegando,
Outras cos leves remos, brandamente
As cristalinas águas apartando.»
Luís de Camões
Mudam-se os tempos...
mudam-se as embarcações
mudam-se as embarcações
sexta-feira, 24 de maio de 2013
Um weekend in
Bom fim-de-semana
Neil Young em 1971
6.ª feira à noite é uma boa sensação,
mesmo sabendo que tenho trabalho para fazer.
quarta-feira, 22 de maio de 2013
Bruno Mars, para mim Elton John
Quando vi o entusiasmo de algumas colegas em relação ao concerto que Bruno Mars dará em Lisboa, fui saber quem era o senhor. Ao acaso, ouvi uma - When I was your man.
Pareceu-me uma nova versão de Elton John. A música parece ter bebido na de Elton John. Não conheço mais nada, mas o pouco que ouvi (tudo) me fez lembrar o que vou pôr já aqui.
Sempre prefiro o original.
Pareceu-me uma nova versão de Elton John. A música parece ter bebido na de Elton John. Não conheço mais nada, mas o pouco que ouvi (tudo) me fez lembrar o que vou pôr já aqui.
Sempre prefiro o original.
Reforma-te, filho!
«Ainda não estás farto de fitas? Olha, filho, passas a ser aquilo que és e mais nada. Pede a reforma. Pede a reforma, que eu faço uma açordinha de chouriço como tu gostas...
(...)
Reforma-te, filho, reforma-te enquanto é tempo. Já deste à Pátria o que tinhas a dar, tudo! Se és alguma coisa, és credor da Pátria! Credor!»
Personagem da peça de Luís de Sttau Monteiro, A Guerra Santa
P.S. - Já a mãe de Paulo Portas tinha vindo a público falar da sua infelicidade como mãe...
terça-feira, 21 de maio de 2013
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Padrão dos Descobrimentos - hoje e em 1940
1940...
Num mundo em guerra, o Portugal de Salazar celebrava a grandeza de uma Pátria que escapava às consequências físicas directas do conflito.
Era a exposição do Mundo Português, o mais importante acontecimento político-cultural do Estado Novo.
Celebrava os centenários: o da independência (arredondadamente 1140) e o da Restauração desta (1640).
Alguém tinha de captar o momento para o mostrar - os fotógrafos, claro! - aos portuguesinhos, primeiro, para saberem a sorte que tinham, ao mundo, depois, para os outros saberem que nós existíamos há uns séculos e que estávamos de (aparente) boa saúde. Para ficarem com inveja.
No Padrão dos Descobrimentos, durante mais uma semana, está uma exposição de fotografia sobre a Exposição de 1940. O local mais apropriado, ou não fosse o Padrão uma criação do regime para essa Exposição.
O Estado Novo em festa.
Num mundo em guerra, o Portugal de Salazar celebrava a grandeza de uma Pátria que escapava às consequências físicas directas do conflito.
Era a exposição do Mundo Português, o mais importante acontecimento político-cultural do Estado Novo.
Celebrava os centenários: o da independência (arredondadamente 1140) e o da Restauração desta (1640).
Alguém tinha de captar o momento para o mostrar - os fotógrafos, claro! - aos portuguesinhos, primeiro, para saberem a sorte que tinham, ao mundo, depois, para os outros saberem que nós existíamos há uns séculos e que estávamos de (aparente) boa saúde. Para ficarem com inveja.
Inauguração da Exposição do Mundo Português |
O Estado Novo em festa.
domingo, 19 de maio de 2013
Diferentes luzes à beira-Tejo
Ainda (e sempre) por Lisboa, com Tejo e tudo.
Da World Press Photo, sobra uma ironia, como a do português Daniel Rodrigues, distinguido por uma fotografia a preto e branco onde um grupo de crianças joga futebol, na Guiné-Bissau, e as imagens-choque, com predominância do Médio Oriente.
O jovem fotógrafo português, desempregado, conseguiu a foto com uma máquina emprestada. É um duplo bom retrato... da situação de vida das crianças na Guiné e das gerações jovens no nosso país.
Em contraste com a luz e a alegria do mundo à beira-Tejo, o lado sombrio de fotos como a de Somayeh Mehri e de sua filha, Rana Afghanipour, ambas desfiguradas pelo ácido que lhes foi lançado pelo marido e pai.
Às fotografias de morte nas guerras, de tanto as vermos, já me habituei. Esta, um beijo que é o retrato do amor que liga mãe e filha - na inocente tristeza da criança de 3 anos, na mágoa da mãe, cega - toca-me. Abala-nos.
Que esse amor seja a luz que lhes permita ter esperança.
Da World Press Photo, sobra uma ironia, como a do português Daniel Rodrigues, distinguido por uma fotografia a preto e branco onde um grupo de crianças joga futebol, na Guiné-Bissau, e as imagens-choque, com predominância do Médio Oriente.
O jovem fotógrafo português, desempregado, conseguiu a foto com uma máquina emprestada. É um duplo bom retrato... da situação de vida das crianças na Guiné e das gerações jovens no nosso país.
Em contraste com a luz e a alegria do mundo à beira-Tejo, o lado sombrio de fotos como a de Somayeh Mehri e de sua filha, Rana Afghanipour, ambas desfiguradas pelo ácido que lhes foi lançado pelo marido e pai.
Às fotografias de morte nas guerras, de tanto as vermos, já me habituei. Esta, um beijo que é o retrato do amor que liga mãe e filha - na inocente tristeza da criança de 3 anos, na mágoa da mãe, cega - toca-me. Abala-nos.
Que esse amor seja a luz que lhes permita ter esperança.
Victims of forced love, fotografia do iraniano Ebrahim Noroozi |
O fotógrafo era eu
Fui surpreendido, no fb, pela identificação numa foto em que... não me via.
É a fotografia do grupo de alunos da Viagem de Finalistas a Vila Nova de Cerveira (2004), incluindo os "meus" ex-6.º 2, que me convidaram, alguns anos depois de os "ter deixado".
No regresso, a poucos km da chegada, parámos e fizemos este boneco.
A surpresa, para mim, estava na sombra do canto inferior direito. Alguém me reconheceu na sombra!
Dia dos Museus - água, ar e terra
Faltou o fogo, que poderia ser o Laboratório de Chimica (Museu da Ciência), mas já estava esgotado.
No Jardim Botânico...
Museu da Água - Reservatório da Mãe d'Água (Amoreiras) |
Museu da Água - Cobertura do reservatório da Mãe d'Água |
Vista sobre a zona do Rato (a partir do terraço - cobertura - do reservatório da Mãe d'Água), com o Tejo e a Outra Banda ao fundo |
sexta-feira, 17 de maio de 2013
Os céus andam revoltos
«Fossem meus os tecidos bordados dos céus,
Ornamentados com luz dourada e prateada,
Os azuis e negros e pálidos tecidos
Da noite, da luz e da meia-luz,
Os estenderia sob os teus pés.
(...)»
W. B. Yeats
Festival Islâmico de Mértola
Já começou e prolonga-se pelo fim-de-semana: o Festival Islâmico de Mértola.
A celebração da herança moura.
Programa
Dia Internacional dos Museus 2013
É já amanhã.
Este ano sob o tema Museus num Mundo em Mudança: Novos Desafios, Novas Inspirações.
Programa
Confidências
Mãe!
Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas que ainda não viajei! Traze tinta encarnada para escrever estas coisas! Tinta cor de sangue, sangue! verdadeiro, encarnado!
Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens! Eu vou viajar. Tenho sede! Eu prometo saber viajar.
Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um. Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa. Depois venho sentar-me a teu lado. Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei, tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.
Mãe! ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito apertado! Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa. Como a mesa. Eu também quero ter um feitio, um feitio que sirva exactamente para a nossa casa, como a mesa.
Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!
Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas que ainda não viajei! Traze tinta encarnada para escrever estas coisas! Tinta cor de sangue, sangue! verdadeiro, encarnado!
Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens! Eu vou viajar. Tenho sede! Eu prometo saber viajar.
Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um. Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa. Depois venho sentar-me a teu lado. Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei, tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.
Mãe! ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito apertado! Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa. Como a mesa. Eu também quero ter um feitio, um feitio que sirva exactamente para a nossa casa, como a mesa.
Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!
Almada Negreiros
quinta-feira, 16 de maio de 2013
Nuno Júdice - Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana
Nuno Júdice venceu o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americano, como reconhecimento do valor do conjunto da sua obra poética.
Sophia de Mello Breyner era, até agora, a única portuguesa vencedora do prémio (2003).
A vida que traz consigo as emoções e os acasos,
a luz inexorável das profecias que nunca se realizaram
e dos encontros que sempre se soube que
se iriam dar, mesmo que nunca se soubesse com
quem e onde, nem quando;
(...)
a vida feita dos seus
corpos obscuros e das suas palavras
próximas
Teoria Geral do Sentimento
Cuidado com o ácido!
Creio que era o Joe Cocker que, em Woodstock (1969), chamava a atenção para o "ácido" que andava a circular: era de má qualidade.
Não sei o que anda o voluntário de Belém a tomar, mas é preciso que averigúem da qualidade do produto, pois parece que está a imaginar cenas maradas. Depois da invocação de Nossa Senhora foi a vez de S. Jorge.
A invocação de S. Jorge, em Monção, não é estranha à cultura local. Mas, ali, até o dragão é a... coca.
Não sei o que anda o voluntário de Belém a tomar, mas é preciso que averigúem da qualidade do produto, pois parece que está a imaginar cenas maradas. Depois da invocação de Nossa Senhora foi a vez de S. Jorge.
A invocação de S. Jorge, em Monção, não é estranha à cultura local. Mas, ali, até o dragão é a... coca.
Constituição? Só para maiores de 18
Fernando Negrão, Presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais, afirmou que "os alunos não devem ter nenhum contacto com esta Constituição", por fazer mais sentido terem contacto com o conhecimento de "conteúdos de direito constitucional" que não estejam vinculados a ideais "de direita, nem de esquerda".
Não é o senhor um deputado da Nação, comprometido com o respeito pela Constituição?
Não é o senhor, ainda para mais, Presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais?
A constituição é tóxica? O senhor quando lhe pega é com pinças que o faz? O seu partido não a votou favoravelmente?
Há projectos de sociedade que sejam neutros, que não estejam vinculados a ideais que, habitualmente, são classificados de esquerda ou de direita?
Há Constituições neutras?
O projecto As ideias descabeladas de modelo de sociedade do actual Governo, independentemente da Constituição, não são de direita? Quem o tem impedido de governar?
Não é o senhor um deputado da Nação, comprometido com o respeito pela Constituição?
Não é o senhor, ainda para mais, Presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais?
A constituição é tóxica? O senhor quando lhe pega é com pinças que o faz? O seu partido não a votou favoravelmente?
Há projectos de sociedade que sejam neutros, que não estejam vinculados a ideais que, habitualmente, são classificados de esquerda ou de direita?
Há Constituições neutras?
A de 1822? A Carta Constitucional? A de 1838? A de 1911? A de 1933? A de 1976?
A ideia de Negrão é neutra? Pura, incolor, inodora, insípida, inócua?
A ideia é... ideológica, vinculada a ideais de direita, retrógados, reaccionários.
A Constituição passará a ser acessível, apenas, aos maiores de 18 anos? Passará a ter uma bolinha vermelha no canto superior direito?
Vamos voltar aos “bons velhos tempos” das ideias proibidas, da expressão condicionada, dos livros proibidos? À salazarista cadeira de Organização Política e Administrativa da Nação?
Salazar também era contra os partidos porque... dividiam.
Se Negrão tem medo de “contágios”... sempre podemos dar preservativos aos alunos!
Perigoso está a ser o "consumo" deste Presidente da República, do Governo, desta maioria na A.R.
Isto não está negro, está negrão!
quarta-feira, 15 de maio de 2013
terça-feira, 14 de maio de 2013
Valha-nos Nossa Senhora!
Na faculdade, durante a apresentação de um trabalho, lembro-me de um colega entusiasmado dizer, a propósito do padre Agostinho de Macedo: "E o padre, com uma inspiração de filho da mãe (...)".
Pode-se dizer o mesmo da inspiração da Troika: uma inspiração de filhos da mãe!
Quanto à inspiração do Voluntário que ocupa Belém... Oh, valha-nos Nossa Senhora!