«Nesse tempo [Estado Novo], havia um inimigo que era visível, tinha um rosto - o Salazar, a ditadura que tinha essa figura a representá-lo. Era relativamente fácil o confronto. Nós sabíamos quem estava do outro lado e sabíamos com quem podíamos contar para essa luta. Hoje não é assim. A troika não é nada, são umas instituições que têm umas siglas. Há o capital, os mercados. São inimigos anónimos mas muito mais poderosos porque não se sabe onde estão, circulam por aí pelas bolsas, pelos computadores. É uma sociedade em que o Big Brother, no sentido orwelliano, encontrou formas até muito mais perigosas do que as que ele inventou nesse livro.»
Nuno Júdice, Ler, n.º 123
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