domingo, 14 de abril de 2013

Árvores...

Árvore, árvore. Um dia serei árvore.
Com a maternal cumplicidade do verão.
Que pombos torcazes
anunciam.

Um dia abandonarei as mãos
ao barro ainda quente do silêncio,
subirei pelo céu, 
às árvores são consentidas coisas assim.

Habitarei então o olhar nu,
fatigado do corpo, esse deserto
repetido nas águas,
enquanto a bruma é sobre as folhas

que pousa as mãos molhadas.
E o lume.
Eugénio de Andrade, Branco no branco





Parque do Monteiro-Mor









2 comentários:

  1. Respostas
    1. «As ramadas das árvores agora sim agora devem viver
      agora devem manifestar vivamente que vivem»
      Ruy Belo (o poeta das árvores)

      Beijinho

      Eliminar