«A cidade não é alegre; parece banhada por uma acidulada melancolia barroca, que as águas do rio reflectem, por não conseguirem arrastá-la para o mar, que principia ali adiante, na Cantareira. Os seus nevoeiros são espessos e pesados, com vagares de mulheres de soalheiro pelas escadarias. A humidade nalgumas paredes é quase perpétua, a não ser que sejam lágrimas - há na cidade tanta e tanta razão para chorar! O meu entendimento do Porto não é grande, eu sei. Nasci debaixo doutro céu, lá para o sul, em campos infindavelmente rasos de trigo (...)»
Eugénio de Andrade, Os afluentes do silêncio
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