domingo, 31 de julho de 2011
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Jantar com 9.º 2 (para mim 5.º/6.º 2 - 1999/2001)
Obrigado pelo vosso convite para jantarmos.
Até há poucos dias não pensaria possível este reencontro: só fui vosso professor no 2.º Ciclo (já há uns bons anos!...), e estive fora da escola - no Ecomuseu do Seixal - enquanto fizeram o 3.º Ciclo, embora vos tenha acompanhado na Viagem de Finalistas (9.º ano). Os contactos foram muito dispersos.
O facebook tem estes aspectos positivos (e só o inesperado pedido da Inês me fez ficar lá, como contei).
Foi uma surpresa agradável e foi um prazer ter estado convosco.
Gostaria de ter reencontrado os restantes elementos da turma, mas numa altura de férias e com o tempo apertado é difícil conseguir a presença de muitos.
É bom ver ao vivo que estão bem, muito saudáveis, mentalmente saudáveis, ouvir-vos falar de planos para o futuro: mestrados, doutoramentos, projectos...
Como vocês crescem!...
E ao saber do vosso percurso como estudantes e dos vossos planos futuros, mais me convenço da veracidade de umas frases que repito sem me lembrar de quem foi o autor:
Convosco eu tive a sorte de ter tido alunos que queriam aprender (o que hoje é raro).
Até há poucos dias não pensaria possível este reencontro: só fui vosso professor no 2.º Ciclo (já há uns bons anos!...), e estive fora da escola - no Ecomuseu do Seixal - enquanto fizeram o 3.º Ciclo, embora vos tenha acompanhado na Viagem de Finalistas (9.º ano). Os contactos foram muito dispersos.
O facebook tem estes aspectos positivos (e só o inesperado pedido da Inês me fez ficar lá, como contei).
Foi uma surpresa agradável e foi um prazer ter estado convosco.
Gostaria de ter reencontrado os restantes elementos da turma, mas numa altura de férias e com o tempo apertado é difícil conseguir a presença de muitos.
É bom ver ao vivo que estão bem, muito saudáveis, mentalmente saudáveis, ouvir-vos falar de planos para o futuro: mestrados, doutoramentos, projectos...
Como vocês crescem!...
E ao saber do vosso percurso como estudantes e dos vossos planos futuros, mais me convenço da veracidade de umas frases que repito sem me lembrar de quem foi o autor:
«Ao fim de alguns anos de experiência mais ou menos dolorosa, todos os professores descobrem que não ensinam nada. Têm, ou não, a sorte de ter alunos que aprendem.
O seu trabalho será "apenas" seduzi-los para que queiram aprender mais.»
Convosco eu tive a sorte de ter tido alunos que queriam aprender (o que hoje é raro).
quinta-feira, 28 de julho de 2011
J. S. Bach
J.S. Bach representado no vitral da igreja de S. Tomás, em Leipzig |
«Bach é a síntese de toda a música que o precedeu e, simultaneamente, a chave para toda a música que se lhe seguiu.»
Massimo Mazzeo
Para mim, que sou leigo na matéria, há um a.B. e um d.B.: um antes de J.S. Bach e um depois de J.S. Bach.
E há, acima de tudo e de todos, J.S. Bach.
O nascimento de um cagarro
Cagarros no ninho |
Ver aqui
A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) elegeu o Cagarro como Ave do Ano 2011, como já anunciámos no Permanente Reencontro, em Janeiro de 2011
terça-feira, 26 de julho de 2011
Orgulho na liberdade
No outro dia, ainda muito longe de pensarmos que os dramáticos acontecimentos da Noruega poderiam acontecer, alguém me falava em “ética nórdica”.
Há, nos países nórdicos, uma forma diferente de estar. Eles não são o “mundo perfeito” – os recentes acontecimentos também disso são prova – mas, no meio de uma Europa desorientada, qual barata tonta reagindo casuisticamente às questões financeiras e aos problemas sociais, os países nórdicos ainda se parecem reger por princípios éticos, mantendo um racionalismo e uma crença nos valores da liberdade e do respeito humanos.
Imagino a paranóia securitária que reinaria nos EUA ou na maioria dos países europeus caso os atentados tivessem aí ocorrido.
Penso que os Noruegueses deram a melhor resposta: a liberdade preserva-se e vive-se... em liberdade.
Enquanto os meios de comunicação social portugueses procuram espremer o filão do manifesto do jovem assassino norueguês, o saloísmo das referenciazinhas a Portugal que aí se encontram, o macabrozinho que é sempre possível descobrir nestas ocorrências, o que será mais de enaltecer é o espírito com que os noruegueses vieram para a rua, o exemplo da resposta de um colectivo, de um povo que tem orgulho na sua liberdade.
P.S. - Inaugurei a etiqueta "Liberdade". "Roubei" a fotografia no Público on-line... em nome da liberdade. Espero que ningém leve a mal.
Há, nos países nórdicos, uma forma diferente de estar. Eles não são o “mundo perfeito” – os recentes acontecimentos também disso são prova – mas, no meio de uma Europa desorientada, qual barata tonta reagindo casuisticamente às questões financeiras e aos problemas sociais, os países nórdicos ainda se parecem reger por princípios éticos, mantendo um racionalismo e uma crença nos valores da liberdade e do respeito humanos.
Imagino a paranóia securitária que reinaria nos EUA ou na maioria dos países europeus caso os atentados tivessem aí ocorrido.
Penso que os Noruegueses deram a melhor resposta: a liberdade preserva-se e vive-se... em liberdade.
Enquanto os meios de comunicação social portugueses procuram espremer o filão do manifesto do jovem assassino norueguês, o saloísmo das referenciazinhas a Portugal que aí se encontram, o macabrozinho que é sempre possível descobrir nestas ocorrências, o que será mais de enaltecer é o espírito com que os noruegueses vieram para a rua, o exemplo da resposta de um colectivo, de um povo que tem orgulho na sua liberdade.
P.S. - Inaugurei a etiqueta "Liberdade". "Roubei" a fotografia no Público on-line... em nome da liberdade. Espero que ningém leve a mal.
segunda-feira, 25 de julho de 2011
As indemnizações dos trabalhadores da Mundet
Em 1988, aquela que terá sido a maior fábrica de transformação da cortiça em Portugal e uma marca de renome a nível mundial – a Mundet, no Seixal – encerrou a laboração.
Ficaram dívidas, salários por pagar e as respectivas indemnizações.
Passados 23 anos, os antigos trabalhadores da Mundet – aqueles que ainda estão vivos - começaram a receber as indemnizações.
Aos processos sempre céleres, como é norma na justiça portuguesa, junta-se um verdadeiro conceito de justiça e de respeito pelos trabalhadores. É dentro desses princípios que as indemnizações agora pagas variam entre... 26 cêntimos e 37 euros.
Mais valia que o caso continuasse esquecido (já quase que o estava!), arquivado, perdido numa gaveta, atirado para o lixo... que se assobiasse para o ar...
Entre 26 cêntimos e 37 euros... É gozar com as pessoas!
Lembrei-me da indemnização paga àquele boy que esteve na PT, Rui Pedro Soares, que renunciou ao mandato depois das escutas do caso Face Oculta. Esse recebeu umas centenas de milhares de euros pelo que não chegou a trabalhar: foi uma compensação financeira pelos salários não recebidos.
É o direito às expectativas... e há expectativas que valem mais do que outras!!
Já diz o Grande Dicionário da Língua Portuguesa, coordenado por José Pedro Machado:
Expectativa (do latim expectatu) – esperança fundada em supostos direitos, em promessas ou em probabilidades.
Supostos direitos! Suposto significa admitido por hipótese; que se faz passar falsamente por outro; fingido; falso. Está tudo certo! Nós supomos que há direitos e promessas leva-as o vento.
A nossa sociedade é assim: uns não recebem pelo que trabalham, outros não trabalham pelo que recebem.
Ficaram dívidas, salários por pagar e as respectivas indemnizações.
Passados 23 anos, os antigos trabalhadores da Mundet – aqueles que ainda estão vivos - começaram a receber as indemnizações.
Aos processos sempre céleres, como é norma na justiça portuguesa, junta-se um verdadeiro conceito de justiça e de respeito pelos trabalhadores. É dentro desses princípios que as indemnizações agora pagas variam entre... 26 cêntimos e 37 euros.
Mais valia que o caso continuasse esquecido (já quase que o estava!), arquivado, perdido numa gaveta, atirado para o lixo... que se assobiasse para o ar...
Entre 26 cêntimos e 37 euros... É gozar com as pessoas!
Lembrei-me da indemnização paga àquele boy que esteve na PT, Rui Pedro Soares, que renunciou ao mandato depois das escutas do caso Face Oculta. Esse recebeu umas centenas de milhares de euros pelo que não chegou a trabalhar: foi uma compensação financeira pelos salários não recebidos.
É o direito às expectativas... e há expectativas que valem mais do que outras!!
Já diz o Grande Dicionário da Língua Portuguesa, coordenado por José Pedro Machado:
Expectativa (do latim expectatu) – esperança fundada em supostos direitos, em promessas ou em probabilidades.
Supostos direitos! Suposto significa admitido por hipótese; que se faz passar falsamente por outro; fingido; falso. Está tudo certo! Nós supomos que há direitos e promessas leva-as o vento.
A nossa sociedade é assim: uns não recebem pelo que trabalham, outros não trabalham pelo que recebem.
domingo, 24 de julho de 2011
O poema do bombeiro
Hoje, num singelo pacote de açúcar, descobri um ignoto poema de uma enamorada alma, que não me canso de recitar (o poema, não a alma enrabichada):
Ao ouvir a minha recitação, a senhora que mora cá em casa afirmou peremptória: "O poema é de um bombeiro!".
Que hipersensibilidade poética!!!
A luz que irradia
do teu rosto
é em meu coração
fogo posto
Ao ouvir a minha recitação, a senhora que mora cá em casa afirmou peremptória: "O poema é de um bombeiro!".
Que hipersensibilidade poética!!!
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Aumento dos preços dos transportes
Na rádio, ontem de manhã, diziam que era uma imposição da troika.
Estou a imaginar os negociadores estrangeiros, em pleno Cais do Sodré, a dizerem: "O passe para o Seixal tem de aumentar 15% e o do Montijo também!".
Aliás, eles conhecem muito bem o Seixal, o Montijo, o Barreiro... a Parede, então!...
O Memorando não diz "Aumentem os passes!" ou então também diria: "Não aumentem o número de gestores da Caixa Geral de Depósitos! Já basta de boys nos jobs!".
Quando os órgãos de poder se desculpam, dizendo que as medidas que se tomam são estas ou aquelas porque "está no memorando assinado com a troika", apetece-me ler-lhes esta passagem:
«(...) embora todos os homens sejam capazes do bom e do mau, os piores são sempre aqueles que, quando administram o mal, o fazem amparando-se na autoridade de outros, na subordinação ou no pretexto das ordens recebidas. (...) A ter de escolher quem enfrentar na hora, às vezes inevitável, de se relacionar com gente que pratica o mal, preferi sempre aqueles capazes de se justificarem apenas com a sua própria responsabilidade.»
Como se diz em português rústico: "É uma questão de tomates!"
Estou a imaginar os negociadores estrangeiros, em pleno Cais do Sodré, a dizerem: "O passe para o Seixal tem de aumentar 15% e o do Montijo também!".
Aliás, eles conhecem muito bem o Seixal, o Montijo, o Barreiro... a Parede, então!...
O Memorando não diz "Aumentem os passes!" ou então também diria: "Não aumentem o número de gestores da Caixa Geral de Depósitos! Já basta de boys nos jobs!".
Quando os órgãos de poder se desculpam, dizendo que as medidas que se tomam são estas ou aquelas porque "está no memorando assinado com a troika", apetece-me ler-lhes esta passagem:
«(...) embora todos os homens sejam capazes do bom e do mau, os piores são sempre aqueles que, quando administram o mal, o fazem amparando-se na autoridade de outros, na subordinação ou no pretexto das ordens recebidas. (...) A ter de escolher quem enfrentar na hora, às vezes inevitável, de se relacionar com gente que pratica o mal, preferi sempre aqueles capazes de se justificarem apenas com a sua própria responsabilidade.»
Arturo Pérez-Reverte, Limpeza de sangue
Como se diz em português rústico: "É uma questão de tomates!"
Aos 4 ventos: Não restava senão absolver os arguidos
O julgamento terminou em bem: os arguidos foram absolvidos.
“A crítica pública deve ser um direito e não um risco.”, afirmou o juiz.
Segundo o Público:
«O juiz sublinhou o “direito à manifestação artística” e “à história” e sublinhou a importância da liberdade de expressão como “uma das condições das sociedades democráticas”.»
Yes!...
“A crítica pública deve ser um direito e não um risco.”, afirmou o juiz.
Segundo o Público:
«O juiz sublinhou o “direito à manifestação artística” e “à história” e sublinhou a importância da liberdade de expressão como “uma das condições das sociedades democráticas”.»
Yes!...
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Aos 4 ventos: a PIDE não era uma sociedade recriativa ou uma associação de beneficência
Amanhã vai ser lido o acórdão relativo ao processo movido por dois sobrinhos do último director da PIDE, Silva Pais, contra dois antigos directores do Teatro Nacional D. Maria II (Carlos Fragateiro e José Manuel Castanheira) e Margarida Fonseca Santos, autora da peça A filha rebelde, adaptação teatral da obra com o mesmo título, dos jornalistas José Pedro Castanheira e Valdemar Cruz.
O livro e, portanto, a peça centram-se na vida de Annie Silva Pais, filha do referido director da PIDE, cujas ideias políticas eram diametralmente opostas às do pai, o que a levou a ir viver para Cuba, em contacto com influentes elementos da revolução cubana.
A acusação alega que a peça, levada à cena em 2007, constitui uma difamação e uma ofensa à memória de pessoa falecida, por insinuar que Silva Pais foi um dos responsáveis pelo assassinato do general Humberto Delgado, pois o director da PIDE nunca foi condenado por este crime.
O juiz do processo e o delegado do Ministério Público, entretanto, recordaram que o último director da PIDE não foi julgado nem condenado porque morreu em Fevereiro de 1981, quando decorria o processo pelo assassinato do general, e “a morte de um arguido faz cessar a responsabilidade criminal que possa recair sobre ele.”
Segundo o historiador Fernando Rosas, há suficiente evidência empírica para saber que Silva Pais teve conhecimento e autorizou a operação que conduziria à morte de Humberto Delgado, sancionando-a e agindo activamente no sentido do seu encobrimento posterior, nomeadamente na eliminação das provas, como a destruição do automóvel. Rosas afirmou, ainda, que “o facto de Silva Pais ter morrido antes da sentença não elimina as responsabilidades que teve em vida e que estão perfeitamente estabelecidas quer pela investigação policial quer pela investigação histórica.”
O que está em causa é a liberdade de criação e de expressão, tentando-se reescrever a História com a higienização da acção da polícia política do Estado Novo.
A PIDE não foi uma sociedade recriativa ou uma associação de beneficência.
O julgamento, iniciado a 3 de Maio, mereceu dos arguidos o seguinte texto:
«Dia 3 de Maio, pelas 9h15, um julgamento que nos remete para os tempos da ditadura…
Margarida Fonseca Santos (autora), Carlos Fragateiro e José Manuel Castanheira (ex-directores do Nacional D. Maria II) – somos acusados, pelos sobrinhos de Silva Pais, dos crimes de difamação e ofensa à memória de pessoa falecida. No seu entender, denegrimos a imagem do último director da PIDE com a adaptação para teatro do livro A Filha Rebelde (de José Pedro Castanheira e Valdemar Cruz), feita para o TNDM em 2007, com encenação de Helena Pimenta.
O Ministério Público não acompanhou a queixa.
Conquistámos, no 25 de Abril, a liberdade de expressão, que está agora posta em causa. Mas, mais grave ainda, esta é uma tentativa de branquear a imagem daquele que foi o responsável máximo da PIDE – a polícia política que perseguiu, torturou e matou muitos opositores ao regime, entre eles o General Humberto Delgado.
Pedimos que divulguem isto aos quatro ventos.»
Como afirmou José Manuel Tengarrinha, a propósito deste caso: «Num tribunal, defende-se o bom nome de uma pessoa que tem bom nome. Ele não tem bom nome.»
Que os 4 ventos passem por aqui.
O livro e, portanto, a peça centram-se na vida de Annie Silva Pais, filha do referido director da PIDE, cujas ideias políticas eram diametralmente opostas às do pai, o que a levou a ir viver para Cuba, em contacto com influentes elementos da revolução cubana.
A acusação alega que a peça, levada à cena em 2007, constitui uma difamação e uma ofensa à memória de pessoa falecida, por insinuar que Silva Pais foi um dos responsáveis pelo assassinato do general Humberto Delgado, pois o director da PIDE nunca foi condenado por este crime.
O juiz do processo e o delegado do Ministério Público, entretanto, recordaram que o último director da PIDE não foi julgado nem condenado porque morreu em Fevereiro de 1981, quando decorria o processo pelo assassinato do general, e “a morte de um arguido faz cessar a responsabilidade criminal que possa recair sobre ele.”
Segundo o historiador Fernando Rosas, há suficiente evidência empírica para saber que Silva Pais teve conhecimento e autorizou a operação que conduziria à morte de Humberto Delgado, sancionando-a e agindo activamente no sentido do seu encobrimento posterior, nomeadamente na eliminação das provas, como a destruição do automóvel. Rosas afirmou, ainda, que “o facto de Silva Pais ter morrido antes da sentença não elimina as responsabilidades que teve em vida e que estão perfeitamente estabelecidas quer pela investigação policial quer pela investigação histórica.”
O que está em causa é a liberdade de criação e de expressão, tentando-se reescrever a História com a higienização da acção da polícia política do Estado Novo.
A PIDE não foi uma sociedade recriativa ou uma associação de beneficência.
O julgamento, iniciado a 3 de Maio, mereceu dos arguidos o seguinte texto:
«Dia 3 de Maio, pelas 9h15, um julgamento que nos remete para os tempos da ditadura…
Margarida Fonseca Santos (autora), Carlos Fragateiro e José Manuel Castanheira (ex-directores do Nacional D. Maria II) – somos acusados, pelos sobrinhos de Silva Pais, dos crimes de difamação e ofensa à memória de pessoa falecida. No seu entender, denegrimos a imagem do último director da PIDE com a adaptação para teatro do livro A Filha Rebelde (de José Pedro Castanheira e Valdemar Cruz), feita para o TNDM em 2007, com encenação de Helena Pimenta.
O Ministério Público não acompanhou a queixa.
Conquistámos, no 25 de Abril, a liberdade de expressão, que está agora posta em causa. Mas, mais grave ainda, esta é uma tentativa de branquear a imagem daquele que foi o responsável máximo da PIDE – a polícia política que perseguiu, torturou e matou muitos opositores ao regime, entre eles o General Humberto Delgado.
Pedimos que divulguem isto aos quatro ventos.»
Como afirmou José Manuel Tengarrinha, a propósito deste caso: «Num tribunal, defende-se o bom nome de uma pessoa que tem bom nome. Ele não tem bom nome.»
Que os 4 ventos passem por aqui.
segunda-feira, 18 de julho de 2011
domingo, 17 de julho de 2011
Diferentes cais
O cais
Já o cais não é de pedra,
de tanto sentir o Mar.
(...)
Marujos que o nunca foram,
assentadinhos no cais
desde a hora do nascer,
quem foi que disse que tinham
raízes naquelas pedras ?
- Já lhes despontam nas costas,
já por ares e mares os levam,
asas leves de gaivota.
Cada traineira que passa
convida o cais a sair.
Já o cais não é de pedra.
O Sol moldou-lhe uma quilha,
as ondas o encurvaram,
os limos o arrastaram
p'ra lá de todo o limite,
e o cais cedeu ao convite
de ser um barco sem mestre.
Lá vai perdido nas ondas
e não lhe importa a chegada.
Deitou a bússola ao Mar.
Fez uma estaca do leme,
que atesta o sítio em que foi.
Voltou as costas à terra
e o seu destino cumpriu-se,
que era partir e mais nada.
Sebastião da Gama, Campo Aberto
Estou convencido que estes artistas (pintor, poeta, músicos), se se conhecessem, se entenderiam.
Arte portuguesa do século XX (1910-1960)
sábado, 16 de julho de 2011
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Hoje sentimo-nos assim...
Por esta...
... e por outras semelhantes...
... cá em casa, sentimo-nos assim!
P.S. - A mensagem foi ligeiramente alterada - o uso do plural é mais adequado.
Hoje está mais difícil "sonhar bom para diante".
Aproveitei o texto do Henrique
Tenho saudades de vocês, anos 70.
Do rigor obsessivo do Padre António Vieira à libertação do D. Pedro V. Dos panfletos clandestinos de oposição ao regime à alvorada de Abril. Das RGA e dos convívios. Da música. Sempre da música. Pink Floyd e Genesis sentados na primeira fila. Dos cantores de intervenção. Zeca sempre. Dos festivais da canção e do Ary dos Santos. Do cinema Universal. De Jean Paul Sartre a Wilhelm Reich. Do porteiro da escola que era informador da PIDE. Do súbito e descontrolado assalto à Escola da PIDE, em Benfica. Das viagens de finalistas. Da descoberta tardia de Maio de 68. Da loucura saudável de Woodstock. Do Joe Cooker a gritar With a little help from my friends. Os amigos. Sempre os amigos. Não éramos colegas de turma. Éramos amigos. E havia as paixões. As mais precoces são as que mais se recordam.
Tenho saudades de vocês, anos 70.
Quando Abril nos acordou em madrugadas de esperança. Quando não havia ontem nem amanhãs. Apenas o presente, vivido a 200 à hora. O mundo era nosso. O país éramos nós todos. Aconchegados e solidários. E havia as aulas, claro. Os professores: excelentes ou péssimos. Para nós não havia meio-termo. Fomos assim. Gostava de pensar que ainda somos assim. Neste país, revoltados.
-------------
Este texto é do Henrique (espero que ele não se importe que eu o tenha usado).
Do rigor obsessivo do Padre António Vieira à libertação do D. Pedro V. Dos panfletos clandestinos de oposição ao regime à alvorada de Abril. Das RGA e dos convívios. Da música. Sempre da música. Pink Floyd e Genesis sentados na primeira fila. Dos cantores de intervenção. Zeca sempre. Dos festivais da canção e do Ary dos Santos. Do cinema Universal. De Jean Paul Sartre a Wilhelm Reich. Do porteiro da escola que era informador da PIDE. Do súbito e descontrolado assalto à Escola da PIDE, em Benfica. Das viagens de finalistas. Da descoberta tardia de Maio de 68. Da loucura saudável de Woodstock. Do Joe Cooker a gritar With a little help from my friends. Os amigos. Sempre os amigos. Não éramos colegas de turma. Éramos amigos. E havia as paixões. As mais precoces são as que mais se recordam.
Entrada do Liceu D. Pedro V (antes das obras) |
Quando Abril nos acordou em madrugadas de esperança. Quando não havia ontem nem amanhãs. Apenas o presente, vivido a 200 à hora. O mundo era nosso. O país éramos nós todos. Aconchegados e solidários. E havia as aulas, claro. Os professores: excelentes ou péssimos. Para nós não havia meio-termo. Fomos assim. Gostava de pensar que ainda somos assim. Neste país, revoltados.
-------------
Este texto é do Henrique (espero que ele não se importe que eu o tenha usado).
Eu assino por baixo quase tudo!
quarta-feira, 13 de julho de 2011
"Sonhar bom para diante"
«No viçoso cromatismo da Natureza, a seiva da Esperança.»
Obrigado a quem permite que nos encontremos à volta de mesas fartas, alimentemos os corpos e as almas.
É sempre a esperança que nos vale, "sonhar bom para diante".
Paula S.
Obrigado a quem permite que nos encontremos à volta de mesas fartas, alimentemos os corpos e as almas.
É sempre a esperança que nos vale, "sonhar bom para diante".
terça-feira, 12 de julho de 2011
Cantinhos da Parede (1)
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Viva a rolha de cortiça
Um estudo mostra que os portugueses (mais de 70%, segundo o inquérito) preferem o vinho com rolhas de cortiça a outros vedantes alternativos (sintéticos, cápsulas de alumínio, etc.).
A cortiça é associada a um produto amigo do ambiente e a vinhos de alta qualidade, vinho para envelhecer e vinho tradicional.
Perto de 30% dos inquiridos associaram as cápsulas de rosca e os vedantes sintéticos a vinhos de baixa qualidade.
A cortiça é associada a um produto amigo do ambiente e a vinhos de alta qualidade, vinho para envelhecer e vinho tradicional.
Perto de 30% dos inquiridos associaram as cápsulas de rosca e os vedantes sintéticos a vinhos de baixa qualidade.
Cerca de metade dos inquiridos afirmou estar disposta a pagar qualquer preço por um vinho vedado com rolha de cortiça. O mesmo não se passaria em relação aos vedantes sintéticos e às cápsulas de rosca: 66% não pagaria mais de 5€ por cada garrafa.
Aljube, A Voz das Vítimas e Miguel Torga
Na visita à exposição A Voz das Vítimas, na cadeia do Aljube, recordei a passagem pelos seus “curros” de Miguel Torga, preso em Leiria, em Novembro de 1939, na sequência da publicação do 4.º dia de A Criação do Mundo, onde fala da Espanha franquista e da Itália fascista, realidades que conhecera na viagem que fizera à Europa no ano anterior.
A polícia política seguiu atentamente a sua vida e a sua obra, compondo um processo exemplar do que é a devassa da vida de uma pessoa.
Quando tomou conhecimento do seu processo, Miguel Torga escreveu:
«Um acervo de documentos ridículos e trágicos ao mesmo tempo. Os passos que dei durante quarenta anos seguidos hora a hora, reproduções de cartas particulares que escrevi e recebi, denúncias feitas por pessoas insuspeitadas, quanto ganhava e não ganhava no consultório, minúcias de que me esquecera, todo o meu passado coligido, vasculhado, devassado.
E tive pena de mim. Vista através daquele registo laborioso e tenaz de gusanos inexoráveis, a minha vida era a própria imagem da desolação. Descarnada de qualquer substância anímica, mais objectivamente exacta do que a biografia que porventura aflora à tona do que escrevi, parecia o relato de uma autópsia. Exsicado, via-me ali reduzido a um despojo arqueológico, como se todos os meus actos fossem equivalentes e tivesse passado por eles o sopro do nada.»
Lembrança
Ponho um ramo de flores
na lembrança perfeita dos teus braços;
cheiro depois as flores
e converso contigo
sobre a nuvem que pesa no teu rosto;
dizes sinceramente
que é um desgosto.
Depois,
não sei porquê nem porque não,
essa recordação desfaz-se em fumo;
muito ao de leve foge a tua mão,
e a melodia já mudou de rumo.
Coisa esquisita é esta da lembrança!
Na maior noite,
na maior solidão,
vem a tua presença verdadeira,
e eu vejo no teu rosto o teu desgosto,
e um ramo de flores, que não existe, cheira!
Miguel Torga,
Cadeia do Aljube, 6 de Dezembro de 1939
A polícia política seguiu atentamente a sua vida e a sua obra, compondo um processo exemplar do que é a devassa da vida de uma pessoa.
Quando tomou conhecimento do seu processo, Miguel Torga escreveu:
«Um acervo de documentos ridículos e trágicos ao mesmo tempo. Os passos que dei durante quarenta anos seguidos hora a hora, reproduções de cartas particulares que escrevi e recebi, denúncias feitas por pessoas insuspeitadas, quanto ganhava e não ganhava no consultório, minúcias de que me esquecera, todo o meu passado coligido, vasculhado, devassado.
E tive pena de mim. Vista através daquele registo laborioso e tenaz de gusanos inexoráveis, a minha vida era a própria imagem da desolação. Descarnada de qualquer substância anímica, mais objectivamente exacta do que a biografia que porventura aflora à tona do que escrevi, parecia o relato de uma autópsia. Exsicado, via-me ali reduzido a um despojo arqueológico, como se todos os meus actos fossem equivalentes e tivesse passado por eles o sopro do nada.»
Diário XII, (Coimbra, 18 de Fevereiro de 1975)
Da sua passagem pelo Aljube (cerca de 3 meses) resultaram, literariamente, 5 poemas, o mais conhecido dos quais, Ariane, escrito no primeiro dia do ano de 1940, foi escolhido para o programa Um Poema por Semana, na RTP2.
Mas há uma tocante Pietà, do Natal de 1939, e a
Ponho um ramo de flores
na lembrança perfeita dos teus braços;
cheiro depois as flores
e converso contigo
sobre a nuvem que pesa no teu rosto;
dizes sinceramente
que é um desgosto.
Depois,
não sei porquê nem porque não,
essa recordação desfaz-se em fumo;
muito ao de leve foge a tua mão,
e a melodia já mudou de rumo.
Coisa esquisita é esta da lembrança!
Na maior noite,
na maior solidão,
vem a tua presença verdadeira,
e eu vejo no teu rosto o teu desgosto,
e um ramo de flores, que não existe, cheira!
Miguel Torga,
Cadeia do Aljube, 6 de Dezembro de 1939
O milagre do lixo
«Será que se pode levar um murro no estômago e ver a luz? Pelos Actos dos Apóstolos, sabemos que São Paulo, quando ainda se chamava Saulo e perseguia cristãos, foi cegado por uma luz fortíssima que o fez cair do cavalo quando viajava na estrada para Damasco. Depois deste momento, mudou de nome e tornou-se no mais importante apóstolo da fé cristã que antes perseguia.
Tudo pode acontecer. Sobretudo em Portugal. O que testemunhámos na última semana com o nosso Presidente da República foi um episódio de conversão digno de São Paulo na estrada de Damasco. Cavaco Silva dizia, há poucos meses ainda, que Portugal tinha de dar a outra face - "não vale a pena recriminar as agências de rating", foram as palavras usadas. Agora, quando o Governo é do seu partido e a Moody"s nos classifica como "lixo", diz que elas "são uma ameaça". Antes explicou-nos que "não podemos insultar os mercados, que são quem nos empresta o dinheiro"; agora anseia por expulsar os vendilhões do templo.
Mas há aqui diferenças fundamentais. São Paulo viu primeiro a luz e só depois caiu do cavalo. Aqui, a causa física - o murro no estômago - deu-se antes da iluminação espiritual. Mais milagroso ainda, quem levou o murro no estômago foi uma pessoa - o primeiro-ministro - e quem teve a revelação foi o Presidente da República. Creio que estas duas personagens vivem em união mística como nunca antes se vira entre Belém e São Bento. São Pai e Filho, a que devemos acrescentar Paulo Portas como Espírito Santo. Este não é só o Governo da troika; é também o Governo da Santíssima Trindade.
E o próprio país, que ainda não viu a luz ao fundo do túnel, viu também a luz ao fundo do estômago. Finalmente uma maioria de comentadores apercebeu-se de que o problema está na incapacidade europeia em resolver uma crise europeia e as televisões encheram-se de gente a suspirar pelos eurobonds que permitiriam mutualizar a dívida da zona euro.
Finalmente. Com a autoridade de quem escreve sobre mutualização de dívida desde que a crise começou e alertou, repetidamente e sem êxito, contra a futilidade do nosso debate excessivamente doméstico, deixem-me apreciar este momento. E, logo a seguir, explicar que a coisa não é assim tão simples.
Sim, o problema está na incapacidade europeia em resolver uma crise europeia. Mas essa incapacidade não se dá pela falta de boas soluções técnicas. A criação de uma agência de notação europeia, em si uma boa ideia por trazer um pouco mais de pluralidade aos ratings, só contrapõe um conflito de interesses positivo ao conflito de interesses negativo que existe agora.
Quanto à criação de eurobonds, ela leva-nos para o cerne da questão. Quando houver um mercado de dívida de 4 ou 5 biliões de euros, quem administrará esse dinheiro? A Comissão Europeia? Mas nós não elegemos a Comissão. Teremos, pois, de passar a eleger um Governo europeu, e complementar a federalização económica com uma federalização política. A coisa não vai lá com um "euroministro das Finanças" com poder de veto, mas apenas com a construção de uma democracia europeia que suplante este clube de democracias.
Esta crise não é uma crise das dívidas soberanas. Onde há dívida, já não há soberania monetária. Onde está a soberania monetária (em Frankfurt), não há dívida - nem democracia. Ou trazemos a soberania de volta para onde estava, e temos uma refragmentação europeia; ou levamos a nossa democracia para onde está o poder, e temos federalização. A estrada de Damasco não acabou aqui. À frente, temos uma bifurcação. A próxima crónica será ainda sobre isto.»
P.S. - Eu quis partilhar o artigo a partir do Público on-line, mas um irritante erro no título na versão on-line levou-me a utilizar o velho sistema do copy and paste.
Tudo pode acontecer. Sobretudo em Portugal. O que testemunhámos na última semana com o nosso Presidente da República foi um episódio de conversão digno de São Paulo na estrada de Damasco. Cavaco Silva dizia, há poucos meses ainda, que Portugal tinha de dar a outra face - "não vale a pena recriminar as agências de rating", foram as palavras usadas. Agora, quando o Governo é do seu partido e a Moody"s nos classifica como "lixo", diz que elas "são uma ameaça". Antes explicou-nos que "não podemos insultar os mercados, que são quem nos empresta o dinheiro"; agora anseia por expulsar os vendilhões do templo.
Mas há aqui diferenças fundamentais. São Paulo viu primeiro a luz e só depois caiu do cavalo. Aqui, a causa física - o murro no estômago - deu-se antes da iluminação espiritual. Mais milagroso ainda, quem levou o murro no estômago foi uma pessoa - o primeiro-ministro - e quem teve a revelação foi o Presidente da República. Creio que estas duas personagens vivem em união mística como nunca antes se vira entre Belém e São Bento. São Pai e Filho, a que devemos acrescentar Paulo Portas como Espírito Santo. Este não é só o Governo da troika; é também o Governo da Santíssima Trindade.
E o próprio país, que ainda não viu a luz ao fundo do túnel, viu também a luz ao fundo do estômago. Finalmente uma maioria de comentadores apercebeu-se de que o problema está na incapacidade europeia em resolver uma crise europeia e as televisões encheram-se de gente a suspirar pelos eurobonds que permitiriam mutualizar a dívida da zona euro.
Finalmente. Com a autoridade de quem escreve sobre mutualização de dívida desde que a crise começou e alertou, repetidamente e sem êxito, contra a futilidade do nosso debate excessivamente doméstico, deixem-me apreciar este momento. E, logo a seguir, explicar que a coisa não é assim tão simples.
Sim, o problema está na incapacidade europeia em resolver uma crise europeia. Mas essa incapacidade não se dá pela falta de boas soluções técnicas. A criação de uma agência de notação europeia, em si uma boa ideia por trazer um pouco mais de pluralidade aos ratings, só contrapõe um conflito de interesses positivo ao conflito de interesses negativo que existe agora.
Quanto à criação de eurobonds, ela leva-nos para o cerne da questão. Quando houver um mercado de dívida de 4 ou 5 biliões de euros, quem administrará esse dinheiro? A Comissão Europeia? Mas nós não elegemos a Comissão. Teremos, pois, de passar a eleger um Governo europeu, e complementar a federalização económica com uma federalização política. A coisa não vai lá com um "euroministro das Finanças" com poder de veto, mas apenas com a construção de uma democracia europeia que suplante este clube de democracias.
Esta crise não é uma crise das dívidas soberanas. Onde há dívida, já não há soberania monetária. Onde está a soberania monetária (em Frankfurt), não há dívida - nem democracia. Ou trazemos a soberania de volta para onde estava, e temos uma refragmentação europeia; ou levamos a nossa democracia para onde está o poder, e temos federalização. A estrada de Damasco não acabou aqui. À frente, temos uma bifurcação. A próxima crónica será ainda sobre isto.»
Rui Tavares
Público, 11 de Julho de 2011
P.S. - Eu quis partilhar o artigo a partir do Público on-line, mas um irritante erro no título na versão on-line levou-me a utilizar o velho sistema do copy and paste.
domingo, 10 de julho de 2011
As cerejas são como as conversas
Os amigos que por aqui passaram nem foram muitos, mas houve quem se tivesse alambazado.
Atrás de uma cereja vai sempre outra...
quinta-feira, 7 de julho de 2011
O tempo das cerejas
J'aimerai toujours le temps des cerises
Et le souvenir que je garde au coeur.
Ainda estamos no tempo das cerejas.
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Mais um...
E vão 35, ma chère.
Não sei se fiz bem em lembrar... se quiseres, eu apago. Mas não deves ter complexos - Balzac falava na Mulher de Trinta Anos
Nesta minha primeira foto artística, em Azurara, tinhas 3 anos e um mês (exactos).
Não sei se fiz bem em lembrar... se quiseres, eu apago. Mas não deves ter complexos - Balzac falava na Mulher de Trinta Anos
Nesta minha primeira foto artística, em Azurara, tinhas 3 anos e um mês (exactos).
Os cortes de rating e a ida ao médico do Raúl Solnado
Esta história (mal contada) dos cortes de rating pelas agências faz-me lembrar a história (bem contada, em 1962) da ida ao médico do Raúl Solnado.
No hospital, «o médico começou a auscultar, a auscultar, a auscultar e disse:
- Tussa
E eu tossi.
- Tussa mais
E eu tossi mais.
- Tussa mais ainda.
Eu, cheio de boa fé, ainda tossi mais. E o médico disse:
- O que você tem é tosse!»
As agências (a que pagamos uns milhões) vão fazendo revisões em baixa do rating, porque pensam que Portugal não vai conseguir pagar.
Os juros aumentam, nova revisão em baixa... porque desconfiam que Portugal não vai conseguir pagar.
Os juros aumentam, nova revisão em baixa... até ser impossível, naturalmente, que Portugal pague.
Nessa altura dirão: Nós não avisámos que Portugal não ia pagar?
Mas nós (Portugal/CE) pagamos a esses cromos para quê? O que é que nós lhes devemos?
Eu não compro nada a quem não confio!
No hospital, «o médico começou a auscultar, a auscultar, a auscultar e disse:
- Tussa
E eu tossi.
- Tussa mais
E eu tossi mais.
- Tussa mais ainda.
Eu, cheio de boa fé, ainda tossi mais. E o médico disse:
- O que você tem é tosse!»
As agências (a que pagamos uns milhões) vão fazendo revisões em baixa do rating, porque pensam que Portugal não vai conseguir pagar.
Os juros aumentam, nova revisão em baixa... porque desconfiam que Portugal não vai conseguir pagar.
Os juros aumentam, nova revisão em baixa... até ser impossível, naturalmente, que Portugal pague.
Nessa altura dirão: Nós não avisámos que Portugal não ia pagar?
Mas nós (Portugal/CE) pagamos a esses cromos para quê? O que é que nós lhes devemos?
Eu não compro nada a quem não confio!
Quem bem faz a cama bem nela se deita
A agência de rating Moody’s desceu a nota de Portugal para um nível considerado lixo. O Euro está tremido...
Governos/ex-Governos/BCE... não se podem queixar dos "amigos" com quem se dão, das regras que aceitam, dos jogos de azar...
segunda-feira, 4 de julho de 2011
domingo, 3 de julho de 2011
When The Music's Over
Music is your only friend, until the end
A música - a vida - acabou para Jim Morrison há 40 anos.
Jim Morrison (8 de Dezembro de 1943 - 3 de Julho de 1971)
No tempo dos rabos na relva de Monserrate
Eu imagino o que as vossas mães não diriam quando vos viam chegar a casa com os rabos verdes, e o que não diriam (ou pensariam) do professor que vos deixava andar de "comboizinho", a arrastar os rabos na relva da encosta de Monserrate.
O que vocês se divertiam...
E um professor gosta de ver os alunos felizes!
Susana C., no teu dia de aniversário, recorda o "comboiozinho".
Um abraço.
sexta-feira, 1 de julho de 2011
A Arte da Amizade
Esta mensagem deve ter um subtítulo:
Em especial para a Inês
Tinha escrito este texto para publicar no facebook:
Estimados Amigos
Quando aderi ao facebook, o meu objectivo era encontrar o contacto de alguns antigos colegas do liceu.
Atingidos os objectivos, informo que irei fechar esta tasca.
Agradeço a amabilidade de algumas mensagens, a que nunca ou raramente respondi.
Os meus Amigos sabem onde me podem encontrar.
Beijinhos e Abraços
Até logo
Carlos C.
Eis que, antes de o publicar, à minha caixa de correio chegou o pedido de amizade da Inês Andrade.
Surpresa de todo! Surpresa boa!
Por estas surpresas - Inês, Sara Catalão... - e por alguma que ainda possa acontecer, desisti de desistir e até melhorei a foto do meu perfil.
E por uma coincidência de datas, Inês, dedico-te em especial este texto (que é para todos os amigos):
«Também os amigos chegam muitas vezes pelo maior dos acasos. (...)
Às vezes vivemos, anos e anos, sempre com amigos; é uma sorte rara. Outras vezes, dependendo das suas ocupações e das nossas, e do sítio em que eles se encontram e aquele em que nós estamos, vão e vêm, estão presentes às vezes durante semanas, ou meses, ou apenas alguns dias. Mas a amizade verdadeira é uma aquisição duradoura. Mesmo depois de vinte e cinco anos de ausência, abraçamo-nos sem qualquer alteração.
Acredito, aliás, que a amizade, como o amor do qual participa, exige quase tanta arte como uma figura de dança bem conseguida. É preciso um grande entusiasmo e uma grande contenção, muitas trocas de palavras e muitos silêncios. E, sobretudo, muito respeito: O sentimento da liberdade do outro, da dignidade do outro, a aceitação sem ilusões, mas também sem a menor hostilidade ou o mínimo desprezo, de um ser tal como ele é.»
Um abraço grande, vinte e dois anos depois de nasceres, com muita ternura.
Que daqui a vinte e cinco anos ainda te possa abraçar.
P.S.: Que música acompanharia bem o texto de Marguerite Yourcenar?
Em especial para a Inês
Tinha escrito este texto para publicar no facebook:
Estimados Amigos
Quando aderi ao facebook, o meu objectivo era encontrar o contacto de alguns antigos colegas do liceu.
Atingidos os objectivos, informo que irei fechar esta tasca.
Agradeço a amabilidade de algumas mensagens, a que nunca ou raramente respondi.
Os meus Amigos sabem onde me podem encontrar.
Beijinhos e Abraços
Até logo
Carlos C.
Eis que, antes de o publicar, à minha caixa de correio chegou o pedido de amizade da Inês Andrade.
Surpresa de todo! Surpresa boa!
Por estas surpresas - Inês, Sara Catalão... - e por alguma que ainda possa acontecer, desisti de desistir e até melhorei a foto do meu perfil.
(vou ficar, discretamente, com a teia montada para que possam cair - no bom sentido! - outros Amigos)
E por uma coincidência de datas, Inês, dedico-te em especial este texto (que é para todos os amigos):
«Também os amigos chegam muitas vezes pelo maior dos acasos. (...)
Às vezes vivemos, anos e anos, sempre com amigos; é uma sorte rara. Outras vezes, dependendo das suas ocupações e das nossas, e do sítio em que eles se encontram e aquele em que nós estamos, vão e vêm, estão presentes às vezes durante semanas, ou meses, ou apenas alguns dias. Mas a amizade verdadeira é uma aquisição duradoura. Mesmo depois de vinte e cinco anos de ausência, abraçamo-nos sem qualquer alteração.
Acredito, aliás, que a amizade, como o amor do qual participa, exige quase tanta arte como uma figura de dança bem conseguida. É preciso um grande entusiasmo e uma grande contenção, muitas trocas de palavras e muitos silêncios. E, sobretudo, muito respeito: O sentimento da liberdade do outro, da dignidade do outro, a aceitação sem ilusões, mas também sem a menor hostilidade ou o mínimo desprezo, de um ser tal como ele é.»
Marguerite Yourcenar, De olhos abertos
Um abraço grande, vinte e dois anos depois de nasceres, com muita ternura.
Que daqui a vinte e cinco anos ainda te possa abraçar.
P.S.: Que música acompanharia bem o texto de Marguerite Yourcenar?