segunda-feira, 25 de julho de 2011

As indemnizações dos trabalhadores da Mundet

Em 1988, aquela que terá sido a maior fábrica de transformação da cortiça em Portugal e uma marca de renome a nível mundial – a Mundet, no Seixal – encerrou a laboração.

Ficaram dívidas, salários por pagar e as respectivas indemnizações.
Passados 23 anos, os antigos trabalhadores da Mundet – aqueles que ainda estão vivos - começaram a receber as indemnizações.
Aos processos sempre céleres, como é norma na justiça portuguesa, junta-se um verdadeiro conceito de justiça e de respeito pelos trabalhadores. É dentro desses princípios que as indemnizações agora pagas variam entre... 26 cêntimos e 37 euros.
Mais valia que o caso continuasse esquecido (já quase que o estava!), arquivado, perdido numa gaveta, atirado para o lixo... que se assobiasse para o ar...
Entre 26 cêntimos e 37 euros... É gozar com as pessoas!

Lembrei-me da indemnização paga àquele boy que esteve na PT, Rui Pedro Soares, que renunciou ao mandato depois das escutas do caso Face Oculta. Esse recebeu umas centenas de milhares de euros pelo que não chegou a trabalhar: foi uma compensação financeira pelos salários não recebidos.
É o direito às expectativas... e há expectativas que valem mais do que outras!!

Já diz o Grande Dicionário da Língua Portuguesa, coordenado por José Pedro Machado:
                 Expectativa (do latim expectatu) – esperança fundada em supostos direitos, em promessas ou em probabilidades.

Supostos direitos! Suposto significa admitido por hipótese; que se faz passar falsamente por outro; fingido; falso. Está tudo certo! Nós supomos que há direitos e promessas leva-as o vento.

A nossa sociedade é assim: uns não recebem pelo que trabalham, outros não trabalham pelo que recebem.


Saída do pessoal da fábrica do Seixal da Mundet & C.ª Lda., em meados do séc. XX
Nas instalações da antiga fábrica Mundet funcionam agora os serviços centrais do Ecomuseu Municipal do Seixal
Aí se localiza, também, o núcleo da Mundet do Ecomuseu


2 comentários:

  1. Boa noite. O meu nome é Raquel Lourenço e estudo na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Estou a realizar um trabalho fotográfico para a unidade curricular de Fotojornalismo que consiste em mostrar locais que tiveram uma função no passado e que atualmente se encontram recuperados e com novas funções. Acredito que a Mundet é um exemplo desta situação, pelo que ser-me-ia útil ver fotografias de quando a fábrica funcionava e falar com pessoas que tenham trabalho na mesma. Estaria disponível para me ajudar neste trabalho? Muito obrigada e deixo aqui o link do meu perfil de Facebook para me apresentar! https://www.facebook.com/raquel.lourenco.fcsh

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    1. Boa noite. Só hoje vi o seu comentário. Vou repetir o que, entretanto, já enviei para as mensagens privadas do seu facebook.
      Penso que a melhor ajuda que poderá ter para o seu projecto é a do Ecomuseu Municipal do Seixal. Trabalhei aí durante alguns anos, mas já não tenho qualquer ligação profissional. É ao Ecomuseu que pertencem as fotografias que conheço da Mundet ainda em funcionamento, muitas delas usadas em publicações do próprio Ecomuseu.
      Entrevistar antigos trabalhadores não sei se será tarefa fácil, nesta altura. A Mundet fechou em 1988, muitos trabalhadores já tinham uma idade avançada, pelo que não haverá muitos ainda vivos. O Ecomuseu também tinha os contactos. A sede e Centro de Documentação do Ecomuseu funcionam, como provavelmente saberá, no edifício dos antigos escritórios da Mundet, no Seixal. Estou disponível para dar qualquer informação que possa ser útil, mas, repito, o Ecomuseu é o contacto mais certo.
      Desejo-lhe felicidades para o projecto.

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