domingo, 31 de dezembro de 2023

Alguns cuidados a ter com a saúde

 

E recordo Suetónio...

«[Cláudio] pensou em elaborar um édito "que permitisse soltar gases e traques à mesa", quando soube que um dos seus convidados estivera em perigo de vida por se ter contido na presença dele.»

Suetónio, Os Doze Césares

Comam e bebam bem e...
sintam-se à vontade!

Umas boas entradas em 2024!


sábado, 30 de dezembro de 2023

"Já não sei se devo namorar com ele!"

 

Qual virgem pudica...
Agora vamos ter de aguentar com a casa do outro!


sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Um exemplo de funcionários anti-cunhas ou favores

 

Mas esses funcionários foram rapidamente repreendidos pela sua entidade patronal.
Vê-se logo quem é permissível...


quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Como, se vive na impunidade?

 

Israel tem as costas quentes! (E os bolsos!)


terça-feira, 26 de dezembro de 2023

O boi e o burro no presépio - 800 anos

Giotto, nas suas Natividades, também não esquece os animais presentes no estábulo. Essa presença remontará à representação ao vivo das cenas da Natividade popularizadas por S. Francisco de Assis.

O primeiro presépio, criado por S. Francisco, teve lugar numa gruta em (ou próxima de) Greccio, no Natal de 1223 - há 800 anos. 

Francisco peregrinou pelos lugares santos da Palestina entre 1219 e 1220 e essa visita tê-lo-á inspirado à encenação da Natividade. 

É, novamente, num Evangelho apócrifo  - o chamado Evangelho de Pseudo-Mateus - que se encontra a referência ao boi e ao jumento:

«No terceiro dia da natividade do Senhor, Maria saiu da gruta e entrou num estábulo e pôs o menino na manjedoura; e um boi e um burro adoraram-no.»

Evangelho de Pseudo-Mateus, XIV

Evangelhos Apócrifos Gregos e Latinos, tradução e comentários Frederico Lourenço



A parteira na Natividade

Giotto - Natividade
Basílica inferior de S. Francisco de Assis

«1. E eis que uma mulher descia do monte e disse-me: "Homem, para onde vais?" E eu disse: "Procuro uma parteira hebreia." E ela, respondendo-me, disse-me: "És de Israel?" E eu disse-lhe: "Sim." Ela disse: "Quem é a parturiente na gruta?" E eu disse: "É a minha noiva." E ela disse-me: "Não é tua mulher?" E eu disse-lhe: "É Maria, a criada no templo do Senhor. Calhou-me em sorte como esposa. Mas não é minha mulher, mas concebeu a partir do Espírito Santo." E a parteira disse-lhe: "Isto é verdade?" E José disse-lhe: "Vem cá e vê." E a parteira foi com ele.

2. E ficaram de pé no lugar da gruta. E eis que uma nuvem luminosa sombreava a gruta. E a parteira disse: "A minha alma foi engrandecida hoje, porque os meus olhos viram coisas milagrosas; porque salvação nasceu para Israel." E logo a nuvem se afastou da gruta; e apareceu uma luz tão grande dentro da gruta que os olhos não aguentavam. E daí a pouco aquela luz afastou-se, até que o bebé apareceu. E veio e tomou o peito de sua mãe, Maria. E a parteira exclamou e disse: "Este é um grande dia para mim, porque vi esta nova maravilha!"»

Evangelho de Tiago, XIX

Evangelhos Apócrifos Gregos e Latinos, tradução e comentários Frederico Lourenço

Giotto - Natividade
Capela de N. Sr.ª da Anunciação (Capela Scrovegni)

Eis alguém com sentido prático.

À falta de serviços de obstetrícia e ginecologia no SNS da Judeia sob domínio Romano, Tiago chama à cena a figura da parteira, para tratar de Maria e de Cristo.

No Evangelho de Pseudo-Mateus há referência a duas parteiras, que José fora procurar, com indicação dos seus nomes: Zelomi e Salomé. Esta última também aparece em Tiago (sem a informação explícita de que é parteira), mas da que primeiro chega junto de Maria não indica o nome.

Giotto não esquece a(s) parteira(s) nas suas duas Natividades mais conhecidas - na pintura da Basílica de Assis são duas as mulheres que cuidam de Jesus (plano inferior).


segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

domingo, 24 de dezembro de 2023

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Dar livros a quem os lê


O DN parece estar preocupado, porque quem compra os livros não os lê - oferece-os.

Mas se os livros forem lidos por quem os recebe, as ofertas revelam-se úteis e o exercício de ler não está posto em causa. 

Até pode ser que aqueles que os recebem também sejam ofertantes. E quem oferece livros - acto recíproco - também os pode receber.

Gosto muito de oferecer livros, na ideia de partilha daquilo que me toca, e gosto muito de receber livros. 


É assim, mais ou menos (ó, felicidade suprema!): Dá Deus nozes a quem tem dentes, dá Deus dentes a quem tem nozes.

Ou, em modo PREC: "A terra a quem a trabalha, os livros a quem os lê!"


domingo, 17 de dezembro de 2023

Decepção à regra

Sentar-me e
ver os outros passar é o
meu exercício favorito. Entretém.
Não esgota.
É gratuito. Neste meu jogo-do-não
são os outros que passam
(é aos outros que reservo a tarefa
de passar). Lavo daí os pés.
Escrevo de dentro da vida.
Pode até parecer que assim não
chego a lugar algum mas também quem
é que quer ir
ao sítio dos outros?

João Luís Barreto Guimarães


Cerejas da Patagónia... para matar saudades

 

No tempo em que Fernão de Magalhães passou pela Patagónia ainda lá não haveria cerejeiras. E Magalhães também se limitou ao litoral, que os barcos não têm pés nem rodas...
Não deu nome às cerejas, deu nome aos patagões e, daí, a Patagónia, terra dos patagões ou patagons!

O início da produção da cereja em larga escala, na Patagónia, data da década de 1970, na região de Los Antiguos, zona da província de Santa Cruz, muito próxima da fronteira com o Chile, junto a um lago partilhado pelos dois países. Esse lago, para os argentinos, tem o nome de Buenos Aires, para os chilenos o nome é General Carrera.


A cidade de Los Antiguos é o berço da Festa Nacional da Cereja.




São as condições climáticas particulares da Patagónia que determinam os atributos da cereja produzida nesta região: brotação tardia, período de divisão celular muito longo, crescimento muito lento no início e iluminação por muitas horas, parece ser a combinação mágica.
Os dias longos, com cerca de 16 horas de luz solar, dão um contributo para a sua doçura e para o nome por que estas cerejas, as mais meridionais do mundo, são conhecidas: frutos de la luz


Chile e Argentina exportam grande parte da produção.

O meu humilde pratinho de cerezas patagónicas, dizem que argentinas (carinhas, porque devem estar a contribuir para a recuperação económica do país das pampas!), serviu para fazer o gosto à boca.
São Eram saborosas! 

Uma plataforma petrolífera no Tejo


O navio Blue Marlin, transportando uma plataforma de exploração petrolífera, saiu do porto norueguês de Hanoytangen com destino a Singapura, fazendo hoje escala em Lisboa para se abastecer de combustível. Entrou no Tejo ao final da manhã e ficará fundeado durante o dia.

Este navio semisubmersível tem 225 metros de comprimento e 63 metros de largura máxima, tendo sido desenhado para transportar grandes equipamentos de exploração petrolífera offshore, plataformas e outras embarcações, até um máximo de 75 mil toneladas.

Passando em frente ao forte de S. Julião da Barra



sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Corporativismo

 

Quem se mete com as Ordens, leva!

Vivam as Corporações!

José Mário Branco - Elogio da Corporação


Náusea!

As campanhas informativas vêm e vão por ondas e provocam-me náusea! 

Agora é a onda "do caso das gémeas brasileiras" ou "do medicamento mais caro do mundo".

Critérios editoriais abjectos! Jornalistas aspirantes a Sherlockes de trazer por casa! Pretenso "jornalismo de investigação"! Legalistas da trampa! Moralistas da treta! 

Gostaria de saber o que se ensina nos cursos de comunicação social, já que aquilo que se aprende ou que é aplicado, pelas amostras, deixa muito a desejar. A ânsia frenética de cada meio procurando ser o primeiro a descobrir a novidade, a evidência que comprove a teoria, o comentário que traga a luz clarificadora e explique cabalmente a origem da vida humana - encontrar o elo perdido entre o Homem e os hominídeos... 

Espero que as gémeas tenham melhores condições de vida após o tratamento que fizeram.

Se o seu caso não tivesse sido atendido, muito possivelmente estaríamos numa campanha da comunicação social de sentido inverso: como foi possível não respeitar a vida de duas crianças / falta de humanidade / instituições fecham os olhos ao sofrimento de uma família / Negada prestação de cuidados médicos a duas crianças em risco de vida / etc. etc. 

Vão dar banho ao cão!


sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Velhacos!

 

Enquanto os EUA, a China e a Rússia forem membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, nunca se adiantará nada em relação a qualquer situação de conflito mundial!


Shane MacGowan's

No funeral de Shane MacGowan's.

Difícil imaginar um tributo destes, mixed feelings, num espaço religioso... se calhar, o mais adequado.  

Só podia ser irlandês!



quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Teresa Silva Carvalho (1935-2023)

Há muitos anos, ainda imberbe, telefonei para um programa na rádio, respondi certo a uma pergunta e pude escolher uma música para ouvir. Escolhi Barca Bela, por Teresa Silva Carvalho.

Começou pelo fado e pela interpretação de poetas clássicos (Garrett, Antero, Régio, Florbela Espanca...). Ary dos Santos, que faria hoje 87 anos, afirmou que "Teresa Silva Carvalho não é apenas um caso do Fado. É também um caso da Poesia. (…) um talento tão sensível quanto inteligente, a delicadeza de uma expressão tão musical quanto poética." 

No pós 25 de Abril, Vitorino produziu aquele que será o seu disco mais conhecido: Ó Rama, Ó Que Linda Rama (de 1977).

Senhora de uma bela voz, há muito que estava afastada dos holofotes. Talvez demasiado discreta para viver no mundo do espectáculo.


Tales from Topographic Oceans - 50 anos

Editado há 50 anos, continua a dividir a opinião dos fãs do chamado rock progressivo. Quem gosta... adora. Quem não gosta... detesta. O meio termo parece ser difícil.

Abertura da 1.ª faixa (The Revealing Science of God)

Disseram uns que é um dos melhores exemplos do pretensiosismo extremo - exuberante - das bandas dessa área musical - "música insuportável, pretensiosa e sem significado sentimental" (Rolling Stone). Disseram outros que é uma obra que ultrapassou os limites da criatividade e da capacidade humana de criar música (Pop!).
A revista Time elegeu-o como o melhor disco de 1973. A revista Showbizz colocou-o entre os 20 piores de todos os tempos.

Os próprios intervenientes no disco têm opiniões diferentes. Rick Wakeman, o teclista, reconhecendo que o disco tem melodias marcantes, considera que vários temas se repetem, se enrolam e prolongam demasiado, ficando chatas até para os fãs. O produtor, Eddie Offord, considerou o disco horrível - "tudo parece duplamente chato" (referência ao facto de Tales from Topographic Oceans ser um disco duplo). 

Os seus grandes defensores foram os seus principais mentores: Jon Anderson (vocalista e multi-instrumentista) e Steve Howe (guitarrista).
Jon Anderson, seguindo os princípios do mestre hindu Paramhansa Yogananda, apresentou Tales como uma viagem espiritual - um conjunto de quatro suites (cada uma ocupando uma face de cada um dos discos) que formam uma peça única (com mais de 80 minutos e que se deverá ouvir seguindo a ordem das faixas, pois pretenderá narrar a história da criação do mundo).
Steve Howe secundou a ideia inicial do vocalista e teve papel fundamental na composição.
Chris Squire (baixista) estaria duvidoso...
Alan White (baterista) tinha entrado muito recentemente nos Yes, substituindo Bill Brufford, pelo que não estaria em posição de ter uma opinião de peso.
Rick Wakeman era a voz decididamente contra - e deixaria mesmo os Yes antes da gravação do disco seguinte (regressaria mais tarde aos Yes, já numa fase diferente, passado o pico do rock progressivo).



A venda do disco foi um sucesso.
Curiosidade: a tournée de Tales from Topographic Oceans incluiu dezenas de concertos nos Estados Unidos (um sucesso que me causa espanto, pelo tipo de música...), no Reino Unido e em vários países da Europa, e encerrou em Roma (o último concerto, a 23 de Abril de 1974, terá terminado já nas vésperas do nosso 25 de Abril).


Eu avalio Tales from Topographic Oceans como uma das grandes obras do rock progressivo. A estrutura clássica da sua composição justifica a designação de rock sinfónico com que por vezes se classificam as obras desta corrente da música pop-rock. 
Não será por acaso que, numa determinada fase da sua carreira, os Yes antecediam os seus longos concertos com a audição de O Pássaro de Fogo, de Igor Stravinsky.  


quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Que responsabilidade não será amanhã a nossa se...?

«E que sentido tem a nossa vida?, que responsabilidade não será amanhã a nossa se ficarmos quietinhos a assistir ao descalabro, nesta grande prisão de gente bem comportada, que é, ao mesmo tempo, o palco de uma peça de Ionesco, onde se tomam a sério as maiores imbecilidades e o bem se confunde a todo o momento com a injustiça, com a hipocrisia?!»

Urbano Tavares Rodrigues, Terra Ocupada (1964)


Urbano Tavares Rodrigues - Centenário do nascimento

Urbano Tavares Rodrigues, 6.12.1923 - 9.08.2013

«(...) Em Urbano, tudo foi luz. A vida, os amigos, as mulheres, o sorriso, as causas. Com a sua partida, o meu mundo ficou sem dúvida mais pequeno. Mas também mais iluminado. Porque ele existiu e lutou e amou e acreditou.»
Viriato Teles (2013)

Obras várias na sua 1.ª edição

Objectos e documentos de Urbano Tavares Rodrigues
em exposição na Galeria Municipal da Lourinhã (Maio 2023)

Selo de Urbano na colecção de 11 figuras da cultura portuguesa 

Marcha da Paz (Lisboa, 1983): Saramago, Piteira Santos, M.ª Rosa Colaço,
Lopes Graça, Manuel da Fonseca, Cardoso Pires e Urbano Tavares Rodrigues


terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Um modesto contributo para o novo símbolo da RP

Uma sugestão, valorizando o património nacional.


Faço um preço em conta!...


segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

O regresso

Como quem, vindo de países distantes fora de
si, chega finalmente aonde sempre esteve
e encontra tudo no seu lugar,
o passado no passado, o presente no presente,
assim chega o viajante à tardia idade
em que se confundem ele e o caminho.
 
Entra então pela primeira vez na sua casa
e deita-se pela primeira vez na sua cama.
Para trás ficaram portos, ilhas, lembranças,
cidades, estações do ano.
E come agora por fim um pão primeiro
sem o sabor de palavras estrangeiras na boca.
Manuel António Pina

domingo, 26 de novembro de 2023

Eu tenho um fraquinho por ti...

 

Eu, que tenho um forte sentimento de posse relativamente a livros e a discos, um fraquinho - ainda sou do tempo da música materializável, seja vinil ou CD - gostaria de saber como posso almejar possuir o último álbum da trilogia sobre a Diáspora Lusitana. 

CD são objecto decadente, vinis estão de volta mas nem tudo foi ou está a ser editado neste suporte. Está difícil de encontrar Fausto, mesmo em 2.ª mão. Faltam-me as Montanhas Azuis! 

Como foi possível deixá-las escapar em 2012? Agora ando em sua busca...


Fausto faz hoje 75 anos.


 

sábado, 25 de novembro de 2023

A comemorar o 25 de Novembro... há 178 anos!

Foi a 25 de Novembro... de 1845, que nasceu José Maria d'Eça de Queiroz, na Póvoa do Varzim, em edifício já inexistente.

Prédio que ocupa o espaço onde
ficava aquele em que Eça nasceu.

Os pais: Carolina Augusta Pereira d'Eça e José Maria de Almeida Teixeira de Queiroz

A estátua na Praça do Almada, na Póvoa do Varzim,
próximo da casa onde nasceu


O que poderia Eça dizer da actual situação política?

«Ordinariamente todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o Estadista. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?»

Eça de Queiroz, O Distrito de Évora


segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Partiu tão cedo...

«(...) sempre pratiquei uma política cultural em todos os meus passos. Fiz-me respeitar pela minha cultura, pela minha identidade. Não havia ninguém que me conseguisse desviar, por maior que a sedução fosse. Por mais que a minha mãe quisesse que eu desfrisasse o cabelo, eu não o fazia. Percebi que o meu cabelo é bonito! Portanto, há um testemunho e uma política interna de me fazer respeitar por aquilo que sou. Por isso é que acho que todos os ativistas, se são da arte, têm de ser ‘artivistas’.»

Sara Tavares, em entrevista (Novembro de 2022) 

(e pensarmos o que poderia ser ainda a sua vida...)



sábado, 18 de novembro de 2023

Manuel António Pina faria hoje 80 anos

«Quando eu me calar sabei que estarei diante de uma coisa imensa. E que esta é a minha voz, o que no fundo de isto se escuta.»

Manuel António Pina



Chegou a medalha

 


Prémio para quem governou para isto e que, "por acaso", era crítico dos ratings, desvalorizado por quem, "por acaso", valorizava os ratings.

E quando se desce, os noticiários abrem com a notícia. Quando se sobe, há uma nota de rodapé.

Pronto! Os Mercados parecem estar sossegados...
E é isto...


sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Os bons negócios fazem-se à mesa

«(...) para se fazer negócios em Portugal, tem que se abrir a reunião com conversa sobre o tempo, a família, ou uma refeição surpreendentemente saborosa num restaurante pouco conhecido, por exemplo, antes de se passar aos factos.»
Barry Hatton, Os Portugueses

Os portugueses parecem ter razão, cientificamente provada.

As conclusões são de um estudo da insuspeita Booth School of Business, da Universidade de Chicago.

«Basicamente, cada refeição que está a comer sozinho é uma oportunidade perdida para se conectar com alguém (...) E cada refeição que envolve a partilha de comida utiliza totalmente a oportunidade de criar esse laço social.»

Diário de Notícias, 17 de Dezembro de 2018

Nuno Condinho, Country manager da Regus Portugal (empresa especializada em soluções de gestão para escritórios e empresas), partilha a mesma opinião:

«Considero que muitas coisas positivas acontecem quando misturamos negócios e prazer, durante uma boa refeição, por exemplo. Será que os negócios devem apenas limitar-se aos escritórios, salas de reuniões ou ambientes concebidos para minimizar a possibilidade de alegria ou prazer?

Portanto, eis a minha sugestão: se quer fazer negócios com alguém, convide-o para uma refeição. (...) Já que a maioria de nós não só necessita de comer em determinados momentos do dia, mas também gosta de o fazer, isso dá-nos uma oportunidade para sermos nós mesmos, partilhar uma experiência do dia a dia e talvez encaixar algum negócio ao mesmo tempo. É um momento em que, pelo menos parcialmente, as barreiras são eliminadas e as hierarquias desaparecem - quer seja dentro de uma organização ou com clientes e contactos comerciais. (...) 

Isso acontece porque os negócios dependem das relações humanas e uma reunião de negócios comum raramente permite que essas relações se estabeleçam. Em qualquer lugar do mundo, as pessoas revelam-se pela sua atitude perante a comida e mostram se são o tipo de pessoas com as quais deseja fazer negócios."

Dinheiro Vivo, 22 de Agosto de 2013

Há muitas recomendações de etiqueta e boas maneiras sobre estas ocasiões:

Manda o protocolo que... Não se deve convidar um cliente muito importante para um restaurante muito simples, pois a ideia é fazê-lo sentir-se valorizado. É conveniente a conversa inicial ser sobre amenidades, mas... "sem perder o foco nos negócios". A comida deve ser saborosa, o vinho deve ser bem escolhido, o clima do restaurante deve ser propício (ausência de ruído, não proximidade de mesas, etc.). 

Importante: A conta deve ser paga por quem convida, "mesmo que o anfitrião seja mulher. Ainda que o restaurante seja económico, o ideal continua sendo pagar a conta do convidado."

Depois...
Temos leis nórdicas anti-cultura tradicional e patriótica, indutoras da moral, e temos almoços e jantares consumidos como tráfico de influências (como corrupção ou crime, na visão dos mais radicais)!... 
Os defensores de uma suposta transparência querem imitar aqueles que se alimentam com umas simples sandes, bocadinhos de queijo ou salsichas de lata espetadas em palitos e fazem com que se entre em julgamentos morais que não enchem barriga.

A sério...
Há crime? Creio que não. Há promiscuidade de interesses. É a permissividade capital-política (como existe - e está a funcionar - a permissividade justiça-política). É a Administração Pública prisioneira.

A comunicação de António Costa no dia 11 é a justificação dessa permissividade. Uma preocupação explícita, perante as notícias da comunicação social internacional sobre a corrupção que o mancharia a si e ao Governo, com todas as consequências de reputação e de possível fuga de investimentos, foi a de sossegar os investidores estrangeiros, os Mercados externos. Ao mesmo tempo, justificar (reconhecendo) a nossa dependência dos soberanos interesses internacionais. Esses interesses justificariam os processos que podem parecer mais obscuros mas que são, assim, apresentados como necessários.

Os interesses (ou interessados) nacionais são poucos, mas sobram quadros médios com ambições de ascensão social - possível através da política e do poder no Estado. Há sempre uns chicos-espertos dispostos a servir quem os possa ajudar na ascensão. E há quem tenha lentilhas (história bíblica que já vem dos tempos de Jacob)...

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Anunciado o fim da crise

O grande desígnio nacional já venceu: não haverá aumento do IUC!


E todos viveremos felizes!



segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Pink Floyd, 1970 (em estúdio)

Assim, Atom Heart Mother soa melhor!

Não precisa da excessiva tralha dourada barroca...  


A expressão "tralha dourada" deve pagar direitos de autor: foi utilizada por um aluno meu que queria (ou que devia querer) dizer "talha dourada".


domingo, 12 de novembro de 2023

António Maria Lisboa - RAOMOMAR

RAOMOMAR

amor confuso, amor repetido, amor esotérico, amor mágico
- MAR

mar perdido de conchas no meio do mar
mar de marés justapostas de amor num mar de marfim
perdido no teu joelho de marfim
mar de bosques que anuncia ao estrangeiro a terra perfumada
oceano no teu oceano de olhar
Ísis a mulher de Osíris - a realidade misturada
no MAR
mar que te apontei do alto da torre coberta pelo nevoeiro
pelo avião que atravessa o espaço
pelo incêndio que percorre o mundo num autocarro
pelo soerguer do teu corpo semi-quente na madrugada 

mar azul-vermelho queimado de arestas
mar de dedos frios, de velas sibilinas na noite de cristal
mar de sonâmbulos esquecidos a medir o espaço com fitas de estrelas
mar de passageiros estranhos e abismados
mar de casas altíssimas onde habitam as cidades

MAR para que não me chegam os olhos
mar branco de nuvens sobrepostas para lhe podermos passar por cima
mar de esquecimento, de objectos sensíveis e distintos
mar onde guardei o aquário azul que trouxe até hoje na memória

e só hoje te espalho para o mundo MAR
onde é possível e provável o envenenamento total da espécie
onde descanso a minha mão esquerda sobre uma pantera negra
e todos os dias mergulho em fogo

Amor sem nexo, amor contínuo, amor disperso - MAR

mar com uma bala direita no cérebro
mar sem apoio em nenhum ponto do espaço, mas preso apesar de tudo numa
enorme teia diabolicamente construída para conseguir ser livre
mar de submarinos insondáveis que navegam o infinito do mar
mar espacial de sons, de cores, de imagens, de mil anos passados que
percorremos

MAR que flutua no MAR abusivamente medonho

amor esquecido, amor distante, amor insolente

António Maria Lisboa

Passaram ontem 70 anos sobre a morte de António Maria Lisboa, aos 25 anos, vítima de tuberculose.

«Preocupado com uma verdadeira aproximação às culturas exteriores à tão celebrada civilização ocidental, há na sua poesia uma busca incessante de um futuro tão antigo como o passado. Pode, e decerto deve, ser considerado o mais importante poeta surrealista português, pela densidade da sua afirmação e na direcção desconhecida para que aponta.»
Mário Cesariny


Joni Mitchell - Prémios e distinções

 Listagem a partir do seu site oficial.

2023 Library of Congress Gershwin Prize for Popular Song
2022 Honorary Doctorate from 
Berklee College of Music
2022 GRAMMY Award for Best Historical Recording 
Archives Volume 1
2022 Honorary member 
American Academy of Arts and Letters
2022 MusiCares 
Person of the Year
2021 44th Annual 
Kennedy Center Honoree
2021 
Honorary Doctorate in Music from University of Connecticut
2020 
Les Paul Innovation Award
2020 Clouds inducted into 
Grammy Hall of Fame
2019 Elaine Weissman 
Lifetime Achievement Award
2018 Saskatoon names the 
Joni Mitchell Promenade
2018 
Honorary PhD from the University of Saskatoon
2016 GRAMMY Award for 
Best Album Notes for Love Has Many Faces
2015 SFJazz 
Lifetime Achievement Award
2014 
Hammer Museum Gala Honoree
2013 
Luminato Festival Gala Honoree
2008 
Alberta Arts Day Award
2008 JUNO: 
Jack Richardson Producer of the Year Award for Hana and Bad Dreams
2008 GRAMMY Award for 
Album of the Year River: The Joni Letters (Vocal Contribution)
2008 GRAMMY Award for 
Best Pop Instrumental Performance for One Week Last Summer
2007 
Canadian Songwriters Hall of Fame
2007 Canada Post issues 
Joni Mitchell stamp
2005 ASCAP Pop Award for Most Performed Song for Big Yellow Taxi
2004 
Inducted into the Order of Canada
2004 
Honorary Doctorate in Music from McGill University
2004 Court and Spark inducted into 
Grammy Hall of Fame
2002 
GRAMMY Lifetime Achievement Award
2002 
William Harold Moon Award from SOCAN (Society of Composers, Authors, and Music Publishers for Canada)
2001 JUNO Award for 
Best Vocal Jazz Album for Both Sides Now
2001 Star on 
Canada's Walk of Fame
2001 Honoree at 
World Leaders: A Festival of Creative Genius
2001 
RIAA Gold Certification for Clouds
2001 GRAMMY Award for 
Best Traditional Pop Vocal Album for Both Sides Now with Larry Klein
1999 
ASCAP Founder's Award
1998 Blue inducted into 
Grammy Hall of Fame
1997 
RIAA Multi-Platinum Certification for Court and Spark
1997 
Rock and Roll Hall of Fame
1996 
Sweden's Polar Prize
1996 National Academy of Songwriters 
Lifetime Achievement Award
1996 
Governor-General's Performing Arts Award
1996 GRAMMY Award for 
Best Pop Album for Turbulent Indigo with Larry Klein
1996 GRAMMY Award for 
Best Recording Package for Turbulent Indigo with Robbie Cavolina
1996 
Gemini Award
1996 
Orville H Gibson Award
1995 
Billboard Century Award
1993 
Lifetime Achievement Award from the Saskatchewan Recording Industry Association
1988 
Tenco Prize for Songwriting
1986 
RIAA Platinum Certification for Blue
1986 
RIAA Platinum Certification for Ladies of the Canyon
1981 
Canadian Music Hall of Fame
1978 
RIAA Gold Certification for Don Juan's Reckless Daughter
1976 
RIAA Gold Certification for Hejira
1976 JUNO Award for 
Female Vocalist of the Year
1975 Rock Music Awards 
Best Female Vocalist
1975 
RIAA Gold Certification for Hissing of Summer Lawns
1975 GRAMMY Award for 
Best Arrangement Accompanying Vocalists for Down to You with Tom Scott
1974 
RIAA Gold Certification for Miles of Aisles
1972 
RIAA Gold Certification for For The Roses
1970 GRAMMY Award for 
Best Folk Performance
 for Clouds



Both sides, now (na edição de Clouds, em 1969)