sábado, 17 de dezembro de 2022

(Ainda s)Em união pela Educação

Com um trajecto semelhante ao da manifestação de 15 de Novembro de 2008, decorreu hoje uma nova manifestação de professores.

Terá sido um remaking, o reavivar das memórias de uma das grandes manifs, promovida por um conjunto de movimentos independentes de professores, insatisfeitos com a sua situação profissional e com a actuação dos movimentos sindicais. 

A de hoje teve na sua génese a luta desencadeada por um sindicato - o S.TO.P. (Sindicato de Todos os Professores) - que tem aproveitado a inépcia da que é a mais representativa organização sindical de professores, para se apresentar como aquele que consegue mobilizar o grande descontentamento da classe docente, responder aos seus anseios e resgatar o movimento sindical da inoperância.

Muitos professores aderiram à greve promovida pelo S.TO.P. na última semana, mesmo não pertencendo a esta organização sindical, fartos e frustrados de anteriores lutas sindicais, demasiado brandas e inconsequentes. Muitos professores alinharão em processos de luta que lhes pareçam menos mansos e que não sejam de tacticismo político, fartos que estão de situações mal resolvidas, que são causadoras de injustiças e, consequentemente, de um profundo desagrado.

O processo desencadeado pelo S.TO.P. parece-me anárquico (na sua organização, na lista extensa de objectivos, mas pouco definida quanto ao que se considera serem as metas a atingir para cada um deles), e oportunista, no sentido em que preenche o vazio da acção da FENPROF, retirando-lhe protagonismo e apoiantes, aproveitando para se afirmar no quadro sindical dos professores. Ganhou espaço (com um passo maior do que a perna?).

A FENPROF fez a sua greve sazonal, enquadrada no processo de luta da CGTP no período pré-votação do Orçamento de Estado, e parece ter hibernado. Aguarda o calendário de actividades dos seus mentores políticos. 

Sobrou o espaço para a criação de dinâmicas locais, muito diferentes em função da capacidade de mobilização e do perfil de cada escola/agrupamento. 

Será da idade (com o fim de carreira à vista), mas prevejo que o "dia histórico" de hoje terá o mesmo destino que o dia histórico de 15 de Novembro de 2008. Ou o 15 de Junho de 2013... Ficamos satisfeitos com as manifestações!

Pouco se tem conseguido para uma carreira digna dos professores. Não vejo "união pela educação", nomeadamente a nível dos sindicatos. Quando as organizações que devem zelar pelos nossos direitos andam de candeias às avessas... Mas não podemos descartá-las. Temos é de as fazer mexer (e como elas se assustaram com a manif de 2008!). É difícil o sucesso com lutas inorgânicas, por muito que os professores estejam revoltados com a sua situação e com o futuro que se desenha no horizonte.




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