terça-feira, 29 de novembro de 2022

A futebolite é doentia

A Pedra Filosofal teria de conter os versos "Eles não sabem nem sonham / Que o futebol comanda a vida".

Comanda a vida e a morte. 

Morreram recentemente o cineasta António Cunha Telles, nome importante do moderno cinema português, o autor de BD José Ruy, com ligação à produção de BD com carácter histórico, e Fernando Gomes, grande jogador de futebol, com fortes ligações ao F.C.Porto e duas vezes vencedor da Bota de Ouro.

A morte de Fernando Gomes será considerada mais precoce, aos 66 anos, vinte e tal anos menos do que os outros dois nomes referidos. Mas esse não terá sido o motivo principal por que a comunicação social se encheu de capas, imagens e reportagens sobre a vida e as cerimónias fúnebres do ex-futebolista (a quem não tiro o mérito e cujo falecimento lamento), enquanto a memória de António Cunha Telles e de José Ruy passou fortuitamente.

É natural que as "massas" conheçam melhor Fernando Gomes, mas a comunicação social tem a obrigação, o dever, de informar, de divulgar o que é (devia ser) considerado relevante do ponto de vista cultural. Falo da cultura portuguesa, contemporânea, tão desleixada por tantos meios de comunicação acéfalos, ignorantes, broncos e, como tal, promotores da imbecilização! 

Passar pelos diferentes canais televisivos antes, durante ou após cada jornada futebolística corresponde, quase, a "cada tiro, cada melro" ou "cada cavadela, sua minhoca". Em época de Campeonato do Mundo (ou da Europa), então, é a futebolite doentia. Com contágio fácil aos órgãos do poder político central, para o qual não há qualquer espécie de vacina.

Mais do que me sentir representado pelos titulares dos principais cargos políticos do país, sinto-me indignado pela sua presença nos jogos do Mundial. Não têm de lá estar, não deviam lá estar! 


Raio de futebolite!
Tira-me o gosto de ver futebol...




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