quarta-feira, 6 de julho de 2022

Anda comigo ver os aviões

O prolongamento, "em lume brando", da guerra na Ucrânia, sem a "espectacularidade" de grandes batalhas que atraiam repórteres e promovam a existência de imagens impactantes - para choque já bastam as imagens "vulgares" da guerra -, vai desmobilizando o jornalismo. Já é uma banalidade.

É difícil encontrarmos jornalistas que sejam corredores de fundo, o que resulta do jornalismo da espuma dos dias, o jornalismo de matilha já aqui referido. Às vezes até apetece chamar-lhe "de manada", tal é o nível da "investida".  

Já ouvi noticiários em que não houve uma referência à guerra.

Nesses noticiários vão-se somando constrangimentos, mas a quase demitida Ministra da Saúde foi substituída pelo quase-quase demitido Ministro das Infraestruturas e da Habitação. Os constrangimentos do funcionamento de vários serviços de saúde foram superados pelos constrangimentos do funcionamento dos serviços ligados à aviação.

A comunicação social, que esteve perto de se especializar na informação sobre os horários dos serviços de ginecologia e obstetrícia em todo o país, parece estar em condições de o fazer em relação aos horários das partidas e chegadas dos aviões, aos voos atrasados, adiados e cancelados, às horas dos check-in e ao calendário de recuperação das bagagens transviadas.


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