terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Eduardo Lourenço (1923 - 2020)

«Pensar, pensamos todos. Não só os humanos mas, segundo os antropólogos, todos os seres viventes. Pensar é ser um eco do que o Cosmos tem para nos dizer. É saber o que somos como tempo passado, como História; termos uma imagem mais ou menos objectiva do nosso percurso - o que é absolutamente inviável, mas uma pretensão como outra qualquer. Pensar é um diálogo que temos connosco próprios.»

Eduardo Lourenço


Como Marcelo Rebelo de Sousa observou, parece haver uma "coincidência simbólica" no facto de o maior pensador sobre Portugal nos ter deixado no dia da Restauração da Independência.


sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Qual é o interesse?

Gostava de os ouvir explicitar as medidas. Balbuciariam qualquer coisa (como muitos jornalistas, que repetem generalidades).
Não acredito que as conheçam.
E o que não passa de uma sondagem de achómetro ganha foros de manchete. 

Não percebem nada do assunto, mas têm opinião fundamentada!
Todos experts!
E até aposto que estes portugueses "sabem", melhor do que ninguém, o que devia ser feito. E como devia ser feito. 
Se fossem eles a mandar, isto andava tudo direitinho.
Treinadores de bancada.
E qual é o interesse?


quarta-feira, 11 de novembro de 2020

O pai da política do ambiente em Portugal

Gonçalo Ribeiro Telles (1922-2020)


Para Gonçalo Ribeiro Telles a opção verde/ecológica não era uma opção de moda, era uma opção de sobrevivência.

«Não abundam em Portugal muitas personalidades com a dignidade, a sabedoria e a humildade inata do Gonçalo Ribeiro Telles, cuja vida foi sempre um empenho contínuo em prol da beleza, da integridade do Homem e da Natureza, da liberdade e da cidadania. O país terá sempre para com ele uma enorme dívida de gratidão.» 
Fernando Santos Pessoa, Público
por ocasião do 98.º aniversário do Eng. Gonçalo Ribeiro Teles (25 de Maio de 2020)


segunda-feira, 9 de novembro de 2020

O último surrealista português

«- Ainda é surrealista, Cruzeiro Seixas? 
- Ah, isso até à morte! Isso é uma coisa que não tem cura.»
(entrevista ao DN, em 1 de Abril de 2005)


Partiu o último dos surrealistas portugueses.
A menos de um mês de fazer os 100 anos, faleceu Artur Cruzeiro Seixas.

Auto-retrato

«- Tenho impressão que cada um faz o seu surrealismo, diferente dos outros.
O meu é um surrealismo que assenta principalmente numa ideia de liberdade louca.
Louca. Porque é tanta. E o desejo dela ultrapassa tanto a loucura, mesmo! E depois, posso-me gabar de ter realmente conseguido, de certa maneira, realizar essa loucura... e de tê-la vivido. Acho que sim. Hoje, com 84 anos, tenho já uma visão enorme da vida e posso espantar-me a mim próprio, não é? 
- Pela liberdade ou pela loucura? 

- Pela liberdade e pela loucura que meti dentro dela. Consegui! Consegui realmente viver.»

(excertos da mesma entrevista ao DN)


Grupo Surrealista de Lisboa (na Exposição dos Surrealistas, Junho-Julho de 1949)
Cruzeiro Seixas é o 3.º a contar da direita

A célebre Mão (em que as garras são aparos)

Finalidade sem fim numa tapeçaria de Portalegre

«Viver é uma loucura espantosa. É a maior loucura.»




domingo, 8 de novembro de 2020

Luís Dourdil - A pintura antes de tudo

«Nunca fui um paisagista, parti sempre da forma real, mas só me interessei de facto pela figura humana. Parece que apenas nela encontro a beleza e a tragédia, ou as partes articuláveis de uma nova ordem, um dinamismo interno - a pintura, antes de tudo.» Luís Dourdil
Varinas

Luís Dourdil nasceu a 8 de Novembro de 1914.


O retrato dos amigos

Faleceu Eduardo Salavisa, desenhador e fundador dos Urban Sketchers.
No Museu Bordalo Pinheiro, em Lisboa, decorre a exposição Um Cadeirão e 96 retratos, que resultou dos desenhos feitos por Eduardo Salavisa em sua casa, quando da visita dos seus amigos. Todos se sentavam no cadeirão da sala e eram desenhados.

 
“As memórias destes momentos em que amigos meus me visitaram no 
momento terminal da minha vida foram registados por um desenho”.


sábado, 7 de novembro de 2020

Joni Mitchell, "Day after day"

 Day after day...


Joni Mitchell nasceu a 7 de Novembro de 1943.


sábado, 31 de outubro de 2020

Connery, Sean Connery

Década de 80, dos melhores: O Nome da Rosa, Os Intocáveis... 



Em Lisboa, 1990, uma das cidades onde decorreu a rodagem de A Casa da Rússia - bebendo um whiskey, com a Sé ao fundo, e nas Portas do Sol.

E partiu aos 90, este escocês...


Um problema do nosso comportamento coletivo

«Isto está a acontecer. Se nós não percebermos isto, se nós quisermos ir atrás dos negacionistas, dos relativistas e das teorias da conspiração, nós vamo-nos arrepender. Isto está a acontecer neste momento".

Se a pandemia não for levada a sério, "isto vai rebentar". «Não é tempo para questionar as autoridades de saúde. Isto não se resolve nos hospitais, isto resolve-se a montante dos hospitais. Não há nada que nós possamos fazer nos hospitais para controlar a pandemia. Isto é um problema de saúde publica, é um problema da sociedade civil, é um problema do nosso comportamento coletivo.»


Gustavo Carona, 
médico intensivista do Hospital Pedro Hispano 
e membro da organização Médicos Sem Fronteiras


quarta-feira, 21 de outubro de 2020

A descoberta da entrada do Estreito de Magalhães


Passam hoje 500 anos que Fernão de Magalhães atingiu a entrada do estreito com o seu nome.

Era a passagem mais ambicionada, aquela que lhe abria caminho para que pudesse atingir as ilhas das especiarias. Aquelas onde Magalhães nunca chegou...

Tudo acabaria com a volta ao mundo de que Sebastián de Elcano colheria os louros, mas também não os proveitos - nunca chegou a ver o prémio prometido pelo Imperador Carlos V.

Mapa do Estreito de Magalhães desenhado por António Pigafetta
(do único manuscrito italiano do relato da viagem, como reproduzido na edição de 1800)


«Embora a empresa de Magalhães seja reconhecida como a maior jamais intentada por qualquer navegante, contudo, ele foi privado da sua devida fama pelas invejas que sempre houve entre os dois povos que habitam a Península, pois os espanhóis não toleraram ser mandados por um português e os portugueses ainda não perdoaram a Magalhães tê-los abandonado para servir Castela.»

Lord Stanley of Alderley, 1874

«Entre todas as figuras e todas as rotas, a minha admiração vira-se para os feitos do homem que, no meu sentir, alcançou o mais extraordinário na história das descobertas geográficas: Fernão de Magalhães. A sua navegação é talvez a maior odisseia na História da Humanidade.»

Stefan Zweig


sexta-feira, 9 de outubro de 2020

O "bom senso" no fb

 


Podia ter começado por aí!...


quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Sabe bem a valorização do papel dos professores

É rara a valorização do papel dos professores. 

Apesar de ser frequente, nos estudos, estarmos no grupo de profissões que merecem maior nível de segurança por parte da opinião pública, a verdade é que, na opinião publicada, incluindo as "redes", somos alvo reiterado de críticas. Com mais ou menos fundamento, regra geral... menos (mas de educação/ensino todos sabem!), todos espetam a sua alfinetada.

Em resposta, não é rara a valorização pelos próprios visados. 
Mas ser juiz em causa própria não é condigno. Por isso, fiquei satisfeito com os resultados do estudo O papel da escola na pandemia, do ponto de vista dos pais, promovido pelo projecto Escola Amiga da Criança, em parceria com a Católica Porto Business School. 


E a aproximação de que fala o estudo é muito importante. 
Senti isso durante o período em que não houve ensino presencial.

Relembro (por contraste) a triste frase da "Milú" de má memória (Maria de Lurdes Rodrigues, ex-ministra da educação):
- Perdemos os professores, mas ganhámos a opinião pública. 

Gente baixa a que se alegra com a derrota de alguém na sociedade e que governa colocando grupos contra grupos. 
Cretinice!


quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Com a escravatura ainda seria melhor!

 

Aumentar o número de horas semanais de trabalho de 35 para 40 horas, sem qualquer compensação, representou um abuso, em relação ao qual as ordens profissionais e, mesmo, os sindicatos, foram muito meiguinhos.
Representou um aumento de 14% de carga horária não contratualizada. 

Se o pessoal trabalhasse de borla, o que não se poupava!...

Seria uma social-democracia muito moderna...

A propósito:


A crise não é para todos...


terça-feira, 6 de outubro de 2020

King Red - 46 anos

Recordar a edição, há 46 anos, de Red.

Para memória futura (porque os direitos de autor determinam muitos bloqueios):
King Crimson - Starless (última faixa de Red)



segunda-feira, 5 de outubro de 2020

5 de Outubro de 1910 - Começa a confusão

«Quarta-feira, 5 de Outubro de 1910

Paço de Mafra

À 1 h da madrugada foi el-rei deitar-se. Deitei-o eu. Emprestei-lhe eu uma camisa de noite. Veio só com o fato que trazia vestido (à paisana).
Nada de notícias, o que é péssimo. Com o auxílio do vento sul, ouvem-se distintamente muitos tiros de artilharia. Agoiro mal este dia.
Toda a força da Escola Prática de Infantaria está armada na arcada sul.
Na galeria à porta do quarto de el-rei no torreão sul estão os guardas da tapada armados e alguns populares.
Às 3 h a.m. vim a casa escrever estas notas e ver a pobre Sophia*, que não dorme sem saber o futuro.
Às 4 h chega do Porto o dedicado M. Martins da Rocha. Vamos logo para junto de el-rei, que dormia sossegado. Às 5 h 30 rompe o dia carrancudo adivinhando desgraça. Nada de notícias. Às 9 h a.m. chega a rainha D. Maria Pia com a marquesa de Unhão e o conde de Mesquitela. Às 10 h chegou a rainha D. Amélia com a condessa de Figueiró Maria de Meneses, Vasco Belmonte, criados, malas, etc.
Ao meio-dia, o telegrafista José Tomás comunica-me confidente que foi proclamada a República em Lisboa. Começa a confusão. Também está aqui o Kerausch**. Começa a ideia da fuga. Às 3 h p.m. chega o José Sabugosa, que veio da Ericeira a cavalo a toda a brida. Diz que está ali o Y. R. Amélia com o príncipe real D. Afonso. Partem todos em três automóveis para a Ericeira.»

Thomaz de Mello Breyner, Diário de Um Monárquico (1908-1910)


* Sophia de Carvalho Burnay, esposa de Thomaz de Mello Breyner, que se encontrava doente.

** Franz Kerausch, austríaco, foi o preceptor dos príncipes D.Luís e D.Manuel (futuros D. Luís I e D. Manuel II)

Foi no Y.R. (Yacht Real) Amelia, o quarto com o nome da rainha, que a 
família real fugiu para Gibraltar. Daí seguiram para Inglaterra, num navio inglês.


Juliette Greco

Faleceu há poucos dias Juliette Greco, pelas minhas contas (e conceitos - ou preconceitos?), a última voz lendária da chanson française


Na secção de música (de língua) francesa da minha discoteca já não tenho qualquer cantor vivo.


domingo, 4 de outubro de 2020

Infecções de conveniência

Acredito tanto que Trump esteja infectado como acredito que Bolsonaro tenha estado infectado ou tenha sido esfaqueado.

Regressam que nem heróis!


A falta de professores


O anúncio de uma escola fez-me lembrar o título do Correio da Manhã.



Faltarão desde o princípio, não será só depois das 3 primeiras semanas do ano lectivo.
A falta de professores já é notória principalmente em determinadas zonas do país e em alguns grupos disciplinares, nomeadamente TIC (2.º Ciclo, disciplina que entrou no currículo no ano lectivo passado).
A reserva de recrutamento não irá tapar as faltas.
E até 2025 vão sair do sistema cerca de 30 mil professores...

Degradaram-se as condições, agora... tracem-se planos de emergência (... e baixe-se o nível).

Para o próximo ano, acredito que o Ministério declare que qualquer professor com umas horitas de formação em TIC poderá leccionar a disciplina...


A Sé e a antiga mesquita de Lisboa

Sobre a polémica do que fazer em relação às estruturas arqueológicas da antiga mesquita de Lisboa, preservadas sob o claustro da Sé, pronunciou-se - com bom senso, parece-me - um largo conjunto de professores universitários da área da arqueologia.


«Os professores universitários na área da arqueologia entenderam, através do presente comunicado, tomar posição relativamente às notícias que têm vindo a lume sobre os achados de época medieval islâmica surgidos no âmbito do projecto de valorização da Sé de Lisboa.
Por um lado, cumpre-nos sublinhar que os dados conhecidos até ao momento são inequívocos quanto à excepcionalidade científica e patrimonial dos achados, tratando-se de estruturas associadas ao complexo da mesquita maior da cidade de Lisboa em época islâmica, singulares no contexto nacional e relativamente raros no panorama europeu. De resto, já há anos que se conheciam vestígios deste período no claustro da Sé, não tendo, contudo, à época sido possível interpretá-los cabalmente. As imagens até agora divulgadas mostram vários compartimentos de grande monumentalidade, ocupando uma área e com um grau de preservação assinaláveis, tornando imperiosa a sua conservação e desejável a sua valorização.
Por outro lado, é impensável que um projecto de valorização de um monumento nacional, como é a Sé de Lisboa, destrua as suas preexistências. Em Portugal afirmou-se globalmente nos últimos anos o princípio da conservação pelo registo, em que os achados arqueológicos são eliminados de forma sistemática em operações de reabilitação urbana, de saneamento, ou da construção de equipamentos públicos, num equilíbrio sempre frágil entre a preservação do passado e as necessidades prementes do presente. No entanto, o caso presente é o de um projecto de valorização patrimonial, pelo que é paradoxal a eliminação de estruturas desta importância. É de rejeitar em absoluto a ideia de deslocalização dos vestígios, uma prática abandonada há muitas décadas pelas mais elementares normas internacionais. Não é igualmente sustentável que a preservação dos vestígios ponha em causa a integridade da Sé, tendo a engenharia mostrado, em vários pontos da Europa, as possibilidades de compatibilização em situações idênticas à presente. Em todo o caso, não sendo possível a valorização, é sempre viável o seu aterro, regressando-se à situação prévia à deste projecto garantindo, deste modo, a preservação destes achados singulares para gerações vindouras.
A academia está aliás, como sempre esteve, disponível para ajudar a encontrar as melhores soluções.»



sábado, 3 de outubro de 2020

Reportagem (por Lisboa)

Aborrecido, passeio
Pelas ruas da cidade.
Deixei agora o Rossio
E atravesso o Borratém.
Deu meia-noite pausada
No Carmo. Um amigo meu
Passa e tira-me o chapéu.
Páro a uma esquina. (…)
Junto à Praça da Figueira.
Corto a rua dos Fanqueiros
Já um pouco estropiado...
Acendo um cigarro. A noite
Lembra um fantasma assustado...
Chego ao Terreiro do Paço.
O arco da rua Augusta
Parece mais imponente
Na minha desolação...
Vou até ao cais. Em baixo
O rio bate sem reacção...
A maré vasa. No céu,
Vão-se apagando as estrelas.
(…) As águas do rio a escutar
Parecem adormecidas...
E o dia nasce! Vem triste,
Nublado, fosco, cinzento,
Enquanto pela cidade
A vida acorda e desata
O matinal movimento...

António Botto 


Andreas H. Bitesnich, Deeper Shades


sexta-feira, 2 de outubro de 2020

José Cardoso Pires

«Vivia como escrevia: no gume da faca, sem medo, com o rigor dos insatisfeitos. Reescrevia incessantemente as suas histórias, trabalhando ao milímetro a espessura e a luz de cada palavra.»

Inês Pedrosa

José Cardoso Pires nasceu a 2 de Outubro.

Almoço de homenagem a José Cardoso Pires, em 30 de Maio de 1964,
 por ocasião da entrega do Prémio Camilo Castelo Branco respeitante a 1963.
José Cardoso Pires está entre Sophia de Mello Breyner e Ferreira de Castro.
Óscar Lopes, que também nasceu a 2 de Outubro, faz o discurso.

«Cada romance tem as suas recordações à margem das aventuras que conta, cada um vais crescendo com o corpo e a voz do homem que o escreveu.»

José Cardoso Pires


O disco barroco da vaca

 2 de Outubro de 1970, era editada uma aproximação dos Pink Floyd ao estilo barroco.

Atom heart mother, o disco da vaca.



quinta-feira, 1 de outubro de 2020

If

Se

No Dia Mundial da Música.



Se

Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar –sem que a isso só te atires,
De sonhar –sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires

Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: “Persiste!”;
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais – tu serás um homem, ó meu filho!

Rudyard Kipling (1895)




A geração da contestatária

Mafalda era a menina sagaz  e incómoda que desarmava os adultos com as suas perguntas e as suas considerações.
Nos desenhos de Mafalda são muitas as referências implícitas (ou explícitas) aos grandes problemas da actualidade mundial e de ordem política e social. 
O seu criador: Quino.




Quino (Joaquin Salvador Lavado Tejón), argentino nascido em 1932, faleceu ontem, um dia depois de ter sido celebrado mais um aniversário da publicação das primeiras "tiras" da sua mais conhecida criação - Mafalda, a contestatária.

Se à data em que surgiu a primeira publicação (29 de Setembro de 1964), Mafalda já tinha 6 anos, significa que nasceu no mesmo ano que eu.


quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Antonio Tabucchi

 «... Tu nem sequer imaginas como podem acabar subitamente certos Agostos que esbarram contra um Setembro temporão, como um automóvel contra uma árvore, e se encarquilham, esmorecem como uma concertina sem fôlego. Tanta bazófia na canícula da Assunção ou quando o céu nocturno solta os fogos-de-artifício de São Lourenço e os sentidos parecem tão repletos e a vida uma caverna de abóbadas altíssimas, quatro gotas de chuva, porém, o tempo de um corisco, e basta um só dia para engolir esse mês inchado e convencido... A vida também é assim, é como Agosto, dás-te conta que se finou num abrir e fechar de olhos, quando menos esperavas, o elástico encolheu e nunca mais voltará a esticar e o corvo assoma a um canto para te dizer o seu “nevermore”...»

Antonio Tabucchi, Tristano morre


Antonio Tabucchi nasceu em Pisa, a 24 de Setembro.


terça-feira, 22 de setembro de 2020

Tristão e Isolda

Sobre o mar de Setembro velado de bruma
O sol velado desce
Impregnando de oiro a espuma
Onde a mais vasta aventura floresce.

Tristão e Isolda que eu sempre vi passar
Num fundo de horizontes marítimos
Trespassados como o mar
Pela fatalidade fantástica dos ritmos
Caminham na agonia desta tarde
Onde uma ânsia irmã da sua arde.

Tristão e Isolda que como o Outono,
Rolando de abandono em abandono,
Traziam em si suspensa
Indizivelmente a presença
Extasiada da morte.

Sophia de Mello Breyner Andresen, Dia do Mar



Setembro

«Fica uma quinzena em que setembro executa suas crueldades: o mar acinzenta-se despovoa-se o areal (...) na sala ficamos confrontando o mar perseguindo a viagem dos alísios de verão: minúscula tribo que somos compondo a espera de outro verão muito distante.»

Mário Cláudio, As Máscaras de Sábado



segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Anatomia de Setembro I

«estranha na cidade é a permanência de setembro instantes de suspensão de não se saber onde o quê; presumo que conheça a cidade mas não tão longe como eu nem em iguais rotas de vida já lhe aconteceu os membros desligarem-se do corpo a cabeça levitar transformada em lua? na cidade desse tempo era isto na cidade um esquecimento um túnel onde nenhuma luz cintilava;               ouça; setembro não tem na cidade a mágoa estridente das terras que a natureza preparou para o outono trata-se ainda aqui de uma estação de oiro se me consente o ordinário da frase quando falo em oiro quero que entenda assim na cidade a permanência de setembro é como direi trabalhada a cinzel a bistre;»

Mário Cláudio, Um Verão Assim


quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Já posso ser Secretário de Estado!

«Tenho por hábito antigo cumprimentar os meus alunos em Setembro e também os professores, dizendo "Feliz Ano Novo". Faço-o por saber e sentir, enquanto professor que também sou, que, em cada Setembro, vivemos aquele misto entre a ansiedade e o entusiasmo por um ano que começa com novas caras, novos alunos e com muitas sementes de conhecimento por cultivar.»

João Costa (Sec. Estado da Educação)

Assino por baixo
(embora o entusiasmo já tenha conhecido melhores dias, 
consumido pelos anos e por desencantos vários...)



terça-feira, 15 de setembro de 2020

A Democracia apanhou-me de surpresa!

Tão surpreendente como a fosfina, também não sabia que existia um Dia Internacional da Democracia.

Descobri-o, por mero acaso, a escassos minutos de acabar...

«DEMOCRACIA. Tomando como pretexto um dos sublimes frescos de Piero della Francesca na Basílica de San Francesco em Arezzo (meados do século XV), onde a harmonia do Renascimento reside em todo o seu esplendor, recordo que hoje se celebra o Dia Internacional da Democracia. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas em 2007 para destacar, justamente, aquela que é conquista fundamental: o sistema que permite aos cidadãos o pleno exercício de seus direitos, assegurando conquistas sociais, laborais, culturais e políticas, com a sua carta inalienável de direitos e deveres. Luta difícil: recordo os muitos que já sofreram, e que continuam a sofrer, pela sua implementação e desenvolvimento. O dia 15 de Setembro é, por todas estas razões, um acontecimento a assinalar. Com um aviso: a Cidadania democrática, tão aviltada nos nossos dias pelos populismos mais ultramontanos, precisa de ser desenvolvida, melhorada e, como tal, preservada. Não a estraguem: aprofundem-na!»

Vítor Serrão (na sua conta do fb)


Não me parece que muita gente saiba (ou se tenha lembrado) deste dia...


Vénus com vida

 
Uma equipa de cientistas, incluindo a portuguesa Clara Sousa e Silva, divulgou na revista Nature Astronomy que foi detectada fosfina (um gás) nas nuvens de Vénus (a cerca de 50 km da superfície do planeta).

Na natureza (terrestre) a fosfina está associada à presença de organismos vivos.
No ar (na atmosfera de Vénus) paira a pergunta:
Como se terá formado fosfina em Vénus?

Haverá vida para além do défice da Terra?



Luz de Setembro...

 


... o Verão que vai chegando ao fim... 


segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Embalando a minha biblioteca

Alberto Manguel fez doação da sua biblioteca - cerca de 40 mil livros - ao futuro (esperemos que próximo) Centro de Estudos da História da Leitura, a ser instalado pela Câmara Municipal de Lisboa no Palacete dos Marqueses de Pombal.


Que seja verdade o seu pensamento:
"Hoje não vais perder uma biblioteca, vais ganhar uma cidade mágica."
E que essa cidade continue a ser "refúgio para o diálogo civilizado"...