sábado, 31 de outubro de 2020

Connery, Sean Connery

Década de 80, dos melhores: O Nome da Rosa, Os Intocáveis... 



Em Lisboa, 1990, uma das cidades onde decorreu a rodagem de A Casa da Rússia - bebendo um whiskey, com a Sé ao fundo, e nas Portas do Sol.

E partiu aos 90, este escocês...


Um problema do nosso comportamento coletivo

«Isto está a acontecer. Se nós não percebermos isto, se nós quisermos ir atrás dos negacionistas, dos relativistas e das teorias da conspiração, nós vamo-nos arrepender. Isto está a acontecer neste momento".

Se a pandemia não for levada a sério, "isto vai rebentar". «Não é tempo para questionar as autoridades de saúde. Isto não se resolve nos hospitais, isto resolve-se a montante dos hospitais. Não há nada que nós possamos fazer nos hospitais para controlar a pandemia. Isto é um problema de saúde publica, é um problema da sociedade civil, é um problema do nosso comportamento coletivo.»


Gustavo Carona, 
médico intensivista do Hospital Pedro Hispano 
e membro da organização Médicos Sem Fronteiras


quarta-feira, 21 de outubro de 2020

A descoberta da entrada do Estreito de Magalhães


Passam hoje 500 anos que Fernão de Magalhães atingiu a entrada do estreito com o seu nome.

Era a passagem mais ambicionada, aquela que lhe abria caminho para que pudesse atingir as ilhas das especiarias. Aquelas onde Magalhães nunca chegou...

Tudo acabaria com a volta ao mundo de que Sebastián de Elcano colheria os louros, mas também não os proveitos - nunca chegou a ver o prémio prometido pelo Imperador Carlos V.

Mapa do Estreito de Magalhães desenhado por António Pigafetta
(do único manuscrito italiano do relato da viagem, como reproduzido na edição de 1800)


«Embora a empresa de Magalhães seja reconhecida como a maior jamais intentada por qualquer navegante, contudo, ele foi privado da sua devida fama pelas invejas que sempre houve entre os dois povos que habitam a Península, pois os espanhóis não toleraram ser mandados por um português e os portugueses ainda não perdoaram a Magalhães tê-los abandonado para servir Castela.»

Lord Stanley of Alderley, 1874

«Entre todas as figuras e todas as rotas, a minha admiração vira-se para os feitos do homem que, no meu sentir, alcançou o mais extraordinário na história das descobertas geográficas: Fernão de Magalhães. A sua navegação é talvez a maior odisseia na História da Humanidade.»

Stefan Zweig


sexta-feira, 9 de outubro de 2020

O "bom senso" no fb

 


Podia ter começado por aí!...


quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Sabe bem a valorização do papel dos professores

É rara a valorização do papel dos professores. 

Apesar de ser frequente, nos estudos, estarmos no grupo de profissões que merecem maior nível de segurança por parte da opinião pública, a verdade é que, na opinião publicada, incluindo as "redes", somos alvo reiterado de críticas. Com mais ou menos fundamento, regra geral... menos (mas de educação/ensino todos sabem!), todos espetam a sua alfinetada.

Em resposta, não é rara a valorização pelos próprios visados. 
Mas ser juiz em causa própria não é condigno. Por isso, fiquei satisfeito com os resultados do estudo O papel da escola na pandemia, do ponto de vista dos pais, promovido pelo projecto Escola Amiga da Criança, em parceria com a Católica Porto Business School. 


E a aproximação de que fala o estudo é muito importante. 
Senti isso durante o período em que não houve ensino presencial.

Relembro (por contraste) a triste frase da "Milú" de má memória (Maria de Lurdes Rodrigues, ex-ministra da educação):
- Perdemos os professores, mas ganhámos a opinião pública. 

Gente baixa a que se alegra com a derrota de alguém na sociedade e que governa colocando grupos contra grupos. 
Cretinice!


quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Com a escravatura ainda seria melhor!

 

Aumentar o número de horas semanais de trabalho de 35 para 40 horas, sem qualquer compensação, representou um abuso, em relação ao qual as ordens profissionais e, mesmo, os sindicatos, foram muito meiguinhos.
Representou um aumento de 14% de carga horária não contratualizada. 

Se o pessoal trabalhasse de borla, o que não se poupava!...

Seria uma social-democracia muito moderna...

A propósito:


A crise não é para todos...


terça-feira, 6 de outubro de 2020

King Red - 46 anos

Recordar a edição, há 46 anos, de Red.

Para memória futura (porque os direitos de autor determinam muitos bloqueios):
King Crimson - Starless (última faixa de Red)



segunda-feira, 5 de outubro de 2020

5 de Outubro de 1910 - Começa a confusão

«Quarta-feira, 5 de Outubro de 1910

Paço de Mafra

À 1 h da madrugada foi el-rei deitar-se. Deitei-o eu. Emprestei-lhe eu uma camisa de noite. Veio só com o fato que trazia vestido (à paisana).
Nada de notícias, o que é péssimo. Com o auxílio do vento sul, ouvem-se distintamente muitos tiros de artilharia. Agoiro mal este dia.
Toda a força da Escola Prática de Infantaria está armada na arcada sul.
Na galeria à porta do quarto de el-rei no torreão sul estão os guardas da tapada armados e alguns populares.
Às 3 h a.m. vim a casa escrever estas notas e ver a pobre Sophia*, que não dorme sem saber o futuro.
Às 4 h chega do Porto o dedicado M. Martins da Rocha. Vamos logo para junto de el-rei, que dormia sossegado. Às 5 h 30 rompe o dia carrancudo adivinhando desgraça. Nada de notícias. Às 9 h a.m. chega a rainha D. Maria Pia com a marquesa de Unhão e o conde de Mesquitela. Às 10 h chegou a rainha D. Amélia com a condessa de Figueiró Maria de Meneses, Vasco Belmonte, criados, malas, etc.
Ao meio-dia, o telegrafista José Tomás comunica-me confidente que foi proclamada a República em Lisboa. Começa a confusão. Também está aqui o Kerausch**. Começa a ideia da fuga. Às 3 h p.m. chega o José Sabugosa, que veio da Ericeira a cavalo a toda a brida. Diz que está ali o Y. R. Amélia com o príncipe real D. Afonso. Partem todos em três automóveis para a Ericeira.»

Thomaz de Mello Breyner, Diário de Um Monárquico (1908-1910)


* Sophia de Carvalho Burnay, esposa de Thomaz de Mello Breyner, que se encontrava doente.

** Franz Kerausch, austríaco, foi o preceptor dos príncipes D.Luís e D.Manuel (futuros D. Luís I e D. Manuel II)

Foi no Y.R. (Yacht Real) Amelia, o quarto com o nome da rainha, que a 
família real fugiu para Gibraltar. Daí seguiram para Inglaterra, num navio inglês.


Juliette Greco

Faleceu há poucos dias Juliette Greco, pelas minhas contas (e conceitos - ou preconceitos?), a última voz lendária da chanson française


Na secção de música (de língua) francesa da minha discoteca já não tenho qualquer cantor vivo.


domingo, 4 de outubro de 2020

Infecções de conveniência

Acredito tanto que Trump esteja infectado como acredito que Bolsonaro tenha estado infectado ou tenha sido esfaqueado.

Regressam que nem heróis!


A falta de professores


O anúncio de uma escola fez-me lembrar o título do Correio da Manhã.



Faltarão desde o princípio, não será só depois das 3 primeiras semanas do ano lectivo.
A falta de professores já é notória principalmente em determinadas zonas do país e em alguns grupos disciplinares, nomeadamente TIC (2.º Ciclo, disciplina que entrou no currículo no ano lectivo passado).
A reserva de recrutamento não irá tapar as faltas.
E até 2025 vão sair do sistema cerca de 30 mil professores...

Degradaram-se as condições, agora... tracem-se planos de emergência (... e baixe-se o nível).

Para o próximo ano, acredito que o Ministério declare que qualquer professor com umas horitas de formação em TIC poderá leccionar a disciplina...


A Sé e a antiga mesquita de Lisboa

Sobre a polémica do que fazer em relação às estruturas arqueológicas da antiga mesquita de Lisboa, preservadas sob o claustro da Sé, pronunciou-se - com bom senso, parece-me - um largo conjunto de professores universitários da área da arqueologia.


«Os professores universitários na área da arqueologia entenderam, através do presente comunicado, tomar posição relativamente às notícias que têm vindo a lume sobre os achados de época medieval islâmica surgidos no âmbito do projecto de valorização da Sé de Lisboa.
Por um lado, cumpre-nos sublinhar que os dados conhecidos até ao momento são inequívocos quanto à excepcionalidade científica e patrimonial dos achados, tratando-se de estruturas associadas ao complexo da mesquita maior da cidade de Lisboa em época islâmica, singulares no contexto nacional e relativamente raros no panorama europeu. De resto, já há anos que se conheciam vestígios deste período no claustro da Sé, não tendo, contudo, à época sido possível interpretá-los cabalmente. As imagens até agora divulgadas mostram vários compartimentos de grande monumentalidade, ocupando uma área e com um grau de preservação assinaláveis, tornando imperiosa a sua conservação e desejável a sua valorização.
Por outro lado, é impensável que um projecto de valorização de um monumento nacional, como é a Sé de Lisboa, destrua as suas preexistências. Em Portugal afirmou-se globalmente nos últimos anos o princípio da conservação pelo registo, em que os achados arqueológicos são eliminados de forma sistemática em operações de reabilitação urbana, de saneamento, ou da construção de equipamentos públicos, num equilíbrio sempre frágil entre a preservação do passado e as necessidades prementes do presente. No entanto, o caso presente é o de um projecto de valorização patrimonial, pelo que é paradoxal a eliminação de estruturas desta importância. É de rejeitar em absoluto a ideia de deslocalização dos vestígios, uma prática abandonada há muitas décadas pelas mais elementares normas internacionais. Não é igualmente sustentável que a preservação dos vestígios ponha em causa a integridade da Sé, tendo a engenharia mostrado, em vários pontos da Europa, as possibilidades de compatibilização em situações idênticas à presente. Em todo o caso, não sendo possível a valorização, é sempre viável o seu aterro, regressando-se à situação prévia à deste projecto garantindo, deste modo, a preservação destes achados singulares para gerações vindouras.
A academia está aliás, como sempre esteve, disponível para ajudar a encontrar as melhores soluções.»



sábado, 3 de outubro de 2020

Reportagem (por Lisboa)

Aborrecido, passeio
Pelas ruas da cidade.
Deixei agora o Rossio
E atravesso o Borratém.
Deu meia-noite pausada
No Carmo. Um amigo meu
Passa e tira-me o chapéu.
Páro a uma esquina. (…)
Junto à Praça da Figueira.
Corto a rua dos Fanqueiros
Já um pouco estropiado...
Acendo um cigarro. A noite
Lembra um fantasma assustado...
Chego ao Terreiro do Paço.
O arco da rua Augusta
Parece mais imponente
Na minha desolação...
Vou até ao cais. Em baixo
O rio bate sem reacção...
A maré vasa. No céu,
Vão-se apagando as estrelas.
(…) As águas do rio a escutar
Parecem adormecidas...
E o dia nasce! Vem triste,
Nublado, fosco, cinzento,
Enquanto pela cidade
A vida acorda e desata
O matinal movimento...

António Botto 


Andreas H. Bitesnich, Deeper Shades


sexta-feira, 2 de outubro de 2020

José Cardoso Pires

«Vivia como escrevia: no gume da faca, sem medo, com o rigor dos insatisfeitos. Reescrevia incessantemente as suas histórias, trabalhando ao milímetro a espessura e a luz de cada palavra.»

Inês Pedrosa

José Cardoso Pires nasceu a 2 de Outubro.

Almoço de homenagem a José Cardoso Pires, em 30 de Maio de 1964,
 por ocasião da entrega do Prémio Camilo Castelo Branco respeitante a 1963.
José Cardoso Pires está entre Sophia de Mello Breyner e Ferreira de Castro.
Óscar Lopes, que também nasceu a 2 de Outubro, faz o discurso.

«Cada romance tem as suas recordações à margem das aventuras que conta, cada um vais crescendo com o corpo e a voz do homem que o escreveu.»

José Cardoso Pires


O disco barroco da vaca

 2 de Outubro de 1970, era editada uma aproximação dos Pink Floyd ao estilo barroco.

Atom heart mother, o disco da vaca.



quinta-feira, 1 de outubro de 2020

If

Se

No Dia Mundial da Música.



Se

Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar –sem que a isso só te atires,
De sonhar –sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires

Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: “Persiste!”;
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais – tu serás um homem, ó meu filho!

Rudyard Kipling (1895)




A geração da contestatária

Mafalda era a menina sagaz  e incómoda que desarmava os adultos com as suas perguntas e as suas considerações.
Nos desenhos de Mafalda são muitas as referências implícitas (ou explícitas) aos grandes problemas da actualidade mundial e de ordem política e social. 
O seu criador: Quino.




Quino (Joaquin Salvador Lavado Tejón), argentino nascido em 1932, faleceu ontem, um dia depois de ter sido celebrado mais um aniversário da publicação das primeiras "tiras" da sua mais conhecida criação - Mafalda, a contestatária.

Se à data em que surgiu a primeira publicação (29 de Setembro de 1964), Mafalda já tinha 6 anos, significa que nasceu no mesmo ano que eu.