terça-feira, 5 de maio de 2020

A língua que mamei

A língua que mamei
é esta doce portuguesa
que me dizem fechada na boca mastigada
pela cárie dos pobres
e vai-se a ver cantante no meu beiço
como flauta de cana
vós chamareis-me o bronco da Europa
porém o jeito leve
na garganta o trilo modulado
quem há por essas raias eu pergunto
que melhor o conheça?
eu sou nesta canção igual que um pássaro
nem a crítica aceito
do latim vulgar estropeado
por um fundo ibérico malsão
cá vou dizendo tudo sobretudo
a alegria estes espantos
com o que tenho à mão, o coração

Fernando Assis Pacheco


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