quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

As avaliações imobiliárias à frente da cultura


Ontem, li que o Mosteiro de S. Salvador de Travanca (Amarante), fundado no século XII, será transformado num hotel de 4 estrelas por um investidor francês, vencedor do concurso de concessão do imóvel, no âmbito do programa Revive.
A concessão do imóvel para fins turísticos tem a duração de 50 anos, garantindo ao Estado uma renda anual de 27.618,00 euros.
O programa Revive é promovido conjuntamente pelos Ministérios da Economia, da Cultura e das Finanças.

Depois, li que o PCP tinha pedido a audição da Ministra da Cultura no Parlamento, sobre a eventual cedência de obras de arte do Estado (de museus nacionais) ao grupo hoteleiro Vila Galé.
As colecções incorporadas em museus nacionais apenas devem poder ser usadas, nos museus ou fora deles, segundo critérios museológicos e em termos temporários (e ainda aqui no âmbito de programas museológicos).
Hoje, leio que foi nomeado o novo Director-geral do Património Cultural, para chefiar uma equipa "constituída por uma complementaridade de diferentes competências e perfis adequados aos novos desafios", segundo o Governo.

Leio um post de Luís Raposo que "levanta uma lebre". Fui procurar o currículo de Bernardo Alabaça, o director em causa:
«Sub-director Geral da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF), ocupou anteriormente o lugar de Director-Geral de Infra-Estruturas do Ministério da Defesa Nacional com responsabilidades na gestão e rentabilização de património e desenvolvimento de acções de ordenamento do território e planeamento urbanístico. Foi director de desenvolvimento na Edifer Imobiliária e responsável pelo departamento de Desenvolvimento e Promoção Imobiliária na CBRE. Licenciado em Engenharia e Gestão Industrial pelo Instituto Superior Técnico, tem ainda uma Pós-Graduação em Análise e Investimento Imobiliário pelo CEMAF/ISCTE e uma especialização em Avaliações Imobiliárias.»
Tudo a ver com a cultura!... Cultura imobiliária. 

Como diz Luís Raposo, "Revive, Revive, Revive... Imobiliário, imobiliário, imobiliário..."
«(...) toda a DGPC foi entregue a um técnico do mercado imobiliário, que tem no currículo precisamente defender o Revive, a ponto de impedir que parte da Real Quinta de Oeiras fosse classificada como monumento nacional, para a poder ceder para exploração hoteleira por privados. (...) Custa a crer em tamanho despudor. Terão os deuses da governação ficado loucos? Tempos interessantes se avizinham e será bom começarmo-nos a preparar para eles.»


Olho para a foto e não me posso deixar de lembrar dos cartazes da Remax!
(desculpem o preconceito)


1 comentário:

  1. acho muito pertinente que coloque as suas dúvidas sobre a defesa do património
    um mosteiro fundado no seculo XII marco importante de história de Portugal e testemunho de tempos já muito antigos que precisam de dados palpáveis para serem estudados

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